sábado, 20 de janeiro de 2018

BAILE DO HAVAÍ E BAILES DAS SAUDADES...

1982/ Famoso Baile da Banda do Brejo, precursor do Baile do Havaí. Um dos bailes mais lembrados da história dançante cosmopolense. A Banda do Brejo, fez história em inúmeros bailes e festas cosmopolenses, sempre contratada em grandes eventos da cidade. Texto e foto Adriano da Rocha
Seguindo uma tradição de quase 30 anos, acontece neste sábado (20), o “Baile do Havaí 2018”, no Cosmopolitano Futebol Clube. Há anos, o “Baile do Havaí” é o maior evento dançante de Cosmópolis, sendo o principal destaque do calendário de festas municipais.

Atualmente, o Baile do Havaí, é nossa única referência de grandes festas dançantes na região. Crises, mudanças de costumes, a invasão do “novo” destruindo o “velho”, e principalmente a falta de respeito e comprometimento com nossas tradições, extinguiram muitas festas cosmopolenses.

No passado, nosso calendário de bailes tinha uma lista extensa, sendo impossível classificar qual era o Baile mais famoso, todos reuniam multidões de “bailantes”. Tradicionais festas cosmopolenses, disputadíssimas, aguardadas ansiosamente em toda região. Quem conhece sabe, cosmopolense sempre gostou de bailar, principalmente organizar grandes bailes.

BAILE ALVIVERDE (COSMOPOLITANO)
O jornal Estado de São Paulo, edição de janeiro de 1919, destacava o Baile Alviverde do Cosmopolitano Futebol Clube, organizado por funcionários da Companhia Sorocabana.

O baile começou simples, sendo realizado em um pavilhão da antiga Carril Funilense, onde eram realizadas manutenções de locomotivas. Neste período, o Cosmopolitano ainda não possuía salão social de festas. O Baile Alviverde, era uma alusão as cores verde e branca, símbolos do Cosmopolitano.
Neste baile citado, as rendas obtidas com convites, reunia fundos para confecção de uniformes.

Com o tempo, o baile mudou de nome, sendo realizado no mês de novembro, comemorando o aniversário do Clube, 15 de novembro. O baile Alviverde, ainda preserva as cores do clube, mas só não o nome. Na atualidade, a festa é nomeada como “Baile de Aniversário”, comemorando neste ano, 103 anos de fundação oficial.

BAILE DAS MASCARAS (USINA ESTHER)
Realizado no palacete Irmão Nogueira (Sobrado) e no antigo salão social da Usina Esther, o baile movimentava a Villa de Cosmópolis, reunindo mascarados de toda região. A festa acontecia na semana anterior ao dia de Carnaval, organizado pelo Major Arthur Nogueira, o Baile teve sua primeira edição em 1906. Inicialmente a festa reunia a alta sociedade campineira, acionistas e fornecedores da Usina, seletos convidados da família Nogueira.

Com a inauguração do Palacete Irmãos Nogueira (Sobrado), obra projetada por Ramos de Azevedo, até mesmo um pequeno coreto foi construído próximo a suntuosa edificação, onde a Corporação Musical da Usina Esther, animava o baile ao som de marchinhas, foxtrote, dobrados e sucessos da época.

Figuras como o Presidente Campos Salles, senador José Paulino, Francisco Glicério, e o imortal escritor Guilherme de Almeida, considerado o príncipe dos poetas, estavam entre as figuras ilustres dos conceituados bailes. Com o falecimento do Major Arthur Nogueira, em 1924, o baile foi extinto. Sendo recriado anos depois, com o nome de “Baile da antecipação”.

Ficavam no passado as fantasias e máscaras, o baile assim como dizia o nome, antecipava as comemorações do carnaval, na época maior evento cosmopolense, com referência estadual.

BAILE DA CHITA 
Início dos anos 1940 / BAILE DA CHITA / Grupo de jovens cosmopolenses, trajando vestidos de chita, confeccionados iguais para todas as moças. Registro fotográfico, feito na Praça Major Arthur Nogueira, próximo a escadaria de acesso a Rua Campinas. Os prédios ao fundo, ainda resistem ao "progresso", ao lado direito, a atual Droga Raia, acima, a Bike Mania.  Ao centro , Alibabá (Roupras escuras), e Alcides Frungilo (roupas brancas) - Texto Adriano da Rocha / foto acervo pessoal de Walter Frungilo

Homens e mulheres, ansiosos aguardavam a chegada do mês de julho. As vendas da chita, crescia nas lojas de tecidos, os aviamentos e materiais de confecção das roupas, eram dobrados os estoques. Habilidosas costureiras usavam da criatividade para inovar a cada ano, vestidos inspirados em atrizes famosas do Rádio, camisas e até ternos, confeccionados com o popular tecido.
Moças e rapazes, formavam grupos usando a mesma estampa do extravagante tecido. O pano, algodão grosso com estampas diversas, sempre muito coloridas, tinha um baixo valor, sendo usado para confecção de toalhas de mesas, cortinas e cortininhas de piá.
O Baile da Chita, começou no fim dos anos de 1930, popularizando-se no período da Segunda Guerra Mundial, pela escassez de tecido. O baile acontecia no antigo salão social do Clube Cosmopolitano, localizado na Rua Baronesa Geraldo de Rezende. Suas últimas edições foram realizadas no fim dos anos 1950.
BAILE DA PRIMAVERA
1932 / Jazz Band Progresso, a sensação musical cosmopolense, destaque musical em festas por todo o estado de São Paulo. Em pé, da direta para esquerda, está Guilherme Hasse, com seu lendário violino.Uma curiosidade, o registro fotográfico foi feito por Guilherme. usando técnicas criadas por ele mesmo, fez a foto automática. É claro, esse automático, depois de muito tempo de preparo e espera dos fotografados. Texto Adriano da Rocha / Foto Grupo Filhos da Terra (José Honorato Fozatti)

   Seguindo tradições europeias, com forte origem germânica, o “Baile da Primavera”, era organizado pela comunidade de imigrantes alemães e suíços, do Núcleo Colonial Campos Salles. Acompanhando as tradições alemães, o Baile da Primavera acontecia na segunda semana de março, saudando o início da primavera na Europa, o qual tem sua chegada neste mês.

Antes da construção do salão de festas da Escola Alemã, o baile era realizado em um grande terreiro, com chão de terra vermelho, sendo molhado constantemente para não levantar muita poeira.

Com a inauguração do salão de festas, em 1930, os bailes conquistavam a cada ano maior público. Neste novo período, o baile seguia o calendário brasileiro, sendo realizado em setembro, celebrando o início da primavera no país.

As flores eram o destaque principal, nos arranjos que adornavam o salão, nas lapelas dos homens, e principalmente nos cabelos das mulheres. Centenas de pessoas, gerações de imigrantes da região, migrantes e filhos da terra, enchiam o salão, sendo necessário até improvisar tendas no pátio.

A festa, era comandada musicalmente por grupos musicais cosmopolenses. Em destaque a “Corporação Musical da Gesang Verein Deutsche Eiche”, e o Jazz Band Progresso. No repertório, muita música alemã e sucessos brasileiros, acompanhados de uma infinidade de comidas típicas, chopp e vinho.

Até o fim dos anos de 1960, o baile ainda era destaque nas celebrações dançantes da região. Sendo extinto no fim dos anos de 1970, juntamente com grande parte da comunidade.

EM NOVAS POSTAGENS
1975/1976 - BAILE DA DESPEDIDA (Mutuo Socorro).Nos comandos musicais de "Duílio de Faveri e sua banda", o baile marcava a despedida do ano em Cosmópolis. Sendo um dos reveillon (ceia de fim de ano), mais disputadas de Cosmópolis.Texto Adriano da Rocha Foto Grupo Filhos da Terra

A lista é extensa, merendo novas postagens. Como esquecer do Baile da Cana (outubro, recriação da festa da cana, nos anos de 1950); Baile do Brejo (Cosmopolitano), com a lendária banda do Brejo (precursor do Baile do Havaí); Baile da Cooperativa (início da Safra de cana), Baile do Açucareiro (Usina Esther); Baile da Despedida (teve início nos anos de 1920, celebrando o fim do ano, realizado no Clube Mutuo Socorro);
Baile do Cowboy (em prol do Hospital Beneficente Santa Gertrudes), Baile da Padroeira (setembro, celebrando a inauguração da igreja Matriz de Santa Gertrudes), Baile de Santo Antônio (considerado popularmente como padroeiro de Cosmópolis, entre a comunidade italiana) ...
A lista é grande, e ainda maior, ao listarmos os bailes dos carnavais cosmopolenses, estes vamos recordar BREVEMENTE, em próximas postagens. Aguardem!!!
Texto Adriano da Rocha
Fotos  Walter Frungilo e Acervo Grupo Filhos da Terra


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