1959... Ao chegar em Artur Nogueira pelos trens da Companhia Sorocabana a primeira imagem que o passageiro avistava ao “apiar” ou fazer a “bardeação” na velha estação era essa. O chão de terra vermelha da velha Avenida Fernando Arens entre as ruas Ademar de Barros e Duque de Caxias, ao fundo a Matriz de Nossa Senhora das Dores abençoando a chegada e a partida dos viajantes . A imagem marcava a alegria contagiante e indescritível da chegada à terra querida, e a última imagem da triste despedida do querido “berço da amizade”.
A velha estação construída pelo Major Arthur Nogueira nos tempos da Carril Funilense, foi testemunha de um incrível progresso, o ouro verde dos cafezais mudando a sua cotação, para o ouro branco e laranja, do algodão e dos laranjais. Velha estação do nascimento de novas vidas, ou será o renascimento de vidas!! Novas vidas, vidas novas, na nova terra, no novo mundo para os milhares de imigrantes que chegavam a Vila de Arthur Nogueira pela antiga estação.
Inúmeras descrições para essa imagem, o apiar na estação tinha vários caminhos, todos hoje trazem saudades, já não existem mais. Caminhos que suas “picadas” podem até não “existir”, o tal progresso mudou esses caminhos em seu nome, mas estão sempre marcantes no itinerário da memória de quem viveu essa época mágica.
Alguns caminhos ao apiar da estação vêm à memória ao olhar a imagem. Na frente da estação próximo antiga Praça do Obelisco em homenagem aos emancipadores, o armazém Peloia. Famoso Armazém Peloia, o tem tudo da época, onde se vendia óleo de cozinha por litro e os clientes traziam os vasilhames (garrafas de vidro usadas), dos fumos “importados” de Goiás, os famosos fuminhos goianos, vendidos para a caipirada em enormes rolos, ou por quilo na velha balança de ferro fenestrado de duas medidas.
As casas comerciais da família Caetano, em especial o ateliê da Dona Ica Caetano com seus majestosos e deslumbrantes vestidos, Um primor na época, vestidos únicos feitos sobre medidas para as mais exigentes noivas do estado de São Paulo.
O velho armazém da família Tebaldi, onde o ilustre filho da terra, Waldemar Tebaldi, famoso prefeito de Americana, com o pai Ângelo e a mãe Constança Tebaldi faziam enormes balaios, jacás para a colheita de café e algodão. Balaios e jacázinhos com freguesia certa e muito disputados pelos sitiantes da região.
O famoso e centenário Bar Floresta, do capilé, do conhaque com limão, distribuidor das cervejas Columbia e da Cia Paulista Antarctica, da maçãzinha Scorsone, os deliciosos doces da campineira, e o mais gostoso lanche de "mortandela" com creme especial que já existiu.·.
Essa é minha lembrança, contada por quem foi testemunha de tantas histórias, meu saudoso pai. No olhar da imagem tantas descrições para o passado, ou para o presente nos olhares mais novos, da movimentada e festeira região do registro fotográfico.
Uma descrição, essa é perfeita e única ao olhar essa foto ou qualquer registro de Artur Nogueira. Com certeza todos concordam, toda imagem sempre descreve com perfeição a palavra AMIZADE.
Texto e foto Adriano da Rocha