MEMORIANDO
#TBT do ZÉ/ 1993- Ainda ontem em Cosmópolis
HÁ 26 anos na Avenida Ester...
Quantas descrições, incontáveis histórias, podem ser feitas ao ver este registro fotográfico?! Em cada olhar, uma lembrança, cada geração definindo sua versão da palavra nostalgia.
A Avenida Ester, seguia o mesmo sentido viário da sua criação, lá pelos idos de 1900. Você descia à Avenida, assim falávamos, hoje, você sobe.
As árvores contrastam com suas sobras na foto, dispersas pelas calçadas. Lá no fundão da foto, as várias “figueiras bravas” da Praça do Coreto, que ainda tinha fonte, banheiros, higiene e tranquilidade.
Destacando na Avenida, o recém inaugurado, em 1992, "Calçadão da Avenida Ester", adorado e odiado na região.
Motoristas estacionando de “esgueio”, povão descansando nos bancos e falando da vida. Criando coragem para sair da Villa, subir os morros, e voltar para casa.
Não existia internet, celular, muito menos Whatsapp, telefone era fixo, só rico e comerciantes possuíam, tinha até, quem vivia de alugar linhas. Não existia televisão paga, Netflix, músicas só no disco de vinil e fita cassete.
E o mais importante, até existiam cadeados, mas ninguém preocupava-se em fecha-los, ou, encher os portões e janelas com trincos e tramelas. Ainda predominava o respeito, prevalecendo assim, a segurança por toda Cosmópolis.
Alarmes sonoros, destes para alertar polícia, só usava-se como sinal de escola e fabricas. E como tínhamos fabricas e indústrias em Cosmópolis.
Quando os sinais, sirenes das indústrias e tecelagens soavam, "gritavam" como dizia a colonada, as ruas cosmopolenses eram invadidas por trabalhadores. Horários de entrada e saída, e as pausas para almoço.
As ruas eram dominadas pelas mulheres, principalmente as funcionárias das tecelagens. Caracterizadas pelos jalecos rosas, e suas “Ceci” rosas, marcadas pela icônica cestinha na frente.
Homens, usavam barra forte, e a juventude de “guardinhas” suas monareta e caloizinhas.
Quem morava longe, levava a marmita embrulhada no pano, comendo lá mesmo, quem morava perto, saia com sua bicicleta para almoçar em casa.
O dinheiro era suado, trabalhava-se realmente e muito, mas com muita economia, a bicicleta era comprada. Na verdade, era um símbolo do trabalhador, sua marca por estar empregado.
Outras bicicletas também desciam e subiam a Avenida, algumas com camaras usadas de carro e até trator, outros com matulas, baldes velhos cheios de minhocas e cevas, e varas de pescar.
Eram os banhistas, aventureiros do calor, pirangueiros, pescadores, que faziam o trajeto de ida e volta, da Represa e Poção.
Na foto, o letreiro da “Sorveteria Nova”, referência deliciosa, com seus sorvetes sem iguais, misturas e aromas típicos do gosto cosmopolense. Iguarias que surgiram aqui, e transforam a sorveteria em uma rede.
Criações cosmopolenses, como sorvete de queijo, “guarapá”, anis trufado, suíço (limão com leite condensado), abóbora com coco, muitos sabores. Creme holandês e picolé napolitano, eram meus preferidos.
Iguarias cosmopolenses da Nova, vendidos em enormes taças de vidro, resquícios do “Toninho da Kibon”. Receitas elaboradas atendendo os pedidos da exigente clientela que “vinha para a Villa”.
No alto da parede a tabela de preços e opções, um enorme quadro daqueles pretos com letras e números amarelos removíveis.
Em destaque os americanizados “sundaes” e banana sprit, e os nossos típicos paulistas, ituzinho e ituzão no palito, sorvete na casquinha e cascão, sempre com muita calda.
Tinha as industriais da campineira Vanucci, sabores morango, leite moça, graviola, laranja, manga, groselha, mas, a minha preferida eram as de chocolate e caramelo, feita na hora.
A moleca cosmopolense tinha as suas predileções, a “vaca preta” (misturado com Coca Cola) e a “vaca amarela” (com Sprite, ou Pivatto limão).
Herança saborosa dos tiozões e tias dos anos 1960 e 1970, os sorvetes mais vendidos na Avenida Ester dos “Jardins do Coreto” e "Cine Theatro Avenida".
Só de lembrar dos Sorvetes da Nova, a boca saliva e assanha as “lombrigadas” . Melhor mudar o olhar na foto né!!
No lado direito, a "Screen Sete", popular e nostálgica "Esquina Sete".
Quantas lembranças de infância, desejos de brinquedos, badulaques, material escolar descolado, presentes para aquela namorada, ou, um agrado especial de dia das mães.
Do ladinho, Alemão Games, Flash Vídeo, Açougue Gaúcho, Libanori, Armarinhos Fernandes, Frezarin, Auto scola Medeiros, Sucão, e a histórica Banca do Alaor, marco na distribuição de revistas, jornais, gibis entre infindos produtos impressos.
Grande Alaor, principal responsável pela paixão na escrita de incontáveis gerações.
Quase na esquina, perto do Bar do Bunda Mole, antigo Bar Ideal, ainda resistia aos mais de 90 anos de história, as instalações da Padaria Santo Antônio. Nesta época, Padaria Estrela, comandada pelos irmão Marsoli, os mesmos da fantástica padaria da Monte Castelo.
Ainda tem no lado esquerdo, a loja de Ferragens do Cavagnini, Papelaria do Brandão, encostado com o lendário Bar e Lanchonete Ranchão, Vídeo Som, Sport Magossi, a gigantesca esquina da Roma Calçados... assunto para outras histórias.
Puxa, quantas lembranças minhas, outras muitas suas, com certeza. Tudo isso, em só um pedacinho da Avenida, imaginem nos outros quarteirões e ruas da região central.
Na viagem de memórias, através da foto, nesta Avenida Ester de 1993, parafraseio um trecho de um sucesso desta época.
Texto Zé LINDO
Foto Bruno Petch
Foto Bruno Petch
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