sexta-feira, 30 de outubro de 2015

HALLOWEEN EM COSMÓPOLIS


  No país dos “modismos”, onde tudo é lindo visto de longe, eis que chega o “Dia das Bruxas”. Uma “criançada”, daquelas da calça baixa e cueca alta, membros da irmandade “manos e minas”, se vestiu de monstros e saíram pelas ruas de Cosmópolis. Cabulosamente fantasiados, seguindo a tradição americana do Halloween, pediam doces nas casas para acalmar os “espíritos do mal”. Em uma casa, depois de muito tempo esperando, o receoso proprietário resolveu sair e abir o portão. Ao serem atendidos falaram a celebre frase tão ouvida nos filmes de Hollywood: Doces ou travessuras?
  
  O senhor calmamente respondeu: “Bem meninos, o Brasil está em crise. O dólar subiu o açúcar também, e para não ser demitido, o patrão diminuiu meu salário. Estou adoçando o café com as balas que recebi de troco na padaria. Fora a crise, o dólar, existem as leis brasileiras. Se eu der algum doce a vocês, poderão dizer que estou usando os doces como troca de algum favor sexual. No final poderei ser preso como pedófilo, e virar Maria no cadeião de Hortolândia, por isso nada de doces”.
   
  A “criançada”, ou monstrinhos, responderam: “Então é assim tiozim!! Se tu não der os doces à gente vai fazer umas travessuras aqui, tendeu maluco? Tipo assim playboy, quebrar toda a sua casa, e fazer um limpa nos seus bagúio, e não vamos ser presos por que “semu di menor”. E aí que tu prefere tiozin, doces ou travessuras??.... Por essa e por outras, que esse tal de Halloween não vai dar muito certo no Brasil.

ZÉ Lindo

domingo, 18 de outubro de 2015

CORREIO POPULAR RELEMBRA A FUNILENSE


    Edição deste domingo (18) da Revista Metrópole, exemplar especial do Jornal Correio Popular de Campinas. Publicação que fui entrevistado pelo jornalista Rogério Verzignasse, na sua famosa coluna Baú de Histórias. O amigo das letras e prosas conta um pouco da história do meu acervo particular, criado em 1993 com meu pai Juvenil da Rocha, com destaque para as páginas a Companhia Carril Funilense. O assunto é bem extenso, mas foi muito bem resumido. Em um misto com fotos do meu acervo, uma viagem pela história e os trilhos de uma das mais importantes ferrovias do Brasil, hoje praticamente desconhecida por muitos.

  Obrigado ao amigo Rogério, ao fotografo Leandro Ferreira, e toda equipe do Correio Popular, pelo reconhecimento e atenção a este trabalho de amor pela região metropolitana de Campinas, em especial a minha cidade Cosmópolis. Energia, positividade das boas para continuar com o coração vibrante com essa paixão pela cultura e raízes da nossa terra.
Segue o link aos amigos para visualizar a versão digital da entrevista:


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segunda-feira, 5 de outubro de 2015

117 ANOS DA CIA FUNILENSE

Texto e foto Adriano da Rocha


     Em 5 de outubro de 1898, uma terça-feira, há exatos 117 anos, oficialmente era inaugurada pela Companhia Carril Funilense, a Estação Barão Geraldo, que futuramente em 1905, mudaria o nome para Estação Cosmópolis. O progresso era proclamado na pequena povoação, que nascia às margens da linha da companhia, sendo anunciada na região como a “Nova Campinas”.

  Porém, as linhas de ferro chegaram antes, em 1890, com o inicio da criação da Companhia nas terras da Fazenda do Funil, o nome da Cia uma alusão à famosa fazenda da família Barbosa. Um projeto audacioso e pioneiro de seis campineiros, os fazendeiros João Manuel de Almeida Barbosa (Proprietário da Fazenda Funil- atual cidade de Cosmópolis), Barão Geraldo de Resende (Fazenda Santa Genebra), João Batista de Barros Aranha (Fazendas Itapavussu, Saltinho e interventor de Campinas -prefeito) Francisco de Paula Camargo (fazenda São Bento- atual cidade de Paulínia) José Guatemozin Nogueira (fazendeiro e comerciante) e José de Salles Leme (Fazendeiro). Um sonho que nasceu em um almoço na sede da Fazenda Funil, localizada há 120 anos, onde hoje são as instalações da Usina Açucareira Esther, demolida em 1896 para a construção da Usina.

   A estação Barão Geraldo, construída em tijolos aparentes, relembrava as construções inglesas do período industrial europeu, um projeto do renomado “Escritório de Arquitetura e Engenharia Ramos de Azevedo”, feito sob encomenda do Barão Geraldo de Rezende, primeiro presidente da Cia Funilense, e do Fazendeiro Francisco de Paula Camargo, primo do renomado arquiteto. As estações seguiam um padrão único em todas as “baldeações”, tijolos aparentes bem queimados, produzidos em pequenas olarias próximas da construção. No caso da Estação Barão Geraldo (Cosmópolis), na região da antiga Biquinha, atual Rua Baronesa Geraldo de Rezende, onde hoje existe o Bosquinho. Na olaria trabalhavam “ex escravos” alforriados, que na atual Rua Coronel Silva Telles, com as sobras dos tijolos e telhas da construção da estação, edificaram uma pequena vila, apelidando o local como Rua dos pretos.

   A estação seguia um padrão novo para época na sua edificação, os tijolos eram assentados com cimento importado, algo único em tempos de construções de taipa misturadas com barro e esterco de bois. O madeiramento dos dormentes das linhas, ornamentos da construção e bases do telhado, era extraído das enormes matas dos recém criados Núcleos Coloniais, chegando por carros de bois, vindo de uma antiga serraria de alemães que hoje é bairro rural da Serra Velha.
   Do escritório central da Funilense, a Estação Guanabara, atual Mercadão de Campinas, saiu uma grande comitiva para a inauguração das estações de José Paulino (atual cidade de Paulínia) e Barão Geraldo (cidade de Cosmópolis). O percurso entre a Estação Guanabara à Estação José Paulino foi de cerca de 4 horas, isso mesmo quatro horas de viagem entre Campinas e Paulínia, algo feito nos dias de hoje, no máximo meia hora.

  Ao inaugurar à Estação José Paulino, a comitiva seguiu no trem Número 01 da Funilense, rumo a Estação Barão Geraldo.
Uma enorme delegação de ilustres passageiros, muito bem acomodados nos vagões especiais da linha Funilense, os famosos vagões da classe A, “apiava” na nova Estação.

  Nos luxuosos vagões, os presidentes e sócios da Funilense, Barão Geraldo e a Baronesa Maria Geraldo de Rezende, Coronel Silva Telles, João Manuel de Almeida Barbosa (proprietário da Fazenda Funil), presidente da Câmara de vereadores de Campinas, João Batista de Barros Aranha; acompanhados do interventor de Campinas Francisco Glicério, José Paulino Nogueira e seus irmãos Sidrack, Major Arthur Nogueira, Luiz Nogueira, e Paulo Nogueira e esposa Esther Nogueira e família (proprietários da Usina Esther), representantes do presidente Campos Salles, em grande comitiva, formada por senadores, governadores e ministros, como o senhor Alfredo Guedes, Ministro da Agricultura, o Senador Adriano de Barros Vieira Bueno; entre embaixadores suíços e alemães que iriam conhecer os recém criados Núcleos Colônias Campos Salles e Santo Antônio, em destaque o Consul Cesar Bierrenbach e o ministro alemão Dr. Eschke.

   A Estação Barão Geraldo estava em festa, toda enfeita com bandeirolas e flores, carinhosamente ornamentada pelos moradores do pequeno vilarejo. Entre pequenos sitiantes, fazendeiros, caboclos e capiaus descendentes dos primeiros bandeirantes paulistas, muito imigrantes de várias nacionalidades, italianos, libaneses, espanhóis e portugueses, o os recém-chegados imigrantes suíços e alemães. Povos entre povos, culturas, sotaques, idiomas, tudo misturado aguardando ansiosos a chegada do progresso, tornando a Estação em uma verdadeira cosmopolita, um prefacio do que seria o seu nome anos mais tarde, o universo em cidade.

   Uma pequena missa campal foi celebrada no antigo recreio dos Bandeirantes, local onde hoje é a Praça do Coreto, secular caminho aberto pelos Bandeirantes, que ali repousavam para “criar” forças para seguir as “picadas” rumo a Limeira e Piracicaba. Autoridades religiosas abençoavam liturgicamente, cada um com seu modo peculiar da sua doutrina Cristã, as instalações da Estação. Em um ato ecumênico, Luteranos e Católicos, junto a Presbiterianos, rogavam a Deus para abençoar, abrindo os caminhos ao progresso nas terras da futura cidade de Cosmópolis, berço da primeira Companhia Agrícola Carril do Brasil, a lendária Funilense.

   Passados 117 anos da sua fundação, da pioneira e progressista Funilense, resta apenas a velha Ponte de Ferro, usada como “trampolim” de votos em época de eleição e, como fuga do famigerado pedágio; e o velho trenzinho canavieiro, exposto ao lado da casa do povo, a casa de leis de Cosmópolis, a Câmara do Vereadores. O trenzinho é o vergonhoso espelho da atual situação política e administrativa da cidade, usado como abrigo de “vagabundos” e biqueira de drogas. Foi queimado por um usuário de entorpecentes, que em uma noite de frio “ascendeu” uma fogueira dentro do pavilhão histórico, destruindo parte da sua estrutura de ferro forjado na Inglaterra.

   Nesta manhã estive no velho trenzinho com a  uma equipe  de reportagem , para uma matéria  especial contando a história da lendária linha Funilense. Presenciamos um senhor de meia idade, dormindo em um velho colchão dentro do trenzinho. Visivelmente alcoolizado, estava envolto de fezes humanas e animais, um cheiro indescritível e insuportável. No velho trem, testemunha da história de uma região e seu povo, muita sujeira gerada pelo uso de drogas e , mato alto cobrindo suas engrenagens enferrujadas.

  Tristes sinas do descaso com um dos únicos patrimônios oficialmente pertencente ao povo cosmopolense. Doado pela Usina Esther em 1997, para marcar o local como a Praça dos Ferroviários, com o trenzinho exposto como um símbolo do progresso da cidade considerada no passado a Nova Campinas Paulista.

  Hoje o trenzinho canavieiro da Funilense é o símbolo maior da decadência de uma cidade, e a vergonhosa incompetência politica de Cosmópolis, e ainda mais vergonho,hoje é a marca expressiva da omissão do povo da cidade de Cosmópolis. Sua marca vergonhosa por não lutar por sua terra, honrando o passado para a gloria no futuro.

Viva ao passado, lembrando a nossa história. Muitas preces, orações e muita fé para mudarmos o triste presente no futuro...