sábado, 2 de junho de 2018

LUTO COSMOPOLENSE


MEMÓRIA COMERCIAL
ADEUS ADÍLSON TERGOLINO
Texto Adriano da Rocha
Fotos Acervo familiar


 Botequeiros e colonada de luto, Cosmópolis perde um dos mais fiéis trabalhadores do comércio popular, referência da região central, querido personagem de muitas histórias.
Na baixada da Avenida Ester, o “Bar dos Tergolinos” está fechado, novamente a velha porta de aço recebe um cartaz. Escrito com profunda tristeza, as poucas palavras que transcrevem a dor do coração:” Fechado por Luto”.

O mais triste anúncio, exposto em um comércio aos clientes e amigos, a morte de um dos seus proprietários. O Bar que representa a continuidade de uma tradição familiar, nesta manhã de sábado, representa a dor da despedida.

Aos 79 anos de idade, faleceu na sexta-feira (01), o querido Adílson Tergolino, um dos irmãos do tradicional “Bar dos Tergolinos”.

VELÓRIO E SEPULTAMENTO
O corpo aguarda aos familiares e amigos no Velório municipal, o sepultamento será realizado às 14h30, no Cemitério da Saudade, em Cosmópolis. Adílson deixa viúva Dona Elga, filhos e netos


COLONO, OPERÁRIO E BOTEQUEIRO
Em fevereiro de 2018, o “Bar Irmãos Tergolino” completou 73 anos de fundação, marcando quase dois anos da morte do saudoso Osmar, falecido em setembro de 2016.

Prosseguindo a história iniciada pelo patriarca José Tergolino, continuavam os trabalhos nos balcões, os irmãos Odair, Adílson e filhos.

Adílson era o mais reservado dos quatro irmãos Tergolinos, sempre sereno e paciente nos atendimentos. Começou ainda adolescente seus trabalhos nos balcões, quando no início dos anos de 1950, o pai comprava à parte dos sócios, tornando o comercio familiar.

O Bar, surgiu em fevereiro de 1945, quando a direção da Usina Ester, abriu espaço para criação de um bar e mercearia, onde seriam atendidos colonos e visitantes.

Adílson trabalhava no bar e Usina, revezando seus afazeres com os irmãos, também funcionários da indústria açucareira.

Nos balcões atendendo a colonada e gente da Villa, os irmãos Odair, Adilson, José e Osmar, nos comandos os pais, Zé Tergolino e Dona Gioconda Marascalchi.

O modesto bar possuía uma das cadernetas mais extensas de toda Cosmópolis, com mais de 500 clientes registrados.

Raramente, os compradores não honravam os pagamentos das contas, afirmavam sempre os irmãos. O colono recebia em uma fila na Usina, e na mesma hora, entrava em outra fila no bar, para pagar suas despesas.

E como não comprar, o bar vendia de tudo, dos doces da Campineira, peças gigantesca de mortadela, mozarela e salame, figurinhas esportivas, bolinhas de gude, bodoques, “maçãzinha” da Scorcione, pinga do Salto grande, Conhaque Presidente, cerveja Columbia de Campinas e produtos da Companhia Antarctica Paulista. Não esquecendo dos salgados, conservas e comportas de doces, produzidos pela família.

O bar permaneceu ao lado do campo da Funilense, até os anos de 1990, quando a nova administração da Usina Ester, exigia a entrada do antigo prédio.

Em 1997, depois de 52 anos de história no local, Adílson e os irmãos, entregavam o prédio para empresa. Seguindo o novo projeto de ampliação da Usina, o prédio e todo complexo de festas, seriam demolidos anos depois.

21 ANOS NA VILLA
Os três irmãos Osmar, Odair e Adilson, começavam a nova história do bar na cidade, ou como dizia a colonada, na Vila. Em 1997 era reinaugurado o "Bar Irmãos Tergolino" na Avenida Esther, esquina com a Rua Max Herget.

O ponto degastado e esquecido, era recriado pelos irmãos, surgia uma nova freguesia, a família trazia credibilidade e respeito ao local. O bar tornava-se um reduto de ex colonos, uma verdadeira referência fora da Usina.

Em 20 anos da nova história na “villa”, Adílson e os irmãos, tornaram-se uma nova referência na cidade. O Bar Tergolino transformou-se em uma pequena colônia de amigos, um reduto de saudosistas da velha Cosmópolis e Usina Ester.

Por motivos de saúde, Adílson estava afastado do exaustivo trabalho nos balcões. Mas como impedir um “botequeiro” com mais de 60 anos de balcão, de não exercer seu oficio?

Sempre que possível, ele voltava aos balcões, nem que fosse para supervisionar os preparos do inigualável “torresmo dos Tergolinos”. A iguaria mais famosa do tradicional boteco, marca dos irmãos na cidade, assim como as porções mistas, e o atendimento sempre amigo e cordial.

MEMÓRIAS E SAUDADES
Cosmópolis realmente perde um querido personagem, um “patrimônio” da história da Usina Ester. Adílson não foi apenas um dono de bar, servia aos cliente exercendo com muita paciência, a função de conselheiro das mais infindas situações.

Ouvia com calma e atenção, as histórias contadas por cada cliente, fosse sobre a situação da cidade ou do time favorito, era imparcial, porém nunca omisso nas opiniões sobre os assuntos.

Atendia à todos com afetividade, as histórias contadas no seu balcão, eram ouvidas por uma pessoa que viveu cada palavra.

Os sinceros sentimentos aos familiares e amigos, principalmente a grande “família Usina Ester”. Adílson foi um dos nossos mais dignos trabalhadores do comércio, pessoa que fez história em Cosmópolis, orgulhando sua terra.

Vá em paz Adílson, olhai por todos aqui, não esquecendo da sua querida Cosmópolis. Forças aos familiares!!! Coragem Odair, para continuar firme à história do Bar Irmãos Tergolino, tenha certeza, rogando por ti seus irmãos estão no céu!!!

Adeus Adílson, não esqueça de pedir ao Criador por nossa Cosmópolis, e que você possa servir essas bênçãos aí de cima!!!
Texto Adriano da Rocha
Fotos Acervo familiar
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