PRESERVAÇÃO DA HISTÓRIA
Em destaque, marcas do incêndio criminoso que destruiu parte das ferragens e cabine do maquinista. O crime foi cometido em 2015 / Fotos Prefeitura de Cosmópolis |
Depois de anos de total abandono, marcado por pichações, roubos de peças, incêndio criminoso, e até invasão por moradores de rua, o trenzinho será restaurado.
As obras de restauração e recuperação do patrimônio público, serão realizadas por iniciativa do grupo Ester Agroindustrial. Todo custo das obras de restauração, assim como a revitalização do espaço, serão totalmente custeados pela empresa, resultado de uma parceria com a Prefeitura.
Foto Prefeitura de Cosmópolis |
Foto Prefeitura de Cosmópolis |
A limpeza do trenzinho, recolhimento de lixo das engrenagens e higienização da máquina, tiveram início nesta segunda-feira (20). Foram recolhidos das engrenagens e cabine do maquinista, roupas velhas, restos de alimentos, e objetos utilizados para o uso de drogas.
A higienização e limpeza foi necessária devido aos resquícios de fezes humanas. O local estava sendo utilizado como banheiro e ponto para uso de drogas.
Para garantir a segurança das obras, evitando vandalismo e invasões, principalmente a preservação das etapas de restauro, o trenzinho será totalmente isolado. Uma parede feita com tapumes de madeira está sendo construída nos entornos da obra.
Os serviços de restauro, totalmente custeados pela Usina Ester, serão realizados por uma empresa cosmopolense, a Zanelato Engenharia. Nos cronogramas da restauração, realizada por etapas, a primeira será a recuperação de toda a parte metálica, parcialmente destruída por um incêndio criminoso.
Na sequência do projeto, está a restruturação do madeiramento das dormentes e trilhos, iluminação, pintura e adesivagem da locomotiva, seguindo o padrão de 1997, data da criação do espaço público.
1997 / Obras de construção da Praça dos Ferroviários. Em destaque instalação do trenzinho, recentemente doado pela Usina Ester ao patrimônio público cosmopolense / Foto Adriano da Rocha
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Doado pela Usina Ester ao patrimônio público cosmopolense, a locomotiva foi fabricada na Inglaterra em 1890, sendo parte de um conjunto de oito máquinas iguais, construídas exclusivamente para a Carril Agrícola Funilense. A doação realizada em 1997, celebra os 100 anos da inauguração da estação de trens em Cosmópolis, recebendo o espaço, o nome de Praça dos Ferroviários.
Novembro de 2008./ Ainda preservado, com ferragens e engrenagens intactas / Foto Adriano da Rocha
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A Praça, assim como os terrenos da Câmara Municipal, Companhia da Polícia Militar, Terminal Rodoviário e as praças Edmée Garcia e Paineira, foram doados pelo Estado ao município. Antigas terras pertencentes ao patrimônio da extinta Cia Sorocabana, então incorporada pela FEPASA (Ferrovias Paulistas S/A). Nesta região existiam as chaves e ramais de vias da Funilense, trilhos de acesso à Usina Ester e cidades da região, e as oficinais da Sorocabana, atual Rodoviária.
2001- última reforma realizada no Trenzinho canavieiro, projeto na época, pintou na cor padrão da Sorocabana, e revitalizou a Praça do Ferroviários / |Foto Adriano da Rocha |
Símbolo turístico e cartão postal nos anos de 1990, a última reforma realizada no trenzinho aconteceu em 2001. A situação de abandono ao patrimônio histórico municipal e paulista, foram destaque em inúmeras matérias da imprensa regional. Destacando, as matérias especiais do jornal Correio Popular e EPTV Campinas, em parceria com o Acervo Cosmopolense.
CURIOSIDADE E HISTÓRIA
1900 / Trenzinho canavieiro nos primeiros anos da sua chegada ao Brasil. No registro fotográfico, o trenzinho adentrando no complexo da Usina Ester, recém inaugurado em 1898./ Foto Adriano da Rocha |
O nosso popular “trenzinho canavieiro” não é o único exposto em local público. As outras sete locomotivas, parte do conjunto de oito máquinas da Usina Ester, estão preservadas em vários espaços destinados à memorabilidade ferroviária.
A família Nogueira preservou trenzinhos canavieiros e outras locomotivas de maior porte, em propriedades da família como a Fazenda São Quirino, em Campinas, e casa Paulo Netto, em São Paulo. Outros trenzinhos canavieiros cosmopolenses, foram doados para o patrimônio do Estado de São Paulo, destacando a locomotiva exposta no Museu do Catavento, antigo Palácio das Indústrias, na capital.
Durante mais de 80 anos, os trenzinhos realizaram os serviços de carga e descarga de cana de açúcar nas terras da Fazenda Usina Ester e fornecedores. Desativados no fim dos anos 1970, as maquinas estão entre os maiores símbolos do progresso industrial paulista.
Marcos industriais e do surgimento de várias cidades, como Cosmópolis, Artur Nogueira, Holambra, Engenheiro Coelho, Conchal, Americana e Santa Barbara do Oeste. Cidades que “nasceram” nas margens da Carril Agrícola Funilense.
Construído seguindo um projeto idealizado pelos irmãos Major Arthur Nogueira Ferraz e José Paulino (um dos fundadores e presidentes da Cia Paulista), Barão Geraldo de Rezende, João Manuel de Almeida Barboza (dono da Fazenda Funil), fundadores da Funilense, outras máquinas foram adquiridas por distantes usinas pelo mundo.
Trenzinhos idênticos aos cosmopolenses, ainda proporcionam serviços à usinas em Cuba, Haiti, entre outros países e estados americanos como Havaí.
LOCALIZAÇÃO
O "trenzinho canavieiro" da Carril Funilense está na Praça dos Ferroviários, localizada nas confluências da rua Getúlio Vargas, bairro da Sericultura. A referência é a Câmara Municipal dos Vereadores, o trenzinho está em fronte ao acesso principal do plenário João Capatto, próximo ao Terminal Rodoviário Prefeito José Garcia Rodrigues (Zé da Peggê).
Texto Adriano da Rocha
Fotos Prefeitura de Cosmópolis e Acervo Adriano da Rocha