“ As mãe das mães”
No passado, as responsáveis pelo surgimento de vidas e gerações cosmopolenses
Hoje, nomes de ruas e avenidas, no passado, referências de histórias familiares e vidas. Guilhermina Kowalesky (Mina), Angélica Barboza (Gerca), Maria Wölfes, Laura Miranda, Dora Tetzner, Clementina de Faveri, responsáveis pelo nascimento de incontáveis pessoas.
Nas suas mãos, os destinos de cosmopolenses, nogueirenses e paulinenses, interligados à estas mulheres, antes até, dos seus nascimentos. Gerações da região, tem a sua existência, graças as mãos voluntárias destas benditas parteiras.
Hospitais, maternidades e postos de saúde, apenas existiam em Campinas e Limeira. Os médicos, somente particulares, eram insuficientes para atender a gigantesca região dos distritos e vilas campineiras.
Eram as tradicionais parteiras as únicas opções de muitas famílias, realizando o acompanhando da gestação ao nascimento. Conselheiras, benzedeiras, caridosas com aqueles que nada tinham, realizando até sem custos, os trabalhos de partos.
Os esposos e filhos já estavam acostumados. Acordar nos mais improváveis horários, com porteiras batendo, barulhos de conduções e pessoas apeando, seguidos de impacientes chamados:
“Ajudai-me Dona Mina, socorrei-me Dona Laura!!!”. Gritava um aflito pai, acordando a casa inteira, desesperado clamando por ajuda.
Voluntárias da vida, intercediam como ferramentas divinas, trazendo ao mundo mais um vivente. Sempre dispostas, tinham tudo no jeito, para exercer o seu nobre e sagrado ofício.
Cada parteira tinha seus apetrechos próprios, heranças maternas de gerações, herdadas de quem lhes ensinou o ofício.
Cada parteira tinha seus apetrechos próprios, heranças maternas de gerações, herdadas de quem lhes ensinou o ofício.
Em uma maleta, ou simplesmente um picuá (bolsa de pano), traziam tesouras afiadas, panos de algodão limpos, vidros de álcool para esterilização, linhas e agulhas, e até ervas e medicamentos produzidos por elas mesmas.
Eram balsamos, pomadas, chás calmantes, ervas para cicatrização, tudo cultivado em seus quintais, ou, recolhidos em locais específicos dos arredores das “villas”.
Quando a criança “custava” à nascer, não “descendo” nem com orações e preces, tinham as ervas e compressas, e os temidos “ferros”. Um utensílio dos primórdios da medicina, confeccionado forjado em ferro. Como uma grande espátula, utilizada para puxar o “rebento”, a criança do ventre da mãe.
Utilizado somente em casos de risco de morte, devido as inevitáveis sequelas que geravam em mãe e filho, principalmente no útero, tamanha a rudimentariedade do temido “ferro de parteira”.
Nas charretes, trolinhos, “carros de praça” (taxis da época, custeados pela família), saiam apressadas as caridosas parteiras pelas estradas. Uma corrida contra o tempo, uma corrida pela vida.
As mães parteiras, deixavam seus filhos em casa, para interceder às outras mães por seus filhos. Muitas parteiras, treinavam as filhas e netas, acompanhando como ajudantes nos trabalhos de partos.
Habilidosas, sabiam o exato momento da criança surgir ao mundo, descer o correto nome, como popularmente diziam.
Cada parteira, tinha nas suas mãos, os meios para acalmar as incessantes dores do parto, sabiam a posição certa para o nascimento, somente observando as contrações.
Das dores do parto, ao nascer da criança para o mundo, eram as parteiras, a mãe das mães, responsáveis por mostrar aos recém nascidos e progenitoras, a luz do mundo.
O preciso incisar do cordão umbilical, cortava somente a ligação alimentar, a união entre mãe e filho serão sempre eternas, assim como nossa eterna gratidão as nossas primeiras parteiras.
Maria Wölfes Stein, a Maria Parteira. Uma das primeiras parteiras dos núcleos germânicos de Cosmópolis, como Núcleo Campos Salles e Santo Antonio. Seus atendimentos começaram no início dos anos 1900 |
FELIZ DIA DAS MÃES
"Ser mãe é sentir todo o poder do universo dentro do ventre e como um grande arquiteto ela molda, constrói e edifica o bem mais precioso, a vida!" (Luís Alves)
"Ser mãe é sentir todo o poder do universo dentro do ventre e como um grande arquiteto ela molda, constrói e edifica o bem mais precioso, a vida!" (Luís Alves)
Nas fotos, as primeiras parteiras de Cosmópolis, Artur Nogueira e Paulínia. Pioneiras que durante décadas exerceram o sagrado ofício de parteiras, atendendo toda região da antiga Carril Funilense. Nossa homenagem, nossa eterna gratidão!!
Texto Adriano da Rocha
Fotos acervo familiares Lange Miranda, Barboza, Kowalesky e Stein
Matéria disponível impressa no jornal O Cromo, edição deste mês de maio. Distribuída gratuitamente em Cosmópolis e Paulínia