terça-feira, 30 de janeiro de 2018

SAUDADE MANDOU RECADO

DIA NACIONAL DA SAUDADE
2011 Cemitério Municipal da Saudade-Entre sepulturas seculares,  o caminho segue até o cruzeiro das almas.  Foto Adriano da Rocha

 No "Dia da Saudade", 30/01, a saudade é de uma Cosmópolis que perdeu-se no “progresso”, onde o inevitavelmente destino, mudou os endereços de queridos filhos.

As ruas, avenidas e bairros, ainda existem, são marcadas eternamente por seus saudosos moradores. Em casas, comércios, igrejas, clubes, espaços públicos, permanecerão lembranças marcantes dos antigos habitantes.

Figuras populares, alguns notoriamente conhecidos em toda cidade, outros, lembrados somente em seus bairros. Construtores da nossa história, unidos em um novo endereço.

O espaço é amplo, endereço único, dividido em quadras na Avenida Aracy da Silva, Parque das Laranjeiras.

Este endereço, nas várias fases da existência cosmopolense, faz parte da nossa vida, e fatalmente, será nosso endereço na morte.

Quando um dia, cruzar sozinho as avenidas da Saudade e Aracy da Silva, com certeza eu voltarei.
O dia, que amigos me levarem na última curva da existência cosmopolense, onde vida e morte encontram-se, não voltarei jamais ao meu antigo endereço.

A alma, sentirá saudades de novamente caminhar por Cosmópolis, já o corpo, repousará feliz, quando a terra que nasci cobrir o meu ser. O descanso eterno ao filho da terra, envolto das terras cosmopolenses.

A morte é a única certeza da vida, rico ou pobre, até tentam contrariar, nunca mudar este destino, pré determinado quando nascemos.

As lembranças são nossos refúgios, amparo das dores, um jeito de eternizar nos corações, quem mudou seu endereço, deixando aos remetentes como único destinatário, a saudade.

Aos amigos, muitas lembranças cosmopolenses, nesta data consagrada nacionalmente as nossas saudades...

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terça-feira, 23 de janeiro de 2018

REATIVAÇÃO DOS CHAFARIZES DA MATRIZ

SEM MANUTENÇÃO E ÁGUA,  FONTE ESTAVA DESATIVADA HÁ QUASE 3 ANOS
 Projeto urbanístico criado por Beto Spana, completa 28 anos
Foto Alex Coimbra Di Sacco

Sem manutenção e com graves avarias, chafarizes estavam desativados desde 2015
 Depois de quase 3 anos desativado, devido a inúmeros problemas decorrentes da falta de manutenção, voltam a funcionar os chafarizes do Largo da Matriz. Pertencente ao patrimônio municipal, os chafarizes receberam melhorias nas tubulações, parte elétrica dos motores, e completa limpeza e restauro das estruturas.
Localizados na Praça Paulo de Almeida Nogueira, fronte a Igreja Matriz de Santa Gertrudes, desde sua criação em 1990, os chafarizes completam os atrativos do Largo. Um dos destaques do local, reconhecido como principal referência cosmopolense na região


HISTÓRIA SECULAR
1957- Restruturação do largo da Matriz, entre os destaques, a  criação de dois chafarizes tulipa, expostos em cada lado da Rua Santa Gertrudes. Ao fundo, no lado direto da foto, repare o antigo cruzeiro do Largo, edificado nas obras da primeira Matriz de Santa Gertrudes. Foto acervo Grupo Filhos da Terra (José Honorato Fozatti)
Com 118 anos de inúmeras histórias, a popular "Praça da Matriz", surgiu as margens de um cruzeiro construído nas imediações. O símbolo católico, demarcava o início das obras da primeira Igreja Matriz, projetada e construída, pelo Escritório Ramos de Azevedo, na supervisão do grupo Dumont Villares.

A antiga Igreja, edificada em homenagem a Gertrudes Eufrosina Nogueira, matriarca da família Nogueira, recebeu sua primeira Praça oficial em 1915. Somente em 1956, surgiria os primeiros chafarizes, os icônicos tulipas. Idênticos, em tamanho e modelo, ao extinto chafariz da Praça Major Arthur Nogueira, Praça do Coreto.

Depois de muitas reformas, restruturações e novos projetos urbanos, em 1990, a Praça era totalmente reconstruída. O novo projeto assinado pelo arquiteto Beto Spana, trazia novos traços a histórica praça.
A Rua Santa Gertrudes, que nascia nas escadarias da Igreja, era desativada. No centro, onde cruzava a rua, nascia o atual chafariz. Acompanhado as novas linhas arquitetônicas dos bancos e jardins.
As potentes bombas, responsáveis pela circulação das águas, ao receberem os refletores multicores, criavam cores únicas refletidas nas águas. Contrastando na paisagem noturna da Praça.

MANUTENÇÃO E PRESERVAÇÃO 
Quem nunca ficou horas admirando os chafarizes da Matriz!! Comendo um “cachorro quente do Dada”, comendo um churros, saboreando sorveres, ou simplesmente conversando com amigos. Lugar de memórias e histórias, símbolo de gerações.

Parabéns aos responsáveis pela reativação deste cartão postal. Esperamos que a manutenção e preservação deste ponto, continuem !!!
#MuitoMaisSobreCosmópolis
Foto Alex Coimbra Di Sacco

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

LUTO COSMOPOLENSE: ADEUS DARTÃO


Desta vez não é boato!!! 
 Uma das figuras populares mais lendárias de Cosmópolis, realmente faleceu. Aos 59 anos de idade, morre Adalto José Ramos, o famoso Dartão da Prefeitura.

Texto Adriano da Rocha
Fotos Thiago Bonatto/ acervo familiar

  Há anos, Dartão lutava contra vários problemas de saúde, decorrentes da obesidade, às 11h00 desta segunda-feira (22), não resistindo a inúmeras complicações, faleceu por problemas respiratórios.

VELÓRIO E SEPULTAMENTO
O corpo, aguarda aos amigos para última despedida, no Velório Municipal. O sepultado, acontece na terça-feira (23), sendo realizado às 9h00, no Cemitério da Saudade.

ETERNA CRIANÇONA COSMOPOLENSE
Em 1958, nascia na extinta Colônia Pitangueiras, o menino Adalto. O médico da Usina, com seus incontáveis anos no oficio, garantia ao casal João Ramos e Dona Maria Carlota: “Esse menino não vai “vingar”. Irá viver, no máximo, dois anos de uma vida bem sofrida”.

Com os dias marcados, a criança nascia lutando contra seu próprio destino, determinado pelo experiente médico. Sem condições até para pagar o médico, o tratamento e remédios seriam impossíveis, uma famosa benzedeira de Cosmópolis foi procurada.

Dona Dita benzedeira, fez sua parte, com garrafadas de ervas, fumacê e muitas orações. Confiantes em Deus, os pais, entregaram ao Criador o destino do menino.

Adalto nascia lutando contra a vida, contrariando imposições, cresceu, envelheceu e viveu, resistindo aos padrões da sociedade.

O seu porte, sempre gordinho, adorava um prato cheio, mudava seu nome para Dartão. Adalto, somente quem chamava era Dona Carlota, quando gritava aos outros filhos: “venha logo armoçá, o Dartão já está na mesa”.

Crescia brincando pelas colônias, correndo entre os carreadores, fazendo traquinagens nas águas do Jaguari e Pirapitingui. Não tinha malícia, suas travessuras, esconder roupas de banhistas, assustar o pescador que distraído dormia na barranca, era só risada. Ele mesmo dizia: “Leve a már não, é só pra dar risada”.

Cresceu, virou homem, mas continuou com a inocência de um menino. Semelhante a uma criança, era extremamente inquieto e teimoso. Quando provocado na maldade, ficava muito nervoso, principalmente, quando lhe chamavam pelo nome de algum ex prefeito. Esbravejava, xingava erguendo os braços, e minutos depois, tudo esquecia.

DARTÃO DA PREFEITURA
Apesar das várias restrições geradas pela obesidade, nunca os limites do corpo, impediram sua coragem para trabalhar.

Dartão foi engraxate, sorveteiro, vendedor de frutas e verduras dos quintais da Usina, sucateiro, e ajudante da família nos trabalhos na Usina.
Como ele dizia “até tentei cortar cana, apanhar algodão e laranja, mas o serviço não rendia. A barriga não ajudava”.

Na Prefeitura Municipal de Cosmópolis, encontrava sua vocação, quando foi contratado no fim dos anos de 1970. Sua função, ajudante de serviços gerais, trabalhando na limpeza, jardinagem, coleta de lixo, pintura de guias, servente de obras, o faz tudo do patrão.

Fazia é claro, do seu jeito, com suas limitações, mas fazia o serviço sem reclamar. Tinha a garagem municipal, como uma extensão da sua casa. Impossível, contar a história da prefeitura municipal, sem citar o Dartão. Figura presente em várias fases da construção da cidade de Cosmópolis, personagem ilustre, esquecido por livros e “pseudos intelectuais”.

GARGALHADAS E BORDÕES
Sempre sorridente, conversava sobre todos os assuntos, até assuntos que não sabia, e dando suas inimitáveis gargalhadas. Inusitadas e marcantes como sua voz.

Quem não gostava muito das suas gargalhadas, era o público do cinema. Local que frequentava desde criança, quando vendia sucata e fazia de tudo, juntando um dinheirinho, para ir ao “Cine Theatro Avenida”.

O velho Hardy Kowalesky, proprietário do Cinema, já advertia: “controla a risada Dartão”. Nada adiantava, o homem com espírito de criança, sorria das peripécias do Mazzaropi, ria das tiradas de Oscarito, e gargalhava ao ver as cenas das maliciosas chanchadas.

Assim como sua voz, a gargalhada era ainda mais potente, surgia espontaneamente, ecoando na bilheteria. O saudoso “Ferruccio pipoqueiro”, cochilava esperando terminar a sessão, acordava assustado com as gargalhadas do Dartão.

Riso puro, sua marca maior, na verdade quem ria, era seu coração

Sua voz era inconfundível, timbre único, assim como seu jeitão de falar, cheio de bordões inesquecíveis, como o famoso: “Oh rapái, oh rapái!!!”

Este “Oh rapái”, ou “oh rapa”, era seu modo especial de cumprimentar a todos. E como gostava de saudar os amigos, conhecia a cidade inteira, como também, era muito conhecido.

DARTÃO VEREADOR
Sua popularidade era tanta, que oportunistas políticos, cogitavam sua candidatura ao cargo de vereador. Dartão não aceitou, dando risada dizia: Oh rapái, oh rapái, isso não presta não”.

E como exercer um cargo superior, simples, estudou o básico que sua paciência permitiu. Não tinha estudos, mas foi doutor em fazer amizades. Todos eram seus amigos, até quem lhe maltratava.

Nos tempos do Regime Militar, soldados o taxaram como agitador e arruaceiro, por suas risadas e comemorações, na vitória do seu idolatrado Corinthians.

Detido, foi cruelmente torturado, por maldade dos soldados. Afinal, qual desordem tão grave, poderia fazer o Dartão!!

Para não deixar marcas das torturas, “malvadezas” na verdade (este é o nome correto), bateram nas solas dos seus pés. As sequelas, deixaram o inocente Dartão, meses de cadeiras de rodas, revoltando toda cidade.

ETERNAMENTE NAS MEMÓRIAS COSMOPOLENSES
Dartão era "corinthiano roxo", mas nunca dispensa um presente. Até mesmo um kit do São Paulo. Foto Acervo familiar

 Como esquecer do Dartão nos eventos esportivos, principalmente nas corridas e caminhadas. Sempre na metade do percurso, ele voltava de ambulância, dando risada e falando mais alto que a sirene, a qual feliz, ele fazia questão de ligar.

Nos carnavais de rua, fazia sua festa particular entre os foliões. Eterno Rei Momo, eleito pelos cordões da Avenida Esther, aclamado como imperador da folia nos blocos da Usina. As lendárias Festas da Cana, tinham o Dartão como seu mascote, divulgando a festa por onde passava.

Sua alegria, o jeitão bonachão, eram o símbolo maior de todas as festividades populares de Cosmópolis.

Há tempos, as ruas cosmopolenses, não ouviam sua voz de trovão e as gargalhadas marcantes. Dartão estava recluso em sua casa na Rua Concordia, onde era ainda mais popular, que o famoso Clube 30 de Novembro. A obesidade e inúmeros dificuldades de saúde, impossibilitavam suas peregrinações na cidade.

Quando aposentou, devido aos problemas físicos, mudou seu ponto de cartão da prefeitura, para o Bar dos Tergolinos, e a extinta muretinha do Banco Banespa.

Com muitas dificuldades, descia o morro caminhando a passos lentos, trazendo nos bolsos dezenas de balas. Nos comércios, caixas de bancos e onde encontrava uma moça bonita, entregava uma balinha. Sempre simpático dizia “Essa é só pro cê tá!!!”

ADEUS DARTÃO!!!
Viveu resistindo as maldades do mundo, principalmente as feitas contra ele. As suas maiores maldades, nunca foram para o próximo, mas sim, a si mesmo.

Encontra agora seu descanso, a cura para suas dores. Viveu em paz, tinha alma limpa, parti deste mundo, com sua missão cumprida.

Aos familiares, em nome do povo cosmopolense, os sinceros sentimentos. Assim como Deus está com Dartão, tenham certeza, nosso Criador lhes abençoam neste triste momento, com sua misericórdia.

Como dizíamos ao ouvir sua voz, assim digo ao onipotente: “Deus, lá vem o Dartão!!! Cuida dele aí pra nós” ...

Texto Adriano da Rocha
Fotos Thiago Bonatto/ acervo familiar



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sábado, 20 de janeiro de 2018

BAILE DO HAVAÍ E BAILES DAS SAUDADES...

1982/ Famoso Baile da Banda do Brejo, precursor do Baile do Havaí. Um dos bailes mais lembrados da história dançante cosmopolense. A Banda do Brejo, fez história em inúmeros bailes e festas cosmopolenses, sempre contratada em grandes eventos da cidade. Texto e foto Adriano da Rocha
Seguindo uma tradição de quase 30 anos, acontece neste sábado (20), o “Baile do Havaí 2018”, no Cosmopolitano Futebol Clube. Há anos, o “Baile do Havaí” é o maior evento dançante de Cosmópolis, sendo o principal destaque do calendário de festas municipais.

Atualmente, o Baile do Havaí, é nossa única referência de grandes festas dançantes na região. Crises, mudanças de costumes, a invasão do “novo” destruindo o “velho”, e principalmente a falta de respeito e comprometimento com nossas tradições, extinguiram muitas festas cosmopolenses.

No passado, nosso calendário de bailes tinha uma lista extensa, sendo impossível classificar qual era o Baile mais famoso, todos reuniam multidões de “bailantes”. Tradicionais festas cosmopolenses, disputadíssimas, aguardadas ansiosamente em toda região. Quem conhece sabe, cosmopolense sempre gostou de bailar, principalmente organizar grandes bailes.

BAILE ALVIVERDE (COSMOPOLITANO)
O jornal Estado de São Paulo, edição de janeiro de 1919, destacava o Baile Alviverde do Cosmopolitano Futebol Clube, organizado por funcionários da Companhia Sorocabana.

O baile começou simples, sendo realizado em um pavilhão da antiga Carril Funilense, onde eram realizadas manutenções de locomotivas. Neste período, o Cosmopolitano ainda não possuía salão social de festas. O Baile Alviverde, era uma alusão as cores verde e branca, símbolos do Cosmopolitano.
Neste baile citado, as rendas obtidas com convites, reunia fundos para confecção de uniformes.

Com o tempo, o baile mudou de nome, sendo realizado no mês de novembro, comemorando o aniversário do Clube, 15 de novembro. O baile Alviverde, ainda preserva as cores do clube, mas só não o nome. Na atualidade, a festa é nomeada como “Baile de Aniversário”, comemorando neste ano, 103 anos de fundação oficial.

BAILE DAS MASCARAS (USINA ESTHER)
Realizado no palacete Irmão Nogueira (Sobrado) e no antigo salão social da Usina Esther, o baile movimentava a Villa de Cosmópolis, reunindo mascarados de toda região. A festa acontecia na semana anterior ao dia de Carnaval, organizado pelo Major Arthur Nogueira, o Baile teve sua primeira edição em 1906. Inicialmente a festa reunia a alta sociedade campineira, acionistas e fornecedores da Usina, seletos convidados da família Nogueira.

Com a inauguração do Palacete Irmãos Nogueira (Sobrado), obra projetada por Ramos de Azevedo, até mesmo um pequeno coreto foi construído próximo a suntuosa edificação, onde a Corporação Musical da Usina Esther, animava o baile ao som de marchinhas, foxtrote, dobrados e sucessos da época.

Figuras como o Presidente Campos Salles, senador José Paulino, Francisco Glicério, e o imortal escritor Guilherme de Almeida, considerado o príncipe dos poetas, estavam entre as figuras ilustres dos conceituados bailes. Com o falecimento do Major Arthur Nogueira, em 1924, o baile foi extinto. Sendo recriado anos depois, com o nome de “Baile da antecipação”.

Ficavam no passado as fantasias e máscaras, o baile assim como dizia o nome, antecipava as comemorações do carnaval, na época maior evento cosmopolense, com referência estadual.

BAILE DA CHITA 
Início dos anos 1940 / BAILE DA CHITA / Grupo de jovens cosmopolenses, trajando vestidos de chita, confeccionados iguais para todas as moças. Registro fotográfico, feito na Praça Major Arthur Nogueira, próximo a escadaria de acesso a Rua Campinas. Os prédios ao fundo, ainda resistem ao "progresso", ao lado direito, a atual Droga Raia, acima, a Bike Mania.  Ao centro , Alibabá (Roupras escuras), e Alcides Frungilo (roupas brancas) - Texto Adriano da Rocha / foto acervo pessoal de Walter Frungilo

Homens e mulheres, ansiosos aguardavam a chegada do mês de julho. As vendas da chita, crescia nas lojas de tecidos, os aviamentos e materiais de confecção das roupas, eram dobrados os estoques. Habilidosas costureiras usavam da criatividade para inovar a cada ano, vestidos inspirados em atrizes famosas do Rádio, camisas e até ternos, confeccionados com o popular tecido.
Moças e rapazes, formavam grupos usando a mesma estampa do extravagante tecido. O pano, algodão grosso com estampas diversas, sempre muito coloridas, tinha um baixo valor, sendo usado para confecção de toalhas de mesas, cortinas e cortininhas de piá.
O Baile da Chita, começou no fim dos anos de 1930, popularizando-se no período da Segunda Guerra Mundial, pela escassez de tecido. O baile acontecia no antigo salão social do Clube Cosmopolitano, localizado na Rua Baronesa Geraldo de Rezende. Suas últimas edições foram realizadas no fim dos anos 1950.
BAILE DA PRIMAVERA
1932 / Jazz Band Progresso, a sensação musical cosmopolense, destaque musical em festas por todo o estado de São Paulo. Em pé, da direta para esquerda, está Guilherme Hasse, com seu lendário violino.Uma curiosidade, o registro fotográfico foi feito por Guilherme. usando técnicas criadas por ele mesmo, fez a foto automática. É claro, esse automático, depois de muito tempo de preparo e espera dos fotografados. Texto Adriano da Rocha / Foto Grupo Filhos da Terra (José Honorato Fozatti)

   Seguindo tradições europeias, com forte origem germânica, o “Baile da Primavera”, era organizado pela comunidade de imigrantes alemães e suíços, do Núcleo Colonial Campos Salles. Acompanhando as tradições alemães, o Baile da Primavera acontecia na segunda semana de março, saudando o início da primavera na Europa, o qual tem sua chegada neste mês.

Antes da construção do salão de festas da Escola Alemã, o baile era realizado em um grande terreiro, com chão de terra vermelho, sendo molhado constantemente para não levantar muita poeira.

Com a inauguração do salão de festas, em 1930, os bailes conquistavam a cada ano maior público. Neste novo período, o baile seguia o calendário brasileiro, sendo realizado em setembro, celebrando o início da primavera no país.

As flores eram o destaque principal, nos arranjos que adornavam o salão, nas lapelas dos homens, e principalmente nos cabelos das mulheres. Centenas de pessoas, gerações de imigrantes da região, migrantes e filhos da terra, enchiam o salão, sendo necessário até improvisar tendas no pátio.

A festa, era comandada musicalmente por grupos musicais cosmopolenses. Em destaque a “Corporação Musical da Gesang Verein Deutsche Eiche”, e o Jazz Band Progresso. No repertório, muita música alemã e sucessos brasileiros, acompanhados de uma infinidade de comidas típicas, chopp e vinho.

Até o fim dos anos de 1960, o baile ainda era destaque nas celebrações dançantes da região. Sendo extinto no fim dos anos de 1970, juntamente com grande parte da comunidade.

EM NOVAS POSTAGENS
1975/1976 - BAILE DA DESPEDIDA (Mutuo Socorro).Nos comandos musicais de "Duílio de Faveri e sua banda", o baile marcava a despedida do ano em Cosmópolis. Sendo um dos reveillon (ceia de fim de ano), mais disputadas de Cosmópolis.Texto Adriano da Rocha Foto Grupo Filhos da Terra

A lista é extensa, merendo novas postagens. Como esquecer do Baile da Cana (outubro, recriação da festa da cana, nos anos de 1950); Baile do Brejo (Cosmopolitano), com a lendária banda do Brejo (precursor do Baile do Havaí); Baile da Cooperativa (início da Safra de cana), Baile do Açucareiro (Usina Esther); Baile da Despedida (teve início nos anos de 1920, celebrando o fim do ano, realizado no Clube Mutuo Socorro);
Baile do Cowboy (em prol do Hospital Beneficente Santa Gertrudes), Baile da Padroeira (setembro, celebrando a inauguração da igreja Matriz de Santa Gertrudes), Baile de Santo Antônio (considerado popularmente como padroeiro de Cosmópolis, entre a comunidade italiana) ...
A lista é grande, e ainda maior, ao listarmos os bailes dos carnavais cosmopolenses, estes vamos recordar BREVEMENTE, em próximas postagens. Aguardem!!!
Texto Adriano da Rocha
Fotos  Walter Frungilo e Acervo Grupo Filhos da Terra


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⚠️ CUIDADO MOTORISTAS


Principal acesso de saída ao município de Holambra / Foto Fabiano Martins


 Atenção redobrada, ao trafegar na vicinal prefeito Orlando Kiosia, via de acesso à Artur Nogueira e Holambra. No trecho próximo a Guarita da Polícia Municipal (cemitério), via de saída do município, parte do asfalto está desmoronando.
Moradores do residencial Souza Queiroz, improvisaram, um impedimento nos pontos mais crítico da deterioração asfáltica.
Visualmente, está sendo formada uma cratera, ocasionada possivelmente, pelas fortes chuvas.


🛑Outros pontos de atenção⚠️
Vários pontos da vicinal, merecem atenção redobrada dos motoristas. Muitos detritos trazidos pelas águas, estão espalhadas pelas margens das vias. A mistura de pedras, areia, terra e gigantescas poças de água, estão concentradas em diversos pontos da vicinal.
A vicinal, é o principal acesso cosmopolense, a cidade de Holambra, assim como a Jaguariúna, e demais cidades do portal das águas paulista.









domingo, 14 de janeiro de 2018

BOA NOITE COSMÓPOLIS


"O encontro no firmamento, entre o religioso e o divino". Quem acredita, na existência de uma força maior, a qual rege o universo, será essa a melhor tradução da foto.
Mas ao ver este registro, até os incrédulos desta existência superior, irão dizer: "que foto divina!!".

Registro captado com muita sensibilidade no olhar, pelo fotografo cosmopolense Anastácio Filho.
A Igreja Matriz de Santa Gertrudes, parece pedir as bênçãos de Deus, para mais uma noite em Cosmópolis. 🙏🏻💒



quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

VOCÊ SABIA??

Raízes cosmopolenses nas colonias da Usina Esther

Texto Adriano da Rocha
Fotos Doc Globo e acervo família Giardini
Em destaque na montagem de fotos, na parte superior. Dona Wandyr Solham Giardini (aãe da atriz); os bisavós que desembarcaram em Cosmópolis, Michele Giardini e Joanna Amendola, avós de Homero Antônio Giardini, pai da atriz Eliane; e o irmão Paulo Giardini, ator e diretor.

 Com certeza você já ouviu falar de Eliane Giardini, uma das mais famosas atrizes brasileiras. Nascida em Sorocaba, essa paulista com muito orgulho, coleciona papéis de sucesso nas novelas e cinema, como Indira em Caminho das Índias, Muricy em Avenida Brasil,Ordália em Amor a Vida, Anastácia em Eta Mundo Bom, e atualmente a Nádia de “O outro lado do paraíso”, novela das 21h de Walcyr Carrasco. 

Uma curiosidade, descoberta por acaso, foi a história da família Giardini em Cosmópolis.

Entrevistando o ator e diretor Paulo Betti, na sua passagem pelo Theatro Municipal de Paulínia, ao citar que sou morador de Cosmópolis, eis a surpresa: “Puxa que legal, você é da terra da família Giardini”.

Insisti, Paulo você não está confundindo com Cordeirópolis, novamente ele insistiu e falou pausadamente: “Tenho absoluta certeza, é Cosmópolis’’.

Segundo Paulo Betti, que foi casado com Eliane durante 24 anos, a pequena Villa de Cosmópolis, foi escolhida pelos Giardini para começar a vida no Brasil. Vindos da Itália, região da Calabria, os Giardini desembarcaram em Santos, no fim do século 19.

A família numerosa, espalharia suas raízes por várias cidades paulistas, atraídos pelo progresso agrícola colonial das fazendas de café e cana de açúcar.

Segundo Paulo Betti, os Giardini tinham um carinho especial por Cosmópolis, principalmente pela passagem nas colônias da Usina Ester. Quando comentei da demolição total das Colônias, o ator ficou espantado, ainda com trejeitos do cômico personagem Téo Pereira, disse: “Isso não pode, e como pôde!!! É um crime contra a história”.
2013 / Demolição da Colonia do Bota Fogo / Foto Izabel Gagliardi
Até 2016, as colônias cosmopolenses da Usina Esther, eram o único complexo colonial ainda preservado no Brasil. Restam ainda resguardados, graças ao empenho de grupos culturais de preservação, a Colônia do Sobrado Velho, localizada em Americana.

As últimas casas coloniais da Usina Ester, em Americana, são tombadas pelo patrimônio histórico de Americana, uma conquista realizada pela população do município.

OS GIARDINI EM COSMÓPOLIS
O casal de imigrantes Michele Giardini e Joanna Amendola / Acervo família Giardini

O progresso da Nova Campinas, a Villa de Cosmópolis, atraia os Giardini ao crescente distrito campineiro. “Apeava” na velha Estação da Funilense, o casal Michele Giardini e Joanna Amendola, avós de Homero Antônio Giardini, pai da atriz Eliane.
Na época, núcleos coloniais financiados pelo governo, a instalação da Usina Esther (neste período entre as maiores Usinas do Brasil), criação das áreas industriais de Sericultura (tecelagens e beneficiadoras de Bicho da Seda), atraiam milhares de imigrantes as terras cosmopolenses.
Os Giardini, trabalharam em vários setores cosmopolenses, principalmente na área comercial (armazém), oficina mecânica (Usina Esther e Companhia Sorocabana). Residiram na região da Avenida Ester, colônias da Usina Ester e casas da Cia Sorocabana.

MUDANÇA PARA SOROCABA
O crescente progresso industrial de Sorocaba, atraiam parte dos Giardini para a nova cidade. Michele, partia de Cosmópolis no início dos anos 1900. Na Villa de Cosmópolis, ficaria alguns filhos, residindo nas colônias da Usina Esther.
Nascia em Sorocaba, Antonio Giardini, avô da atriz, na mesma cidade Homero Antonio Giardini, pai da atriz, e outros seis irmãos.

Em Sorocaba, anos de 1940, Homero conheceu a jovem Wandyr Solham, mãe da atriz. O casal permaneceu juntos até 1975, quando Homero faleceu aos 47 anos de idade. Na região central de Sorocaba, Homero Giardini, possuía uma conceituada oficina mecânica.

Inicio dos anos de 1930 / Depósito da Companhia Sorocabana, então localizado, na região do atual Terminal Rodoviário de Cosmópolis / Foto acervo Grupo Filhos da Terra

Possivelmente, Homero e irmãos, aprenderam o oficio de mecânico nas oficinas da Companhia de Trens Sorocabana, a qual possuía uma grande oficina central na região do atual Terminal Rodoviário de Cosmópolis.

Essa oficina cosmopolense, consertava vagões e máquinas, produzindo até mesmo locomotivas (montagem e confecção de peças). Mudanças na área logística da Sorocabana, como inúmeros entraves burocráticos gerados pela prefeitura de Campinas, fechavam a oficina da Sorocabana no início dos anos de 1940.

Na época, o fechamento da Oficina, causou um grande impacto no comércio cosmopolense, o fim do constante movimento de operários acabava, ocasionando quedas significativas nas vendas. Neste período, existia até mesmo uma pequena “vila” de operários da Sorocabana, localizada na rua Coronel Silva Teles.

AGUARDANDO MAIS HISTÓRIAS
Atriz  Eliane Giardini, paulista de Sorocaba
 Entrei em contato com a assessoria da atriz Eliane Giardini, para esclarecer dúvidas e saber mais detalhes desta passagem pelas terras cosmopolenses. Segundo Paulo Betti, na mocidade, a atriz junto com a família, visitava parentes em Cosmópolis.
Tios, inúmeros primos moravam na região. Paulo Giardini, ator e diretor, também é irmão de Eliane, sendo um dos únicos irmãos que continuaram na carreira artística.
O ator Paulo Betti, também, possui raízes na região, com parentes em Campinas, cidade que visitava sempre com os pais.
Nascido em Rafard (um dos berços da pintora Tarsila do Amaral), região de Capivari, mudou-se ainda criança para Sorocaba, onde na adolescência conheceria Eliane Giardini.

Texto Adriano da Rocha
Fotos Doc Globo e acervo família Giardini