quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

TARDE MUSICAL NO LAR DOS VELHINHOS

A música que traz remédio para alma...
Texto e fotos Adriano da Rocha

  Música que traz conforto a alma e a cada tom musical um sentimento diferente ao ouvinte, que viaja aos acordes das melodias. Para trazer este remédio à alma proporcionado pela música, um grupo de amigos desde 1994 traz a alegria de seus acordes para pacientes e internos do lar dos velhinhos de Cosmópolis, o Lar dos idosos Irmã Rosália. O grupo hoje formado pelos músicos Sebastião Caetano, José Vakula, João Bocaiuva, Joventino e Ventura, apresenta-se mensalmente no lar dos velhinhos, e a atração é uma das mais esperadas pelos idosos, que recebem os visitantes musicais sempre com uma grande festa, com direito a bolo, salgados, café quente e refrigerantes. Segundo Rosana Lúcia dos Santos Mendonça assistente social e coordenadora do lar dos idosos, o momento musical criado de maneira voluntária pelos músicos traz inúmeros benefícios aos idosos: “Aproveitamos a visita musical para comemorar os aniversariantes do mês, fazemos um pequena festinha e cantamos parabéns para cada um dos aniversariantes. A música é um remédio para eles, e os benefícios desta medicação podem ser vistos nos rostos de cada um deles, o sorriso, os olhinhos brilhando, é algo maravilhoso e sem explicação o que a música traz aos velhinhos”.

Da esquerda para a direita os músicos: Sebastião Caetano, Zé Vakula, Joventino, João Bocaiuva e Ventura , interpretanto a valsa  do cancioneiro Paulista "Saudades de Matão".
  O grupo musical formado por aposentados entre os 60 e 80 anos de idade, se apresenta no lar dos idosos todas as sextas de cada mês, a entrada é livre para todos e muito bem vinda, o bailinho tem inicio às 14:00 hrs e vai até às 16 horas. O repertório é escolhido pelos próprios músicos, atendendo pedidos dos fiéis ouvintes que acompanham a apresentação, no repertório dobrados, polkas, mazurcas, xotes, e clássicos da música caipira Paulista, sendo as modas caipiras as mais pedidas, não podendo faltar clássicos como a valsa Saudades de Matão, Limpa Banco, Chalana e o bolero caipira "Só para você", bolero de autoria do Palmeira e Mario Zan, que foi um grande sucesso em nossa região na década de 50 cantado pelo Duo Irmãos Vieira, formado por Zito Vieira e Mariazinha Vieira avó da dupla Sandy e Junior. A chegada dos músicos e os primeiros acordes é motivo de festa para os idosos, que chegam animados para acompanhar a audição musical, os olhos brilham de emoção, e o sorriso de alegria vem fácil no rosto cansado. "O remédio musical não é para eles é para gente também, faz um bem danado. É maravilhoso através da música levar um pouco de alegria para quem tanto precisa nesta fase da vida". Diz Zé Vakula um dos músicos do grupo.



Sebastião Caetano e Zé Vakula em um dueto de sanfonas no dobrado Cornélio Pires.
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Novas instalações do Lar dos idosos na Rua Presidente Getúlio Vargas.
  O lar dos idosos Irmã Rosália desde Setembro de 2012 funciona em novas instalações na Rua Presidente Getúlio Vargas, (uma rua abaixo da Rua Baronesa Geraldo de Rezende, vizinho aos fundo do novo Bosquinho), um prédio construído com auxilio de toda a cidade e do poder público e privado, uma área de 2490 metros quadrados, com 1100 metros de área construída. As construções ainda não terminaram, e ampliações futuramente serão realizadas para acomodar mais idosos.’’ O espaço físico atual comporta confortavelmente todos os idosos, mas com o crescimento da cidade a tendência é o aumento dos internos, muitas famílias hoje têm dificuldades em cuidar de seus idosos, uma tarefa que exige preparo e conhecimento, já que cada idoso tem uma necessidade diferente” diz Rosana Mendonça coordenadora do Lar dos idosos. O Lar que existe em nossa cidade a mais de 55 anos é uma instituição de acolhimento asilar, voltado aos munícipes de Cosmópolis, sendo este um dos critérios para se conseguir uma vaga no asilo, que conta hoje com cerca de 14 idosos internos, com idades entre 70 anos a 90 anos de idade. Sem fins lucrativos o Lar atende idosos inválidos e desabrigados, oferecendo total atendimento profissional, moradia, alimentação e assistência médica e odontológica . A ênfase maior do Lar não são as internações, mas o auxilio e medição as famílias, que na maioria das vezes apenas precisam de uma ajuda nos cuidados com seu idoso, está mediação evita as internações desnecessárias, e o convívio com a família é algo muito importante para o idoso no seu tratamento. Alguns ficam no Lar durante o dia, recebendo medicação e todo o tratamento necessário, e a noite voltam para casa com sua família, essa ajuda feita pelo Lar dos idosos é algo de extrema importância evitando a ruptura com os vínculos familiares, e garantindo o tratamento do idoso.


Quer ser uma amigo ou amiga  do Lar dos Idosos irmã Rosália? Faça uma visita e participe deste projeto você também.
 
Lar dos Idosos Irmã Rosália
Rua Presidente Getúlio Vargas, 678 – Centro, e o telefone é: 3872 2525.


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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

A NOITE DAS ÁGUAS

GRANDE ENCHENTE DE 1970
Texto e Fotos Adriano da Rocha
Casa das máquinas da Usina Esrer na manhã do dia 25 de Fevereiro.
  A noite de 24 de Fevereiro de 1970 ficou marcada na história de Cosmópolis, como a noite da maior enchente de nossa história, foi à noite que mais choveu desde a grande enchente de 1929 (14/01/1929). A cidade amanheceu em pânico e grande parte da Usina Ester ilhada com a derrubada de três grandes pontes sobre os rios Jaguari e Pirapitingui, colonos da Granja e demais colônias ficaram sem acesso a Usina e a cidade com o desmoronamento das pontes levadas pelas águas dos rios. No bairro do Baguá, atual Bela Vista, muitas casas da Rua Coronel Silva Teles tiveram seus quintais e até mesmo as casas em alguns pontos invadidos pelas águas do Ribeirão Três Barras. Nos bairros do Nova Campinas e Núcleo Campos Salles os prejuízos foram vários, desabamentos de casas a perda de lavouras inteiras. A manhã do dia 25 de Janeiro foi de prejuízos materiais em toda cidade e principalmente na Usina Ester onde maquinários foram queimados. Uma data que ficou marcada na memória de muitos cosmopolenses, como a noite das águas.


Ponte sobre o Rio Jaguari uma semana antes da grande enchente, que na madrugada do dia 24/02 destruiu totalmente a ponte.




  Os últimos meses do ano de 1969 ficaram marcados em todo o estado de São Paulo como meses de uma grande estiagem que teve inicio em grande parte do estado no final do mês de Setembro. Em Cosmópolis o clima seco era insuportável e a falta de chuva já alarmava a cidade, agricultores contabilizavam os prejuízos nas lavouras de várias culturas, principalmente na cana de açúcar que na cidade de Cosmópolis era o carro chefe do setor agrícola, setor que movimentava a cidade financeiramente na época. O ano de 1969 terminava, e o mês de Janeiro começava trazendo esperanças aos agricultores com uma pequena chuva no dia 11, a chuva cessou no dia 12 e continuou forte até o dia 17, quando em 18 de Janeiro às águas dos rios Jaguari e Pirapitingui já mostravam suas forças e o inicio da grande enchente, técnicos da Usina Ester já alertavam a prefeitura. O nível do Rio Jaguari chegava a 4 metros acima do normal do mesmo período no ano de 1969. Na manhã do dia 19 de Janeiro as chuvas eram fortes, um homem caiu com sua charrete da ponte do Rio Pirapitingui , o cavalo morreu na hora, e o homem foi levado em estado grave ao hospital das clinicas em Campinas no distrito de Barão Geraldo.

Ponte sobre o Rio Jaguari em Setembro de 1969 na época de estiagem.
 Abaixo fotos da mesma ponte em registros feitos entre os dias 17 e 18 de Fevereiro de 1970




 A força das águas do Rio Pirapitingui foi tamanha que destruiu uma parte do famoso Paredão, e trouxe pânico aos moradores de colônias próximas à represa do rio. Algumas casas das colônias do Jaguari foram invadidas pelas águas, e  casas da colônia do Ranchão tiveram seus telhados desabados pela força das chuvas que eram incessantes e diárias. A Usina estava em alerta, os rios subindo metros em poucas horas pela intensidade das chuvas, no céu imensas nuvens de chuva se formavam entre os pequenos intervalos de calmaria, que logo eram interrompidos por fortes chuvas. A cana que nos meses da estiagem não crescia, nas semanas da enchente cresceram mais de dois palmos, cana adora água, e para os canaviais o período das águas foi de fartura, ao contrario para os moradores e funcionário da Usina Ester que narram as semanas da enchente como um período que ficou marcado pelo pânico e lembrado por muitos colonos como o “fim do mundo”. Abaixo alguns trechos do diário da Usina Ester sobre a enchente de 1970, recolhidos do livro de 100 anos de história da empresa.


13h00 horas – “Chuva, chuva, chuva, não quer mais parar. Parece que iremos voltar a 1929, nunca choveu tanto assim, a cana cresceu nas últimas horas um palmo, vamos ter safra de oito meses. Às 13 horas do dia 22, o Sr Ebeling dá ordens para preparar todas as talhas existentes na Usina Ester, e prepara-las para o pior. Em caso de perigo vamos usá-las para levantar as maquinas da casa de força”.
 
“A pinguela sobre o rio não resistiu mais, o rio subiu 70 cm em menos de 4 horas, e outra forte pancada de água a cair. Vai mesmo voltar 1929, precisamos prever o impossível. Às 14h30min o senhor Maia chega a Usina pedindo apressadamente cordas e câmaras de ar para salvar um homem que caiu da ponte do Pirapitingui”.
 “As noticias na região são alarmantes. O Dr. Paulo Neto colocou um jipe à disposição do prefeito de Cosmópolis para que ele possa verificar situação geral do município. ”

“ Às 15h30min horas. O senhor José Toledo vem correndo da repressa dizendo para providenciar imediatamente pessoas com ferramentas e sacos vazio para fazer uma barragem lá. O paredão corria o risco de desmoronar. Gente trabalhando a todo lado, quando chega noticias da casa de força, faltava menos de 1.60 metros para a água invadir o salão das maquinas. A situação está perigosa. ”

“ Às 19h00. Está escuro mais os serviços na ponte continuam. Na casa de forças faltam 1.40 para a água entrar. O senhor Ebeling dá a seguinte ordem: no momento em que faltar 1 metro vamos parar os geradores e iniciar os trabalhos para levantar as maquinas. Chamou o senhor Carlos Capraro e informou a respeito, ele deve comparecer com todos os carpinteiros. O Dr. Paulo Neto foi até a represa e ficou impressionado com, faltavam menos de 1,26 metros para às águas invadirem a casa de força.”.


Represa do Rio Pirapitingui (Paredão) em registro feito na primeira grande enchente de 1929


 A enchente de 1970 ficou marcada na história de Cosmópolis e principalmente na história da Usina Ester, a força das águas trouxe inúmeros estragos e prejuízos para empresa, o rompimento de barragens, a destruição de pontes, e a perca de maquinários danificados pela invasão das águas nos barracões da Usina, algo nunca imaginado que poderia acontecer devido à altura das instalações. A força das águas foi algo monstruoso e sempre narrado pelos antigos moradores que vivenciaram o poder de força das águas com palavras de medo e aflição, como escrito no inicio da postagem o “fim do mundo”. No paredão nos dias de hoje ainda pode ser encontrado alguns pedaços do rompimento das barragens, que destruiu uma parte do local. Também em alguns trechos do Rio Jaguari que cortam as terras da Usina Ester, ainda existem destroços das pontes destruídas pela força da enchente, e no local conhecido como “Poção” às vigas de tijolos e pedras que serviam como alicerce para ponte levada pelas águas, uma construção do final do século 19, que ligava as terras da Usina a atual cidade de Americana.

Registro fotográfico feito no dia 25 de Fevereiro depois da destruição da ponte pelas águas do Rio Jaguari.
2013..Destroços da antiga barragem do Paredão no Rio Pirapitingui, a força das águas foi tamanha que destruiu a casa de força e uma grande parte da estrutura do paredão.