A história do nome e escolha da Padroeira de Cosmópolis
surgiu com a chegada da família Nogueira por volta de 1890 para as negociações de
compra das terras de propriedade da família Barbosa, em especial se
oficializava em 02 de Março de 1898, com a compra da Fazenda Funil para a
construção da Usina açucareira Esther. Nos séculos 18, 17 e 19, as famílias de
Paulistas que já moravam nas terras cosmopolenses desde os tempos das primeiras
bandeiras dos Anhangueras e Barreto Leme, o padroeiro local era o Bom Jesus da
Caninha Verde, santo consagrado pela maioria dos descendentes de bandeirantes do interior Paulista. Na região onde hoje cruzam as ruas João Aranha e Ramos de Azevedo, nas proximidades do antigo Casarão do Bosque, existia uma capela em
louvor ao Bom Jesus, à capela era visitada por viajantes e moradores que
passavam pelo antigo caminho das bandeiras, “picadas” abertas por bandeirantes
que vinham da Vila de São Carlos ( cidade de Campinas) rumo às terras de Piracicaba, Limeira e Mogi Mirim,
caminhos criados nos tempos do Velho Anhanguera no seu sonho do Eldorado, do início das descobertas de ouro e pedras preciosas em Minas Gerais.
O progresso industrial Paulista chegava às
terras da Fazenda do Funil no final do século 19, os trilhos de aço cortavam as antigas terras do "Pasto do Fundão" trazendo a “Cia Agrícola Arthur Nogueira” e a Usina Esther, no progresso dos trilhos da “Cia de Trens e Estradas de Ferro Funilense”. Com o apoio do governo
estadual e federal eram criados em 1895 os Núcleos Coloniais Campos Salles e
Nova Campinas, em meio às margens desteconstante progresso nascia aos poucos a Vila de
Cosmópolis. No projeto inicial da Vila
de Cosmópolis (criado pela Câmara de Campinas), em umas das ruas principais, a Rua Alexandria (atual Campos
Salles), na estruturação da rua existia a criação de uma igreja, com a construção
da Usina Esther pelo renomado “Escritório de Arquitetura e Engenharia Ramos de
Azevedo”, a igreja então seria construída também pelo grupo Ramos de Azevedo a pedido da família Nogueira. A
escolha de Santa Gertrudes como a santa homenageada e futura Padroeira da Vila,
foi uma homenagem à mãe dos irmãos Nogueira, Dona Tudinha Nogueira, apelido
familiar de Gertrudes Eufrosina de Almeida Nogueira. O Major Arthur Nogueira sempre
foi muito apegado à mãe, falecida na cidade de Campinas em 04 de Dezembro de
1889, na idealização da Igreja o Major decidiu junto aos irmãos realizar a homenagem à
mãe, uma figura muito querida na cidade de Campinas e descendente de umas das mais
antigas famílias do estado de São Paulo.
Uma justa e merecida homenagem na verdade, com o falecimento de Dona Tudinha Nogueira, e o recebimento da herança deixada pela mãe, foi então que os irmãos Nogueira conseguiram investimentos para realizar os seus maiores projetos, entre eles a compra das terras da fazenda do Funil e criação da Usina Esther. Usina está que inicialmente seria batizada com o nome de Usina Santa Gertrudes.
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Nota de falecimento de Dona Tudinha Nogueira (foto acima), um registro do Grupo Pró Memória de Campinas. |
Dona Tudinha Nogueira era devota de Santa Gertrudes,
assim como grande parte das tradicionais famílias Paulistas da época, Santa
Gertrudes era considerada a Padroeira dos Barões no Brasil Imperial. A
exaltação a santa pelos Barões surgiu possivelmente em homenagem a uma das
primeiras Baronesas do estado de São Paulo, Dona Gertrudes Galvão de Moura
Lacerda, esposa do Brigadeiro Manuel Rodrigues Jordão (dono das terras da
famosa cidade Paulista de Campos do Jordão). Dona Gertrudes era mãe do ilustre Barão
de São João de Rio Claro, proprietário da mais moderna e famosa fazenda dos
tempos do Império, a Fazenda Santa Gertrudes na cidade de Limeira-SP. Nome dado
a Fazenda pelo Barão em 1854, em memória a sua mãe Dona Gertrudes. A família chegou às terras de Limeira no ano de 1821, quando o Brigadeiro Manuel Rodrigues Jordão comprou uma
gleba de terras na lendária Sesmaria do Morro Azul pertencente aos irmãos
Galvão de França e Manuel de Barros Ferraz. Manuel de Barros Ferraz, era
parente próximo de Luiz Nogueira Ferraz, esposo de Dona Gertrudes Eufrosina de
Almeida Nogueira, mãe dos irmãos Nogueira, e Dona Gertrudes Galvão de Moura
Lacerda, também era parente próxima da família Nogueira, possivelmente tia de
Luiz Nogueira Ferraz. A devoção e exaltação a santa era então uma tradição
entres as importantes famílias, existindo nos casarões das fazendas e nos
Palacetes e Solares de Campinas e São Paulo, capelas nas residências em
homenagem a Santa.
Abaixo a
história de Santa Gertrudes de Helft, escrita pelo Padre Germano do
Prado, pároco da Igreja Matriz. História publicada no noticiário mensal da
Igreja Matriz de Santa Gertrudes em 24/07/1958. Também parte desta mesma publicação o Hino da Padroeira.
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Hino da Padroeira Santa Gertrudes, letra e melodia criadas pelo Padre Germano do Prado em 1945. |
Oração pela intercessão de Santa Gertrudes
Ó Deus, que preparastes para vós uma grande morada no coração da Virgem Santa Gertrudes,
Iluminai, por suas preces, as trevas do vosso coração,
Para que experimentemos em nós a alegria da vossa presença e a força da vossa graça.
Ó Santa Gertrudes, vós que tínheis terna devoção à humanidade de Cristo,
Velai aos que a vós recorremos com sincero arrependimento das nossas faltas,
Ajuda-nos a dizer sempre sim ao plano de Deus para minha vida
E daqueles a quem vos apresento em minha prece.
Ó Santa Gertrudes, vós que fostes uma das primeiras devotas do Culto ao Coração de Jesus,
Conceda-me a graça de me sentir todo (a) inteiro (a) nos corações Sagrados de Jesus e Maria.
Olhai por todos os que têm fome de Deus e de Pão,
Protegei nossas crianças, orientai a juventude, conservai o amor no coração dos esposos,
Amparai os doentes e idosos, conservai a Paz nos lares e protegei-nos hoje e sempre.
Texto e fotos acervo Adriano da Rocha