quarta-feira, 18 de abril de 2018

LUTO COSMOPOLENSE


ADEUS ZÉLÃO SOLDADO
Texto Adriano da Rocha
Fotos acervo familiar

  Cosmópolis amanheceu em alerta policial, os “rádios” da delegacia, batalhões e centrais de seguranças, recebiam o fim de uma ocorrência, a luta da vida contra a morte.
O boletim não foi criminal, os amigos de farda noticiavam o descanso de um dos mais valorosos soldados da corporação cosmopolense. Faleceu na madrugada desta quarta-feira (18), aos 63 anos de idade, José Alves Ferreira, o popular Zélão da Guarda.

VELÓRIO E SEPULTAMENTO
O corpo aguarda os amigos na Câmara Municipal , onde está sendo velado até sua saída às 15h30. O sepultamento será realizado nesta quarta-feira (18), às 16h00, no Cemitério da Saudade, em Cosmópolis. Zélão deixa esposa, filhos e netos, assim como um honroso legado dentro da história policial cosmopolense.

ZÉLÃO SEMPRE EM GUARDA
Entre os destemidos soldados da corporação, era ele o mais cativante. Fardado, toda sua indumentária policial motivava o respeito. Mas sua principal arma contra o mal, não eram os revolveres, cassetetes e tantos outros aparatos policiais, essenciais para garantir a “lei e a ordem”.

Zélão trazia no rosto, sua principal e mais implacável arma, o seu sorriso inconfundível. Era sua arma contra a tristeza, capaz de paziguar qualquer ocorrência grave, um sorriso motivador de amizades, e responsável por dar fim a muitas inimizades.

Não nasceu cosmopolense, mas tinha está terra como sua, dedicando sua vida inteira, para honrar e defender as vidas do povo da sua cidade.

Paulista de Valparaíso, Zélão era um dos filhos da numerosa família de “Dona Tereza” e “Seu Sandoval Ferreira”.

No início dos anos de 1970, “turmeiros” traziam para Cosmópolis, dezenas de ônibus e caminhões de migrantes de Valparaíso-SP. Um dos principais endereços, a extinta Vila Kalil, localizada na Rua José Kalil Aun, onde estavam edificadas vários conjuntos de casas populares.

Nestas casas, extremamente simples, construídas nos tempos da Sorocabana, a família Ferreira e outros moradores de Valparaíso, recomeçavam suas vidas em Cosmópolis.

As famílias, trazidas pelos “turmeiros”, chegavam atraídas pelo progresso petroquímico de Paulínia, ocasião da construção da maior refinaria da Petrobras no Brasil, a Replan.

Zélão, chegou em Cosmópolis ainda moço, trabalhou em várias áreas de serviços, foi de cortador de cana, “apanhador” de algodão e laranja, servente, pintor, fez de tudo buscando a sobrevivência pessoal e familiar.

A recém criação da Guarda Municipal de Cosmópolis, despertava os sonhos do jovem menino. No fim dos anos de 1980, começava seus trabalhos na Prefeitura, passando por diversos setores.

os poucos sua vocação como vigilante surgia, a aprovação em concurso público oficializava o início de sua história na corporação cosmopolense.

UMA VIDA DEDICADA À OUTRAS VIDAS
Realmente dedicou sua vida para servir outras vidas, sabia fazer valer seus treinamentos para impor a lei e ordem.

Nos tempos dos “fusquinhas” da Guarda Municipal, onde “lei e ordem” eram impostas com um simples calibre 38, poucas balas, farda sem colete especial, algemas, e velhos cassetes de madeira; o soldado Zélão garantia muitas ocorrências somente na conversa, sorriso e paciência.

O jeitão bonachão, trazia sua presença nas vigilâncias das escolas municipais e prédios públicos.

Quando uma lei obrigava as redes de ensino municipais ter o acompanhamento de guardas, quem não lembra do Zélão como inspetor escolar nos anos de 1990?!

Suas patrulhas nos períodos eleitorais, fiscalizando as famigeradas “bocas de urnas”, autuando os candidatos sem noção, impondo o cumprimento das leis, para garantir o exercício da democracia, também marcaram época.

Zélão, fiel guardião do Paço Municipal, atento na rua Sete de Setembro, passava noites e dias na sua cabine, liberando a passagem dos carros oficiais na Prefeitura.
Na movimentada rua Campos Salles, garantia a segurança dos jovens pedestres, nas entradas e saídas, dos milhares de alunos da “Escola do Comércio”, assim como em várias escolas municipais e estaduais.
Nas horas de folga, muitas vezes foi “leão de chácara”, nome popular de segurança comercial. Trabalhou na maioria dos grandes eventos particulares do Cosmopolitano Futebol Clube, Rodeios da APAE, Clube da Coca Cola, “EKOM”, Bailes do Mútuo Socorro, supermercados, onde era chamado, sabia fazer seu serviço como segurança e amigo dos frequentadores.

CONTINUE VIGIANDO POR NÓS 
Honrando o estimado companheiro, fardas policiais trazem em suas braçadeiras uma fita preta. Símbolos de respeito e saudade, na memória de um dos mais valorosos soldados da corporação cosmopolense.

Na sua profissão ter amigos e inimigos, é inevitável, mas tenham certeza, a soma maior será de amizades. Zélão descansa das dores terrenas, seguindo para um mundo sem guerras, nos caminhos da paz de Deus.

Aos familiares e amigos, nossos sinceros sentimentos neste triste momento da despedida. Que as preces ao Criador, sejam ouvidas, trazendo misericórdia aos pedidos dos seus filhos.

Estimando amigo Zélão, continue no infinito celestial, vigiando e intercedendo por Cosmópolis, bravo herói desta terra.
Descanse em paz soldado Zélão, “beiço preto”, amigo fiel do povo cosmopolense!!!

Texto Adriano da Rocha
Fotos acervo familiar

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