domingo, 14 de julho de 2019

245 DE HISTÓRIAS- NOSSA CAMPINAS COSMOPOLENSE

Marco do surgimento de cidades, símbolo maior do progresso Paulista, a “Princesinha do Oeste”, com poderes e valores de "Rainha'' no mundo. Berço de celebres nomes, terra de imortais da história nacional e internacional, cidade das andorinhas, amigos, e das nossas raízes cosmopolenses.
1929 - Mapa do Município de Campinas, destacando suas "Villas" e distritos, como Cosmópolis, Americana, Santa Barbara, Rocinha (atual Vinhedo), Rebouças (Sumaré ), Souzas, entre outras.


Neste domingo, dia 14 de julho, são celebrados os 245 anos de Campinas. Data que marca o aniversário da cidade, sua oficialização como "Villa", e também, os desbravamentos das terras que originariam Cosmópolis.

As atuais cidades de Campinas e Cosmópolis, estão interligadas desde o início de suas histórias. Cosmópolis, nasceu de Campinas, sendo distrito campineiro até sua emancipação política e administrativa, em 30 de novembro de 1944.

O progresso da “Vila Cosmópolis”, exaltavam o distrito como a “Nova Campinas”, sendo o berço de uma das suas mais pungentes industriais, a Usina Ester. A alusão de “Nova Campinas”, surgia antes do progresso industrial, em 1890, com a primeira epidemia de febre amarela.

A epidemia que dizimava vidas na cidade, projetada nas terras cosmopolenses uma “Nova Campinas”, livre da misteriosa doença. Até, surgir o primeiro caso de febre amarela nas novas terras, cancelando o projeto. Ainda não sabia-se que o mosquito, era o principal transmissor da doença.
1929 - Mapa do Município de Campinas, destacando suas "Villas" e distritos, como Cosmópolis, Arthur Nogueira, José Paulino (atual Paulínia )Americana, Santa Barbara, Rocinha (atual Sumaré), Souzas, entre outras.

Nossas histórias se cruzam incontáveis vezes, sendo impossível contar a história de Cosmópolis, sem mencionar, citando a importância de Campinas. Celebres políticos campineiros, prefeitos interinos de Campinas, possuíam terras em Cosmópolis, sendo responsáveis pela criação urbana e industrial cosmopolense.
Em destaque, os prefeitos João Batista de Barros Aranha, Orozimbo Maia, Antônio Campos Salles, Antônio Álvares Lobo, Heitor Teixeira Penteado, proprietários de terras cosmopolenses e responsáveis pela administração da Villa, e criação de projetos urbanos e rurais.
Na sequência, uma seleção de curiosidades e registros, que interligam as histórias de Cosmópolis e Campinas. Como dizia nas suas audições o campineiro Cesar Ladeira, famoso pioneiro do rádio, "Campinas, a cidade mãe de cidades".

NASCEMOS, SURGIMOS, JUNTOS COM CAMPINAS
Cosmópolis surgiu dos desbravamentos do “Pasto do Fundão”, região mais distante do território campineiro. Os primeiros desbravamentos, abertura de “picadas” nas matas, passagem de batelões (embarcação fluvial paulista indígena, um gigantesco barco criado usado apenas um grande tronco de árvore) pelos rios Jaguari, Pirapitingui e Três Barras (Baguá), são do fim do século 16. As passagens e aberturas nas matas, foram nomeadas de "Trilhas dos Goiases", caminhos de acesso aos atuais estados de Goiás e Minas Gerais.

Os desbravamentos aconteciam na busca pelo ouro e esmeraldas, na passagem dos Anhangueras, velho e novo, e das bandeiras de Fernão de Camargo e Barreto Leme, fundadores de Campinas. O nascimento de Cosmópolis, como povoação, surgia com a criação de Campinas, por volta do ano de 1772.

COLONIZADA POR CAMPINEIROS
01- Manuel Ferraz de Campos Salles/ 02- Orozimbo Maia / 03- Major Arthur Nogueira Ferraz/ 04- Gertrudes Eufrosina Nogueira Ferraz / 05 - José Paulino Nogueira Ferraz / 06 - Heitor Penteado

Cosmópolis não foi colonizada por imigrantes germânicos, suíços e alemães, como erroneamente é mencionado. A criação dos núcleos coloniais, aconteceriam somente no fim do século 18. Os germânicos foram os pioneiros nos núcleos, somente na primeira fase dos loteamentos. Em 1900, a maioria dos lotes coloniais e urbanos, eram de imigrantes italianos, representando mais de 70% da população cosmopolense.

A verdadeira colonização das terras cosmopolenses, criação das primeiras fazendas e povoações, foi feita por campineiros no fim do século 17. Eram bandeirantes do "Planalto de Piratininga" (atual cidade de São Paulo) e seus descendentes, na sua maioria caboclos, mistura dos índios com os europeus (portugueses e espanhóis).

Os primeiros colonizadores das terras cosmopolenses, responsáveis pelo desbravamento das matas e introdução da agricultura (cana de açúcar e café), foram as famílias campineiras Almeida Barboza e Ferraz. Os Almeida Barboza, destacando o Padre João Manuel de Almeida Barboza, fundou a Fazenda do Funil nos idos de 1800, terras que originariam Cosmópolis.

PIONEIROS DE CAMPINAS, OS COLONIZADORES DE COSMÓPOLIS
O Padre Almeida Barboza, foi uma das figuras religiosas mais importantes de Campinas, assim como, pessoa extremamente controverso na sua vida particular, marcado pela severidade e relacionamentos amorosos com criadas.
Sem herdeiros, doou as terras ao filho de uma funcionária, seu afilhado, o campineiro João Manuel de Almeida Barboza.
Conhecido como um dos maiores capitalistas do seu tempo, o jovem herdeiro do Padre, é considerado filho do religioso.

Os Ferraz, são responsáveis pela colonização e desbravamento não somente de Cosmópolis, mas de grande parte de todo o Oeste Paulista. Os Ferraz campineiros mais conhecidos, são os Nogueira Ferraz, destacando os irmãos José Paulino e Major Arthur, fundadores da Usina Esther, e o político e capitalista, Manuel Ferraz de Campos Salles.

FAMÍLIA DE CAMPOS SALLES É “COSMOPOLENSE”
Segundo Jolumá Brito, renomado historiador campineiro, os pais do famoso presidente e governador de São Paulo, Camposa Salles, nasceram nas atuais terras cosmopolenses. Em relatos de amigos dos Ferraz de Campos Salles, primos dos Almeida Nogueira, Campos Salles passou parte da infância nas terras cosmopolenses.

Nas pesquisas do historiador, realizadas nos anos de 1940, a família Ferraz de Campos Salles, possuía uma grande fazenda na região. O local exato da propriedade, seria nas terras que originariam o “Núcleo Colonial Campos Salles”, recebendo este nome em sua homenagem.

O Núcleo Campos Salles, é considerado o primeiro projeto republicado de colonização de terras, povoado por imigrantes suíços e alemães. As terras cosmopolenses da família Ferraz, milhares de alqueires, tinham início nas margens do Ribeirão Três Barras, cruzando Artur Nogueira, Holambra, Engenheiro Coelho e Conchal, terminando em Mogi Mirim.

Com os casamentos, falecimentos de membros, as terras foram repassadas aos novos herdeiros, sendo loteadas em empreendimentos particulares, e em parceria com o Estado, como aconteceu nos núcleos coloniais Camposa Salles, Santo Antonio e Nova Campinas.

Entre os novos herdeiros das terras, campineiros como Fernando Arens Júnior, Major Arthur Nogueira Ferraz e irmãos, e os Oliveiras Pinto, conhecida família Frade.

IGREJA MATRIZ DE SANTA GERTRUDES
01- Ramos de Azevedo / 02- Inauguração da Igreja Matriz de Santa Gertrudes, Igreja Velha. Em destaque na foto, importantes figuras da sociedade campineira, como os políticos Orozimbo Maia, Heitor Penteado, João Aranha, Francisco Glicério, e ao centro, Major Arthur Nogueira e familiares.
03- Igreja Velha, primeira Igreja Matriz de Santa Gertrudes.
04- Igreja de São Benedito em Campinas 

A “igreja velha”, primeira Matriz de Santa Gertrudes, tem seu projeto inspirado nos templos campineiros da Basílica Nossa Senhora do Carmo, seguindo sua base arquitetônica, e a Igreja de São Benedito. O responsável pelo projeto cosmopolense, foi o celebre arquiteto Ramos de Azevedo, uma homenagem do campineiro Major Arthur, a matriarca da família, Gertrudes Eufrosina Bicudo Nogueira Ferraz.

Figura de destaque da sociedade paulista e campineira, carinhosamente conhecida como “Tudinha Nogueira”, uma das mulheres mais ricas do Oeste Paulista.

Para homenagear as raízes religiosas da família, a “Igreja Velha de Santa Gertrudes” era inspirada na Basílica de Nossa Senhora do Carmo, onde surgiu a cidade de Campinas e nasceu a maioria dos Nogueira Ferraz, como a homenageada.

Porém, toda a estruturação, adornos e simbologia religiosa, da “Igreja velha de Santa Gertrudes”, seguia o mesmo padrão arquitetônico da Igreja de São Benedito, histórico templo religioso criado por escravos de Campinas.

A Igreja de São Benedito, construída em 1835 por escravos da Fazenda Saltinho e região, na sua restruturação no fim dos anos 1880, o projeto era feito por Ramos de Azevedo. A "Igreja velha de Santa Gertrudes", possuía os ornamentos, colunas, janelas e vitrais, semelhantes da Igreja de São Benedito. Confeccionados com as mesmas formas de moldes cimentícios, ferragens e portas, usados na Igreja São Beneditos, adaptados ao templo cosmopolense, em Campinas.

A inspiração na Basílica do Carmo, era realizada na área interna e externa, altar e revestimentos das paredes.

Intempéries climáticas, fortes tempestades e até um ciclone que devastou a região, impediram que as obras seguissem fielmente ao projeto original, diminuindo o tamanho da igreja. Neste ciclone, acontecido nos anos 1900, os ventos derrubaram paredes e a torre da Matriz.

No mesmo período da construção da “Igreja velha”, o escritório de Ramos de Azevedo era responsável pelos projetos e obras, do complexo industrial da Usina Ester, Palacete Irmão Nogueira (Sobrado), e o armazém de distribuição da Carril Agrícola Funilense, em Campinas.

Construção que anos depois seria incorporada ao patrimônio municipal, tornando o popular “Mercadão”, um dos maiores símbolos de Campinas. Todas as obras, eram supervisionadas em Campinas e Cosmópolis, por Dumont Villares, sobrinho do inventor Santos Dumont.

RUA CAMPINAS: “ESTRADA DOS TROPEIROS”
01- Inauguração do monumento em homenagem ao Major Arthur Nogueira. Na foto, ao lado do monumento, está o prefeito Orozimbo Maia, rodeado de políticos campineiros e família Nogueira / 02- Inauguração da Praça Major Arthur Nogueira, com a presença do prefeito de Campinas, Celso da Silveira Rezende, junto com sua comitiva.

03- 1908- Estação Sorocabana, antiga Funilense, destacando a curva de acesso à Usina Ester, demarcando o fim da Rua Campinas na Baronesa Geraldo de Rezende.

04- Inauguração da Usina Ester, com a presença de inúmeras autoridades políticas campineiras. Em destaque, Francisco Glicerio, Orozimbo Maia, Dumont Villares, Heito Penteado, João Aranha, Sidrack Nogueira Ferraz, Coronel Silava Telles, entre outros.

05- 1890- Cachoeira do Funil, região do Poção, estão na foto o Barão Geraldo de Rezende, José Paulino Nogueira Ferraz, Bento Quirino, Arthur Nogueira, Coronel João Manuel de Almeida Barbosa, proprietário da Fazenda Funil, entre outros.

A Rua Campinas, até o loteamento urbano de Cosmópolis em 1900, era uma estrada que ligava a Fazenda do Funil à Campinas. Com o surgimento da Villa Cosmópolis, o fim da Rua Campinas, atual rua Baronesa Geraldo de Rezende, era a divisa urbana com as terras da Fazenda Usina Ester.
Inicialmente, a Rua Campinas era uma junção com a atual João Aranha, uma abertura nas matas, criada pelos primeiros desbravadores no século 17.

Neste período, a Rua Campinas terminava nas proximidades da atual "Praça do Coreto", sendo a região usada como pouso de tropeiros e viajantes. Outro caminho neste mesmo ponto, chamado de “Barroquinha”, devido a situações de barrancos e morros dos terrenos, era o principal acesso para outras cidades.

O pouso, um local de descanso, antes de seguir para Limeira e Piracicaba, surgiria nos anos 1890, a "Estação da Carril Funilense", que delimitava o fim da Rua Campinas na Baronesa Geraldo de Rezende. A delimitação acontecia pelo cruzamento dos trilhos, que faziam a “curva”, paras as terras da Fazenda Usina Ester e "Vila de Arthur Nogueira".

Cosmópolis, sempre campineira de coração!!
Campinas na história da cidade de Cosmópolis. Campinas, sempre presente, com muito orgulho e satisfação, nas histórias pessoais e familiares, de milhares de cosmopolenses.
PARABÉNS Campinas, saudações e felicitações dos “campineiros de Cosmópolis”!!!


Texto Adriano da Rocha
Fotos Acervo Grupo Filhos da Terra

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