DIA DE REIS
As romãs já estão granadas, mais redondas que barriga de gordo depois da ceia na casa da mamãe. Da fruta reluz um tom único, o vermelho romã, vindos das suas cascas medicinais (abençoado remédio para as inflamações de garganta), contrastando com a intensa cor laranja da sua florada, nascendo em cada flor uma pequena coroa, na qual surgem os novos frutos.
Frutinha de um gosto inconfundível, um azedinho único, que na sabedoria do velho caipira paulista traz sorte e espanta os "már infortúnio" da vida. Nesta mesma sabedoria, relembro uma tradição bem paulista das romãs, antigamente muito praticada nas festividades do fim do ano e, principalmente no dia 6 de janeiro.
A tradição começa no dia do natal, enfeitando a mesa com romãs, porém, elas não devem ser abertas. Somente no dia 6 de janeiro, dia consagrado aos Reis Magos, as romãs são abertas.
Na manhã do Dia de Reis, a primeira refeição devem ser as frutinhas de uma romã, separando seis carocinhos, que são guardadas durante todo o ano novo, dentro da carteira; sempre envoltas de um papel com os nomes dos três Reis Santos: Gaspar, Baltazar e Belchior.
Um poderoso “patuá”, que segundo o costume e a fé do caipira paulista, traz prosperidade e saúde, simbolizando os presentes dados pelos reis magos ao Menino Jesus.
Segundo a lenda, a romã era o único alimento que existia na manjedoura, encontrada por São José em uma árvore que sombreava o local. Os Reis magos vindos do Oriente para ver o Menino Jesus, receberam da Sagrada Família partes das frutas na ceia da noite de Natal.
Por Deus a fruta foi consagrada, representando na fartura e união dos seus pequenos frutinhos e, na coroa que enaltece a romã, que um rei somente é rei através da união de seu povo. A romã não amadurece fora do pé e, por mais que tentem forçar o “madurá”, os frutos não prestam, “arroxeando”.
Este “madurá” por vontade de Deus, representa que um rei mesmo com a união do povo, somente será Rei e, realizará um bom governo , se Deus assim permitir e, seu reinado abençoar...
Foto Pé de romã germinado de uma antiga romanzeira do Vila Mariana (Vila Nova). Tradição que entre "germinadas", perdura a quase 100 anos, sendo o primeiro pé pertencente a Dona Izabel Lange Woord. A romanzeira está plantada na sede do Acervo Cosmopolense na Rua Monte Castelo.