sexta-feira, 12 de maio de 2017

LUTO COSMOPOLENSE

ADEUS AO PROFESSOR ELO
Texto Adriano da Rocha
Fotos acervo familiar 

  É triste mais é verdade, assim no repente, quisera que fosse mentira. Não acreditando, assustados com a impactante e triste notícia, Cosmópolis amanheceu ouvindo: o professor Elo faleceu.

 A morte veio buscar aquele que dedicou sua existência a ensinar as traduções e conjugações da palavra vida. Aos 72 anos de idade, faleceu Elo Augusto Ketelhuth, na madrugada desta sexta-feira (12). Seu corpo aguarda amigos, irmãos e alunos para última despedida na Loja Maçônica 31 de Março, localizada na Rua Antonio Carlos Nogueira, nº 1860, próximo a saída para Paulínia.
O sepultamento será realizado às 17 horas no Cemitério Municipal da Saudade, o enterro em terras cosmopolenses atende um pedido feito por Elo. Casado com a também professora Sueli de Castro Ketelhuth, o casal teve três filhos, Isabella, Luís Augusto (Guto) e Eduardo.

O COMEÇO DA HISTÓRIA
   Elo nasceu em Andradina, a famosa cidade do Rei do Gado, filho de ilustre família da região, foi criado na nipônica cidade de Pereira Barreto. Assim como muitas famílias de imigrantes, os alemães Ketelhuth escolheram o estado de São Paulo para começar uma nova vida.

O início da sua história no magistério começou no auge do Regime Militar, na década de 1960. Tempos difíceis e complicados, principalmente para um jovem professor que não temia ensinar sobre liberdade de expressão.
Enfrentou o Regime usando como armas a caneta e o papel, sua artilharia era pesada e certeira nas palavras, não temendo patente ou oligarquias.

Neste período sofreu imposições na sala de aula, certas perseguições por suas convicções políticas, mas nunca desistiu da luta pelo pensamento livre. Assim dedicou 50 anos da sua vida a formar brasileiros mais pensantes sobre o Brasil.

COSMOPOLENSE POR ESCOLHA
   Em 1975 nas “trincheiras” da expressão em tempos de ditadura, conheceu a jovem professora Sueli de Castro. A união nascia nas salas de aulas, nos encontros estudantis, perpetuando-se em um exemplar matrimonio que durou mais de 40 anos.

A filha de Pereira Barreto, ao lado do esposo e filhos, escolhiam Cosmópolis como sua nova terra, um berço para criar seus filhos e educar outros filhos. O início dos anos de 1980 marcam sua chegada em terras cosmopolenses.

Com muito orgulho Elo dizia: “Cosmópolis é a terra que escolhi para ser minha mãe, e meu dever como filho é sempre respeitar, defender e lutar por essa jovem senhora tão sofrida”. Sua história em Cosmópolis é marcada por inúmeras memoráveis páginas.

O MESTRE DE MILHARES DE ALUNOS
   Lecionou na maioria das escolas estaduais e municipais de Cosmópolis, sendo 30 anos dedicados exclusivamente as salas de aulas. Criou um método único nos meios de ensinar o português, usando músicas, quadrinhos, transformando livros do passado em novos clássicos no presente. O habilidoso professor tinha paixão pela matéria, esse amor pelas palavras contagiava os alunos.
Rígido e ao mesmo tempo brincalhão, com a fala mansa e a sua inseparável varinha de madeira, formou e diplomou milhares de alunos.

LOJA MAÇÔNICA
   Chamado para Maçonaria, foi um dos precursores na criação da primeira Loja de Cosmópolis, a A.’. R.'.L.'.S.'. 31 DE MARÇO. Ao lado de pioneiros como Friederick Capraro, José Honorato Fozatti, Ulisses Barbosa Franco, entre outros irmãos de maçonaria, organizou com apoio da Prefeitura e Rotary Clube, a Feira Industrial e Agrícola de Cosmópolis, a lendária FIAC .
A feira que também foi organizado pela maçonaria em Artur Nogueira, Feira Industrial e Agrícola de Artur Nogueira (FIAAN), marcou época na região, sendo considerada uma das maiores festas do interior paulista.

A festa criada para arrecadar fundos para construção da Loja Maçônica, reunia no antigo Estádio Thelmo de Almeida os principais destaques da indústria e agricultura cosmopolense, sendo expostos aos visitantes destaques comerciais de cada expositor.

Ao fim de cada semana eram realizados grandes shows musicais, apresentando-se na feira ilustres nomes da época como os cantores Jessé, Sérgio Reis, Jair Rodrigues, Gretchen e as Melindrosas, Martinho da Vila, Chacrinha, Milionário e José Rico, Tonico e Tinoco, entre outros consagrados nomes da música popular.

Como membro da respeitável Loja 31 de Março, Elo exerceu diversas funções na edificação da irmandade, sendo reconhecido nacionalmente por seus trabalhos na comunidade maçônica.

HINO DE COSMÓPOLIS
   Em 2002, ao lado de Paulo Roberto Armelin, Elo escreve o Hino de Cosmópolis. Em um concurso realizado pela Prefeitura Municipal, a música concorreu junto com 5 outros hinos. Escolhida pela comissão organizadora, o hino escrito por Paulo Roberto Armelin (Paulinho da Papelaria) e Elo, foi oficializado como Hino de Cosmópolis em 30 de novembro de 2002.



AO MEU AMIGO
   Elo fez história em todos os lugares onde passou, em especial tivemos o orgulho deste mestre ter escolhido nossa cidade como sua nova terra. A tradução da palavra amigo, um sagaz e incansável parceiro nas pelejas políticas e “revoluções” cosmopolenses. Neste perfil e outros mais que fazem farte do Acervo Cosmopolense, o seu comentário sempre fazia a diferença nas minhas postagens.
Meu amigo de poemas que exaltavam nossa terra, conselheiro no português e nas matérias da vida. Um “parmerense” e cosmopolense de título e coração. Tinha um amor por Cosmópolis que chega a ser indescritível, lutava por essa cidade sem temer os adversários, mostrava fosse a quem fosse a sua opinião.

Assim nas suas escritas e “tecladas, surgiam textos memoráveis através do seu perfil, novas visões sobre questões políticas, assuntos do cotidiano, saudades e recordações.

Nas questões políticas foi um mestre, principalmente quando o assunto era política cosmopolense.

Nas manifestações organizadas neste perfil, como o veto ao aumento do número de vereadores e seus exorbitantes salários, o fim do pedágio, as mazelas do Hospital Santa Gertrudes, eleições municipais, em todas ações aqui iniciadas, era o Elo sempre o primeiro a tomar frente nos assuntos.

Dedicou sua vida a família e ao magistério, o mestre de milhares de alunos da rede municipal de ensino.

Estimado amigo, não tive tempo de voltar a “prosiar” contigo novamente, ficar horas conversando sobre nosso assunto preferido Cosmópolis.
Fica um até breve Elo, nossa prosa será ainda mais acirrada em outros planos. Agora vamos ter que redobrar as forças para fazer sua parte nesta luta. Descanse em Paz, o Criador tem agora um novo conselheiro para nos guiar neste emblemático universo...
Texto Adriano da Rocha

Poema Cosmópolis aos seus filhos
Letra de Adriano da Rocha e Elo Augusto Ketelhuth
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