1958...Rua Francisco Cesário de Azevedo, bairro Vila Nova. |
Um dos bairros mais tradicionais de Cosmópolis, o bairro Vila Nova nos seus quase 70 anos de história e estórias, foi lembrado em música na década de 50 pela dupla caipira Raul Torres e Florêncio, no samba Paulista "Vila Nova", composição feita em homenagem ao bairro, que nas décadas de 50 e 60 foi palco musical da dupla nas festas juninas realizadas no bairro. Gravação que fez parte do último LP da dupla em 1970, uma música pouco conhecida por muitos cosmopolenses que resgatamos através deste vídeo. Confira aqui.
1970..Último Lp da dupla, após seu lançamento dias depois Raul Torres faleceu em 12/07/1970. |
Raul Torres e Florêncio dispensam comentários e apresentações, dupla pioneira e consagrada da música caipira Paulista, precursores do estilo musical que no final da década de 40 foi batizado de música sertaneja. Criadores de diversos estilos musicas e de sucessos imortais como Cabocla Tereza, Mourão da porteira, Chico Mulato, Pingo d'água, Mestre carreiro, Boiada cuiabana, Perto do coração, Moda da mula preta...entre inúmeros outros clássicos da música brasileira gravados pela dupla em mais de 50 anos de carreira, interrompidos em 1970 com a morte de Raul Torres em Julho, e de Florêncio alguns meses depois.
Raul Torres, Florêncio e Nininho |
A história da dupla em Cosmópolis começou com Florêncio que traz na sua ascendência (família Frade) familiares em Cosmópolis e Limeira. Raul Torres no início de sua carreira na década de 20, diversas vezes se apresentou na pequena Vila de Cosmópolis (na época distrito de Campinas-SP), primeiramente com sua embaixada cantando sambas e cateretês, e depois ao lado do sobrinho Serrinha cantando o verdadeiro estilo musical Paulista, em Cateretês, Toadas, Modas de viola e o estilo toada histórica criado por Raul e João Pacifico (este também com parentesco em Cosmópolis). Florêncio além do parentesco com a cidade de Cosmópolis, era padrinho de batismo de um cosmopolense por nome Amadeu de Queiroz, filho da figura conhecida na cidade Bento açougueiro, que em 1952 mudou-se para o bairro que surgia a pouco tempo, o bairro do Vila Mariana, que popularmente era conhecido como Vila Nova, nome que anos depois se tornou oficial do bairro. A vinda do compadre Florêncio, era tradição no bairro no mês de Junho, onde se apresentava ao lado do sanfoneiro Nininho, que acompanhou o trio desde o inicio da década de 50. O trio na sua formação Raul Torres, Florêncio e Nininho se apresentou apenas duas vezes no bairro, sendo a primeira vez em 1956, nas demais apresentações no Vila Nova, somente Florêncio e Nininho vinham a cidade. O motivo da falta de Raul Torres, era que o cantor estava praticamente aposentado, ou como ele dizia sossegado, (já eram mais de 40 anos de carreira artística) Raul apenas se apresentava no programa da dupla "Os três Batutas do Sertão" na rádio Record, e em shows contratados pela gravadora. Esse sossego de Raul Torres, causou uma certa 'risgá" entre os dois, que com o tempo se tornaram uma dupla tão profissional, que somente conversavam nas horas de apresentações, fora isso ambos ficavam de birá um com outro.
Bairro do Vila Nova final da década de 50 |
As faltas de Raul Torres em Cosmópolis, eram sempre lembradas nas cartas enviadas para a dupla na rádio Record, as apresentações de Raul Torres na cidade ficaram marcadas na sua memória, surgindo então o sambinha caipira "Vila Nova", em homenagem aos amigos do bairro cosmopolense. A música inicialmente era cantada pela dupla no rádio, cantada ao vivo pelo famoso trio "Os Batutas do sertão", nome dado ao trio Raul Torres, Florêncio e o sanfoneiro Nininho. A música somente foi gravada em 1970, pela gravadora Vitória, no LP "O maior patrimônio da música sertaneja", que trazia antigos sucessos de Raul Torres do seu incio de carreira cantando sozinho como Jacaré no caminho, Trepei na roseira, ao meio de novas gravações, na qual destacamos o samba Vila Nova. O LP foi o último a ser gravado pela dupla, lançado Junho de 1970, dias depois do lançamento do disco, Raul Torres falecia em 12 de Julho, e em Novembro do mesmo ano Florêncio. Era o fim de uma das duplas mais consagradas da história da música brasileira, partiam em vida, para serem eternizados através de sua vida musical na história eternamente. No final do mês de julho com o falecimento de Raul, em um desses acasos do destino, Florêncio chamou Tião Carreiro em sua casa, e deu de presente ao cantor sua velha viola vermelha, que durante décadas acompanhou a dupla pelo Brasil à fora, por uma coincidência do destino meses depois Florêncio faleceu. No ano seguinte Tião Carreiro e pardinho, em homenagem ao ídolo gravaram a moda de viola "Viola Vermelha".
Obs: Neste mesmo LP, existe mais uma música com relação a Cosmópolis feita por Raul Torres, a embolada escrita no caipira "Balanceiro da Osina", música feita em inspiração as greves dos fornecedores de cana da Usina Ester, que reclamavam dos roubos feitos pelo balanceiro da empresa, que na balança sempre "puxava" a menos para os fornecedores. Está gravação estaremos adicionando em breve em nosso nosso canal no Youtube, aguardem.
Texto e fotos Adriano da Rocha