segunda-feira, 8 de março de 2021

ESTHER : FILHA, ESPOSA, MÃE , AVÓ, REFERÊNCIA E EXEMPLO DE MULHER

 DIA INTERNACIONAL DA MULHER



Quem foi essa mulher, precursora de 144 anos de histórias ?

Texto Adriano da Rocha




            Início dos anos 1900 - Animação de foto pintura de Esther Coutinho Nogueira  

Há mais de 123 anos, seu nome é referência, marca, localização, símbolo do progresso industrial, agrícola e municipal. Um nome imortalizado em grandes empreendimentos, marcante na história do Estado e, principalmente, na cidade de Cosmópolis.

Esther, com th, ou com t, pela nova ortografia dos anos 1940, enaltecido em velhas placas de ágata, nomeando a principal Avenida de Cosmópolis, bairro, e a primeira escola infantil municipal.

Em Campinas, é localização no bairro Vila Nova, logradouro de casas e prédios residências, circunscritos na Rua “Dona Estér Nogueira”.

Saguão de entrada do Edifício Esther, marcado por ornamentos em bronze e ferro forjado com alusão as engrenagens da Usina Ester, inaugurada em Cosmópolis em 1898. Foto: Shoichi Iwashita

Edifício Esther, localizado na região da Praça da República, em São Paulo. Inaugurado em 1934, a obra é assinada pelos engenheiros Álvaro Vital Brasil e Adhemar Marinho, considerada a primeira edificação modernista do Estado. O projeto foi escolhido através de um concurso, organizado por Paulo de Almeida Nogueira, esposo de Esther Nogueira. O edifício foi criado como nova sede dos escritórios comerciais da Usina Ester, sendo blocos de uso misto, com salas comerciais, escritórios, lojas e apartamentos. O segundo bloco ao lado do Esther, é o edifício Arthur Nogueira.  Foto: Shoichi Iwashita


Imponente, esculpido em gigantescas peças de mármore italiano, ornamentado em letras de bronze, nomeia um dos mais famosos prédios da capital, o modernista “Edifício Esther”. Neste edifício, parte de um conjunto de prédios comerciais e residências  como o "Arthur Nogueira" e "José Paulino",  residiam e frequentavam importantes nomes da cultura e política paulista, como Mário e Oswald de Andrade, Tarcila do Amaral, entre outros importantes nomes das artes e literatura. 

Oficialmente inaugurado em 1938, o edifício Esther é o primeiro prédio modernista de São Paulo, localizado na região da Praça da República, foi projetado pelos jovens  arquitetos Alvaro Vital Brazil e Adhemar Marinho. Na mesma região, considerada um dos marcos históricos  de São Paulo, estavam localizados os escritórios comerciais e depósitos agrícolas do Grupo Esther. 

As homenagens, trazem sempre uma dupla menção, a pessoa Esther, e a marca imortalizada com seu nome, a “Usina Açucareira Ester”.

1949 - Imagem aérea  do complexo industrial e colonial da Usina Ester em Cosmópolis / Foto  Acervo paulista da I.N.F.A

Oficialmente fundada em 02 de março de 1898,  é a mais antiga indústria açucareira das Américas, funcionando interruptamente, há 123 anos. O nome da secular usina e seu grupo agrícola industrial, são homenagens a Esther Coutinho Nogueira. Cosmópolis surgiu e desenvolveu-se através da Usina Ester e empreendimentos dos grupos agrícolas, férreos e industriais  do grupo Ester.


Quadro à óleo retratando Esther Coutinho Nogueira - Imagem original ficava exposta na Usina Ester


Mas quem foi Esther?! Referência diária para milhares de cosmopolenses, conhecida avenida e usina, e desconhecida por muitos, a história da pessoa homenageada.

“Esther, era de estatura mediana, olhos negros intensos, pele morena clara, típica nuance e estereótipo paulista. Sempre serena, falava calmamente, um jeito único, gentil e caridoso. Como era costume na época, falava e escrevia, em francês, inglês, italiano e espanhol. Assim como o latim, necessário para acompanhar as missas católicas, as quais, frequentava assiduamente. Mulher de destaque nos grupos assistenciais, ajudava sem olhar à quem fosse o desvalido. Foi honrosa filha, progenitora e sobrinha, sempre enaltecida pelo estremo afeto e amor, como a mãe de toda família.”.

Assim descreve a pessoa de Esther, seu neto, Paulo Nogueira Neto, em entrevista ao blog do Acervo Cosmopolense, em outubro de 2018.

1930- Esther Nogueira  aos 53 anos de idade - Foto acervo Adriano da Rocha


 Esther Nogueira Ferraz, seu nome de solteira, a mais velha de 8 irmãos, filha do casal José Paulino Nogueira Ferraz e Francisca Coutinho Nogueira Ferraz. Nasceu em um extinto casarão da família, localizado na atual Rua Barreto Leme, região da agência do INSS, marco do surgimento da cidade de Campinas.


DUMONTS COMO AMIGOS DE INFÂNCIA
Esther iniciou os estudos no “Colégio Florence”, de propriedade de Carolina Florence e Hércules Florence, um dos inventores da fotografia, estudando com as irmãs de Santos Dumont, Francisca e Gabriela. A jovem Francisca de Paulo Dumont, estava entre suas melhores amigas de infância, nascidas no mesmo ano.

Terminou os estudos no “Colégio Culto à Ciência”, o qual seu pai José Paulino, foi um dos fundadores, em sociedade com Antônio Pompeu de Camargo, Campo Salles, Francisco Glicério, Américo Brasiliense, Prudente de Moraes Barros, entre outros.  Importantes nomes do império, responsáveis pela proclamação da república, amigos e familiares dos Nogueiras Ferraz.

Nesta mesma escola, seus irmãos mais novos, estudaram com o jovem Alberto Santos Dumont, genro de João Manuel de Almeida Barbosa, dono da Fazenda  Funil. Propriedade rural, que futuramente, em 1898, seria instalada a usina com o nome “Esther”, terras que originariam a atual cidade de Cosmópolis.


FEBRE AMARELA E O AMOR PELA CARIDADE
A grande epidemia de febre amarela, responsável pela morte de milhares de pessoas em Campinas e região, mudava seu destino em 1889. Ano marcado pelo alastramento da doença, centenas de pessoas morriam semanalmente da misteriosa epidemia. Campinas, que estava sendo cogitada como a nova capital, era dizimada pelas incontáveis mortes.

1880 - José Paulino Nogueira Ferraz, pai de Esther e importante personagem da história brasileira. Foto Acervo Companhia Paulista de Trens e Estradas de Ferro, empresa a qual Paulino, foi um dos presidentes e  principais acionistas 


Seu pai José Paulino, então presidente da Câmara de Campinas, foi um dos poucos políticos que permaneceram na cidade. Esther, irmãos e a mãe dona Francisca, ficaram na cidade, unidos com os princípios do patriarca, ajudando os milhares de doentes.


Esther, com 12 anos de idade, percorria com os irmãos as ruas, angariando alimentos aos desvalidos doentes, e recursos financeiros para as obras de saneamento, idealizadas pelo pai.  
O frequente contato com os doentes, infecta seus pais, José Paulino e dona Francisca. O pai, consegue recuperar-se da doença, a mãe não resistindo as várias sequelas, morre meses depois.


A FAMÍLIA EM PRIMEIRO LUGAR
Março de 1907 - Viagem para a estação das águas, em Poços de Caldas, Minas Gerais.  Da esquerda para direita: José Paulino, Esther Nogueira, Tilinha, Paulo de Almeida Nogueira, Bento Quirino, Sinhá Quirino Moraes Barros, Paulo Nogueira Filho, José Paulino Neto, Francesquinha Nogueira e seu noivo Nicolau Moraes Barros. Os Moraes Barros na foto, são sobrinhos do presidente Prudente de Moraes - Foto Acervo família Coutinho Nogueira

Esther, era o reflexo e base do pai, permanecendo ao seu lado na viuvez, abandonou a própria vida pessoal, para cuidar da família.  O primo Paulo de Almeida Nogueira, ficou apaixonado pela marcante personalidade da jovem, propondo casamento ao seu pai. Esther aceitou, com uma condição, terminar a criação dos irmãos, e estar sempre na companhia do pai.

1895 - Esther Coutinho Nogueira, com 18 anos,  no dia de seu casamento- Foto acervo Adriano da Rocha


Casou-se aos 18 anos de idade, no mesmo dia do casamento, uma cerimônia simples realizada na Basílica de Nossa Senhora do Carmo, em Campinas, os noivos mudaram-se para capital. A residência, o casarão de José Paulino, localizado em lugar de destaque na Avenida Paulista.

A extinta construção, considerada uma das mais imponentes de São Paulo, era assinada pelo arquiteto e engenheiro, Ramos de Azevedo.  O mesmo que construiu o Theatro Municipal de São Paulo, Mercadão, Pinacoteca, Catedral de Campinas, entre outras imortais obras. Ramos de Azevedo, era primo dos Almeida Nogueira, sendo sobrinho da mãe de Santos Dumont.

Dezembro de 1930 – Tradicional almoço de agradecimento, organizado pelo casal Esther Coutinho Nogueira e Paulo de Almeida Nogueira, no fim das safras da Usina Ester.   Ao centro da foto, está Esther e Paulo, ao lado esquerdo as mulheres são, a nora Regina Coutinho Nogueira, esposa de Paulo Nogueira Filho (Paulito), neta do ex-presidente Campos Salles, e Odila Egídio de Souza Santos Camargo. Odila, familiar de Joaquim Egídio (que leva o nome do distrito campineiro), foi uma das primeiras professoras da Usina Ester. Na esquerda, o segundo homem é seu esposo, Lafayette Álvaro de Souza Camargo, então diretor da Usina, anos depois, nomeado prefeito de Campinas. 

 Em Cosmópolis, Ramos de Azevedo projetou o complexo industrial da Usina Ester, extintos Palacete Irmãos Nogueira (Sobrado), e antiga Igreja Matriz de Santa Gertrudes, e o Mercadão de Campinas (então armazém da Carril Funilense). Entre outras edificações da família Nogueira, sempre supervisadas, pelo escritório Dumont Villares, pertencente ao sobrinho de Santos Dumont, associado à Ramos.

1929 - Palacete Irmãos Nogueira, popular Sobrado da Usina, residência da família Nogueira em Cosmópolis, localizado em frente ao complexo industrial da Usina Ester. Na sacada, estão Paulito, Paulo de Almeida e Paulino Neto. A edificação projetada por Ramos de Azevedo, foi demolida em 2011 - Foto acervo Adriano da Rocha



USINA AÇUCAREIRA ESTHER E FUNILENSE

1900 - Visita ao recém inaugurado complexo industrial da Usina Ester. Na esquerda, a primeira mulher é Esther Nogueira, ao lado do esposo Paulo de Almeida  Nogueira e o pai José Paulino. O primeiro homem de chapéu, é Dumont Villares, sobrinho de Santo Dumont, e responsável pelas obras do Escritório Ramos de Azevedo /  Foto acervo Usina Ester

Em 1898, com a oficialização das compras da Fazenda do Funil, surgia um dos maiores empreendimentos industriais do interior paulista, a construção da Usina Açucareira Esther. O nome, uma homenagem feita pelo Major Arthur Nogueira, a estimada sobrinha Esther. A Usina tinha José Paulino, e outros três familiares, como idealizadores e proprietários do audacioso empreendimento.

O projeto industrial e agrícola, mudaria o cenário e a história, de toda antiga região do Funil. Para transportar as produções da Usina Esther e demais fazendas do grupo, foi criada a “Companhia Carril Agrícola Funilense”, onde eram sócios os Nogueira Ferraz, Coronel Silva Teles, Barão Geraldo de Rezende e João Manuel de Almeida Barbosa, antigo proprietário da Fazenda Funil.


1900 - Locomotiva Esther,  um dos trens  responsáveis pelos transportes agrícolas da Carril Funilense. A locomotiva encontra-se preservada na residência de Paulo Nogueira Neto, no bairro Morumbi, em São Paulo - Foto acervo Miler Adamo

Entre as várias locomotivas, importadas da Inglaterra, fabricadas exclusivamente à companhia, uma das principais, recebia o nome de Esther Nogueira. A gigantesca “Maria fumaça”, movida pela combustão de lenha, transportava as produções da Usina, produtos agrícolas dos núcleos coloniais e associados da Funilense, que seguiam destino para Campinas e São Paulo.

Às margens das linhas férreas, surgiam os futuros municípios de Cosmópolis, Paulínia, Artur Nogueira, Holambra, Engenheiro Coelho, Conchal, Americana, entre outros municípios da região, formados através dos caminhos abertos pelas estradas de ferro.

 Esther e o esposo Paulo de Almeida Nogueira, rodeada dos filhos e irmãos. Registro feito em Paris-França, em 1908. Foto Acervo família Coutinho Nogueira


O esposo, Paulo de Almeida Nogueira, foi nomeado como um dos principais diretores da Usina, sendo responsável pela empresa e demais grupos agrícolas da família.  

Esther, sempre ao lado do esposo, vivia entre São Paulo e Campinas, residindo na Fazenda São Quirino, mais antiga propriedade agrícola  em atividade interrupta do Brasil, pertencente  à família do esposo, e o Sobrado da Usina.

1899 - Esther Nogueira e Paulo de Almeida Nogueira, com o filho Paulo e "Tilinha", irmã de Esther, filha de José Paulino


Nestes percursos pelas propriedades da família, nasciam os filhos, Paulo Nogueira Filho e José Paulino Nogueira Neto. Paulo, o Paulito, como era carinhosamente apelidado pela mãe Esther, destacou-se em várias áreas, sobretudo a literatura, jurídica e histórica paulista, e a política estadual.

1909/ Paris,França /  Os irmãos  José Paulino Nogueira Neto e Paulo Nogueira Filho, filhos de Ester - Foto Acervo Família Coutinho Nogueira


REVOLUÇÃO CONSTITUCIONALISTA DE 1932

1944 - Paulito, em fotografia tirada em março de 1944, no sul da Argentina, durante seu exílio imposto pelo ditador Getúlio Vargas - Foto Paulo Nogueira Neto


Paulito, foi um dos principais líderes da Revolução Constitucionalista de 1932, utilizando o Sobrado da Usina, como sede de comandos dos generais e capitães do movimento. O complexo industrial da Usina, mantinha soldados, chegando até, a serem criados projetos para a fabricação de munições.

Esther, ao lado do esposo e filho, angariavam fundos para financiar o ideal paulista da nova constituição, assim como, destituir o ditador Getúlio Vargas.



1932 - Destaque no mapa de W. Rodrigues, para o front de Campinas,  próximo ficava a Usina Ester


Nos meses da Revolução, Esther fixou residência na São Quirino e Cosmópolis, devido aos constantes bombardeiros e agitações da capital e Campinas. Na região, coordenou com o  filho Paulito, a campanha “Ouro para o bem de São Paulo”, que buscava financiar os suprimentos às tropas paulistas. Paulo de Almeida Nogueira, fazia as intermediações junto aos empresários e fazendeiros, angariando altas quantias ao grupo. 

Em Cosmópolis, as centrais de arrecadação organizadas com apoio de Esther e Paulito, ficavam no Sobrado e nas imediações da  Estação Sorocabana.

Esther Nogueira Ferraz aos 18 anos de idade- Foto Acervo família Coutinho Nogueira


Em 12 de junho, completará 142 anos do seu nascimento. Marcando no dia 06 de novembro de 2018, 77 anos da sua morte, em 1941.  Esther faleceu aos 64 anos de idade, em seus últimos anos de vida, residiu na Fazenda São Quirino. Entre os principais agravantes de sua morte, o sofrimento pela ausência do filho Paulito, exilado pelo ditador Getúlio Vargas, no fim da revolução de 1932.




Placa viária  em ágata, datada de 1955,  exposta  na Avenida Ester
 
No dia 02 de março, a Usina Ester completou 121 anos de fundação, preservando não somente sua história industrial e comercial, mas também, a memória de Esther.  São realizadas anualmente as missas em graças as safras e saúde dos trabalhadores, doações   de frutas dos pomares da usina, assim como ajuda financeira, às entidades filantrópicas, e os tradicionais presentes de natal aos filhos dos funcionários. No passado, ações realizadas pessoalmente por Esther.


DESPEDIDA DE ESTHER

Julho de 1941 - A foto em destaque, é o último registro de Dona Esther em vida, feito na varanda da Fazenda São Quirino. Na varanda, quando encontrava forças, ficava contemplando o horizonte da grandiosa fazenda. Olhando distante, na esperança de ver o filho regressando. O registro foi feito pelo neto, José Bonifácio Coutinho Nogueira

Em 06 de novembro de 1941, uma triste quinta-feira, há exatos 77 anos. Estridente o telefone de baquelite tocava no escritório, a telefonista transmitia uma mensagem de Campinas.
Com triste pesar, a funcionária da “Companhia Sino Azul” noticiava à direção da Usina Ester: “Dona Esther Nogueira, acabou de falecer”

Era acionada a velha sirene da Usina, colonos e pessoas da Villa de Cosmópolis, ficavam alarmados com o incessante som. O povo cosmopolense, somente ouviu a sirene ecoar daquele jeito, nos tempos da Revolução de 1932.

A triste notícia espalhava-se, ainda mais que o som incessante da sirene, ecoando pelos canaviais. Ouvia-se em Arthur Nogueira, Limeira, Paulínia e Americana.

Pausados toques, dobrando o tom de luto, os sinos do campanário da Igreja Matriz de Santa Gertrudes, confirmavam a notícia.

Muitos cosmopolenses choravam, sem ao menos conhece-la pessoalmente. Eram as dores da gratidão, lágrimas em respeito à sua memória, sentimentos de um povo benevolente, assim como, a matriarca do progresso regional.

Em comovida homenagem, o jornal “O Estado de São Paulo”, noticiava com destaque o falecimento de Esther Nogueira.

O renomado professor Nicolau de Morais Barros, sobrinho do Presidente Prudente de Morais, expressava os sentimentos do povo paulista, pela triste perda. Abaixo, trechos da histórica publicação.

“Tinha uma personalidade marcante e de singular relevo. Oriunda de tradicional família paulista, nasceu em Campinas, e ali cresceu e se educou. Seu pai, José Paulino Nogueira, campineiro dos mais ilustres, ali vivera longos anos, amando e honrando sua terra natal, prestando-lhe assinalados serviços e cobrindo-se de benemerência, durante a epidemia de febre amarela, como presidente de sua municipalidade.

Proclamada a república, e nomeados ministros Francisco Glicério e Campos Salles, amigos diletos dos quais nunca se separou, Campinas se revestiu de galas para receber os filhos vitoriosos.

Coube a menina Esther, então com 12 anos de idade, trajada de república e ostentando o barrete frígio na cabeça, cingir a fronte de Glicério com a coroa de louros simbólica, dirigir-lhe uma saudação de glórias, pronunciada com ênfase e vibração patriótica.

Foi mãe extremosa e desvelada de seus oito irmãos, o mais novo dos quais contava com meses de vida.

Repartiu-se entre o pai, o marido, os irmãos e os dois filhos que lhe vieram. Desdobrou-se em carinhos e cuidados, com uns e com outros, fez-se o centro da família, e tornou-se o ídolo da casa. Um símbolo de caridade para toda sociedade.

Possuía Dona Esther, em alto grau e perfeito equilíbrio, as edificantes virtudes femininas. Mas o traço característico de sua personalidade, a essência de sua formação moral, era a bondade.
Bondade espantosa, irreprimível e transbordante. Bondade que fluía das palavras que lhe afloravam aos lábios, que irradiava do seu olhar mortiço e doce, que inspirava os menores atos e gestos de sua vida e que a fez tão benquista dos que lhe aproximaram.

Muito caridosa, ela praticava a filantropia e de acordo com o preceito evangélico, escondida e ignorada.

Sua bolsa nunca se fechou a um pedido. Bem poucos, dentro dos seus íntimos, conheciam a extensa lista dos seu protegidos, aos quais prodigalizava, além do auxílio pecuniário mensal, interesse solicito e assistência material e moral.

Dotada de inteligência aguda e clara, e notável memoria, ela se deleitava em rememorar fatos e episódios dos seus tempos de moça, em Campinas, e os sabia contar com surpreendente minucia nos detalhes.

Muito sensível aos agrados e carinhos que recebia, não era o menos aos que se lhe recusavam. Magoava-se, doía-se, mas...perdoava

Presa ao seu leito de dores e sofrimento, por longos e intermináveis meses, ela teve os males do corpo agravados pela saudade torturante de um filho ausente, que sonhava rever, antes de fechar os olhos. Quis o destino que esse sonho não se realizasse!!

A sua morte despertou, na sociedade paulista, um sentimento generalizado de pesar. O seu funeral, constitui-se de uma tocante consagração, já pela desusada influência de pessoas amigas, já pela profusão das flores que envolveram o seu esquife” (...). 



Um dos últimos registros de Esther Nogueira, animado pelo MyHeritage



Texto Adriano da Rocha

Fotos: acervos família Coutinho Nogueira, Usina Ester, Adriano da Rocha, Shoichi Iwashita, Miler Adamo e Paulo Nogueira Neto

Em memória de Paulo Nogueira Neto (1922 * 2019)


terça-feira, 2 de março de 2021

“AO PAI DA USINA, COSMÓPOLIS E REGIÃO”

 MEMÓRIA

USINA ESTER 123 ANOS

 Por meio do idealismo de um paulista, visionário e desbravador pela ascendência bandeirante, nasceu uma das maiores usinas canavieiras do mundo, e nas suas margens, uma das regiões mais prósperas do Brasil.

Foto pintura paulista do Major Arthur Nogueira Ferraz


Nome de cidade, praças públicas, imponente edifício e conjunto comercial paulistano, referência industrial e agrícola do passado. Ao completar os 123 anos de fundação da Usina Ester, oficialmente inaugurada em 02 de março de 1898, nossas reminiscências ao Major Arthur Nogueira Ferraz, entre os principais responsáveis pelo estabelecimento deste singular grupo agroindustrial, bem como, o desbravamento e colonização de várias cidades da região.

MAJOR DA USINA E COSMÓPOLIS

1916 - Complexo industrial da Usina Ester, gestão do Major Arthur Nogueira, destacando a chegada dos trenzinhos canavieiros da Carril Agrícola Funilense

Um personagem emblemático, sempre recolhido ao trabalho e empreendimentos, raramente fotografado e relatada sua história pessoal, reservada em raros documentos pelos familiares.

O título major foi estabelecido por uma carta-patente do presidente Campos Salles, seu primo e amigo, a mesma que intitulou coronel o irmão José Paulino Nogueira.

 Os títulos militares na primeira república, sendo a família Nogueira Ferraz uma das proclamadoras, assemelhavam-se  as antigas nomeações monárquicas de Barão, Conde e Visconde. Basicamente, Major era um representante direto do poder paulista, estado e prefeitura, e coronel do poder federal.

1938 - Edifício Arthur Nogueira, em destaque, ao lado o Edifício Esther, localizados na região central de São Paulo

Nos documentos públicos, como os acervos dos jornais Correio Paulistano e Estado de São Paulo, os quais foi acionista e um dos responsáveis pelos custos das fundações, são noticiados sua liderança nos comandos da nascente Usina Ester.


Outras inúmeras citações nos jornais, constantes nos primeiros anos de 1900, são as viagens para a Europa. Não eram passeios, turismo ou luxos garantidos por uma das maiores fortunas de São Paulo, mas sim, buscando trabalhadores para a Usina Ester e fazendas da família.


1899 - Major Arthur Nogueira Ferraz, Cel. Silva Teles e Sidrack Nogueira Ferraz, em viagem pela Itália, possivelmente Vêneto.  


O próprio Major Arthur Nogueira fretava navios, gigantescos vapores, financiando o transporte dos imigrantes ao Brasil, e até custeando as alimentações dos futuros colaboradores. Tinha predileção pelos italianos, sobretudo de Vêneto e região, os quais considerava os mais semelhantes ao povo paulista, devido a simplicidade e honradez aos trabalhos.

Nas viagens em busca de trabalhadores italianos, apoiadas pelo governo estadual e federal, estreitou a amizade do Brasil com a Itália, sendo um dos principais responsáveis pela imigração de milhares de italianos ao estado de São Paulo.


1900 - Cartão postal divulgando terras cosmopolenses na Itália, propaganda paulista para atrair imigrantes  para o Estado.

A Usina Ester, como seus grupos agrícolas e industriais, nasceram do empreendedorismo do Major Arthur Nogueira Ferraz, principal responsável pela ampliação das terras, criação do complexo industrial, e modernização agrícola e cientifica da cana de açúcar, financiando estudos científicos e pesquisas.

A "Villa de Cosmópolis" surgiu pela motivação do Major Arthur Nogueira, um projeto apoiado pelos irmãos, bem como pelos acionistas da Usina Ester e Carril Agrícola Funilense.

O mesmo empenho em criar a Usina Ester, buscando maquinários modernos na suíça e químicos, locomotivas na Inglaterra para o transporte agrícola, e os milhares de imigrantes, impulsionavam o nascimento de Cosmópolis, como outras "villas", ao exemplo da futura cidade de Artur Nogueira. Autorizado pela Prefeitura de Campinas, doou as terras ao município, loteando os terrenos, e projetando a futura Villa de Cosmópolis.


15/09/1915 - Inauguração da Igreja Matriz de Santa Gertrudes, entre importantes  autoridades políticas e empresariais, ao centro de calças brancas e chapéu, está o Major Arthur Nogueira. A igreja foi uma homenagem póstuma a Gertrudes Eufrosina Nogueira Ferraz, matriarca da família. 


Idealizações dos tempos da mocidade, quando sonhava ser prefeito de Campinas, como o irmão José Paulino, que ocupou cargos de vereador, presidente da câmara e prefeito intendente. Não obtendo apoio político, sobretudo pelas divergências do Major com os partidos, fundou a Villa de Cosmópolis, intitulada pelo constante progresso industrial e agrícola como a “Nova Campinas”.

 

PAI DOS POBRES E AFLITOS

1901 - Avenida Ester, região da extinta estação da Carril Agrícola Funilense- foto atribuída ao Major Arthur Nogueira

Em Cosmópolis, era conhecido como o “pai dos pobres”, título atribuído popularmente pelos moradores da “villa” e região Funilense, como dos milhares de funcionários da Usina Ester.

 A nomeação, como uma exaltação ao Major Arthur Nogueira, surgiu pelos auxílios aos doentes de varíola, febre amarela e tifoide, infectados em grandes epidemias que assolavam Cosmópolis e região. Uma iniciativa do Major Arthur Nogueira, o irmão José Paulino e a sobrinha Esther, surgia a sociedade do Mútuo Socorro, criada para amparar os doentes das pestilências, custeada quase totalmente pela família Nogueira.

Através do Major Arthur Nogueira, não medindo esforços e recursos próprios, o renomado Dr. Adolfo Lutz, um dos maiores epidemiologista do Brasil, foi convidado para inspecionar as situações sanitárias de Cosmópolis.

Outro motivo da nomeação de “pai dos pobres e Cosmópolis”, surgiu por empregar todos que buscassem sua ajuda, amparando famílias inteiras nas colônias da Fazenda Usina Ester. Bem como a sobrinha Esther Nogueira, ajudava inúmeras famílias carentes, apadrinhando crianças, financiando obras assistências da comunidade católica, porém, sempre em anonimato total, o qual exigia severamente, não aceitando citações do seu nome.

1905 - Vista parcial da Usina Ester, destacando a recém inaugurada chaminé 

Viveu para a Usina Ester, como para sua querida Cosmópolis, na “pequena grande villa” (então com as terras abrangendo as atuais cidades de Artur Nogueira, Holambra, Paulínia, Americana, dentre terras da região rural de Limeira), exerceu inúmeras funções administrativas. Foi o primeiro juiz de paz, delegado (chefe do posto policial), escrivão, representante das companhias paulistas de luz, telefonia e bancos, como subprefeito do distrito.  

 

CAMPINEIRO, UM BANDEIRANTE MODERNO

Pintura sobre tela do Major Arthur Nogueira na mocidade

Nasceu em Campinas, região da Basílica de Nossa Senhora do Carmo (marco inicial da cidade), em 11 de dezembro de 1861. Um dos 12 doze filhos do casal   Gertrudes Eufrosina de Almeida Bicudo Nogueira Ferraz (Dona Tudinha) e Luiz Nogueira Ferraz, irmão do inolvidável Cel. José Paulino Nogueira Ferraz, um dos maiores nomes da política e indústria paulista, considerado o “Mauá da República”.

Na sequência de textos, dois históricos relatos sobre o Major Arthur Nogueira, extraídos do diário de Paulo de Almeida Nogueira, esposo de Esther Coutinho Nogueira, e o amigo Senador Carlos Botelho, um dos primeiros secretários de agricultura de São Paulo, e figura importante na grande epidemia de Febre Amarela em Campinas. Ao lado do Major Arthur Nogueira, Cel. José Paulino (então prefeito de Campinas), instituiu as sociedades de Mútuo Socorro, criada para amparar os doentes das pestilências.

“Foi o Major Arthur Nogueira, inquestionavelmente, um desses tipos que bem encarnaram as qualidades da raça bandeirante (paulista): energia, arrojo, pertinácia, espirito empresarial. É certo que a ele devemos a nossa bela e querida Usina Este. O seu empenho, atividade e esforços, é que tornaram possível a compra do bloco de terras da Fazenda do Funil, que hoje se alteiam as instalações da Usina.

A esse tempo, a atual zona de Cosmópolis era um verdadeiro sertão, isolado entre Campinas, Limeira e Mogi Mirim, cidades a que se achava ligado por extensas estradas, muito mal cuidadas.

Era um sertão despovoado e inculto. Desbravou-o o Major, com mão firme e denodo.

Dotado de uma saúde de ferro, invejável capacidade de trabalho e de uma energia que, as vezes se excedia a si mesma, pode ele realizar com êxito tão áspera missão.

Mercê daqueles mesmos dotes pessoais, implantou o Major, na administração da nascente Usina Ester, a mais absoluta ordem e o mais rigoroso respeito.

 Bondoso e justo, logrou ele captar geral estima, tanto na Usina, como em Cosmópolis e região. Decidido, jamais encontrava dificuldades nas realizações então necessária, por mais árduas que se apresentassem.

1909 – Represa e Paredão, retratados em cartão postal de circulação internacional. Ao lado esquerdo, está o Major Arthur Nogueira, idealizador das obras


Nos primórdios da Usina Ester, teve ele de defrontar-se com situações terríveis, porque, não raro, tudo faltava, inclusive os recursos materiais indispensáveis. Mas tocava tudo para frente e a obras se concluía.

Não era o que vulgarmente se chama um administrador econômico.  Tanto que, por mais de uma vez, esteve em perigo. Mas tão assinalados foram seus serviços na Usina Ester, que essa, em pleito de reconhecimento, lhe erigiu um monumento, num de seus mais belos recantos.

 

Com mais predicados de homem de empresa, natural era que a personalidade do Major Arthur Nogueira não ficasse confinada ao âmbito de uma sociedade particular, embora importante.

E que não sociedade o ficou, bem atesta o discurso que julgamos oportuno transcrever abaixo proferido no Senado do Estado de São Paulo, na sessão de 15/09/1924, pelo Dr. Carlos Botelho:

 

1906- Complexo industrial da Usina Ester, destacando a chaminé inaugurada em 1905

“Sr. Presidente, quando fiz parte da administração do Estado, ainda que com eficiência mínima, tive ocasião de observar alguns pontos fracos no aparelho da administração. Afigurava-se-me que em certas zonas, o progresso achava peado e que a ação governativa não se podia distribuir equitativamente, vernativa não se podia distribuir equitativamente, como fora de desejar, por todo o território paulista.


E foi assim que, lançado as minhas vistas de Secretário da Agricultura para o município de Campinas, encontrei naquela região um solo fértil, extenso, convidativo para o desenvolvimento da ação oficial. É verdade que esse torrão se achava como que isolado para receber certaras influencias indispensáveis que mais intensamente pudessem impulsionar o seu progresso, como por exemplo as comunicações de estradas de ferro.


Não direi propriamente que faltassem estradas de ferro nessa zona do Estado: e entre estas uma existia, que naquele tempo se chamava Estrada Funilense, e que partindo de Campinas, ia ter ao Funil, ode, todos sabem existia uma manifestação já antiga da ação oficial, com a fundação do Núcleo Colonial Campos Salles.


1896 - Apresentação da Fazenda do Funil aos irmãos Nogueira Ferraz e associados, guiados pelo Cel. João Manuel de Almeida Barboza, então proprietário, e o Barão Geraldo de Rezende. 

Sr. Presidente, quando assumi o cargo de Secretário de Agricultura, este núcleo se achava em plena decadência; alguns lotes mais privilegiados, se achavam ocupados; mas a maior parte deles se achava em abandono, bastando acentuar que as casas construídas com fim especial de abrigar os imigrantes, se achavam transformadas em estrabarias, aos serviço dos habitantes mais próximos do núcleo.

Relembro esse fato, sr. Presidente, para mostrar que naquele tempo os governos achavam que era indispensável construir casa para o abrigo das famílias de imigrantes que se dirigissem aos núcleos.

Assim se pensava naquela época, mas assim deixei também de pensar, porque entendo que todo o imigra te, todo o trabalhador, toda a família bem organizada, com intuitos sério de radicação antepõem a melhor rega do seu suor em favor da sua primeira habitação que, choupana ou palácio, é sempre alegre e sugestiva de maiores feitos.

 

1899- Casa construída pelo governo estadual no Núcleo Colonial Campos Salles


Então, com ensinamentos de tal ordem, a administração contentou-se apenas com a construção de alojamentos coletivos, para hospedagem.

E era de ver, sr. Presidente, com que ânsias se despediam os novos inquilinos para se mudarem para as suas construções, quase sempre originais e sugestivas dos costumes pátrios.

Entretanto, a ação oficial não se achava isolada, pois que um paulista modesto, mas digno desse nome, ao seu lado sempre estava com sua ação alerta e progressista.

 

Na mesma zona levantava ele os alicerces de uma usina, a Usina Ester, com horizontes vastos e elevada compreensão do problema – pois que, em vez de seguir a rotina que apena se contentava com o velho sistema da compreensão cilíndrica da cana, - o paulista a que me refiro lançou mão de pouco racional da difusão, que ali serve exemplo para o Brasil Inteiro.

 

Embaraçada com toda zona do Funil, com falta de transporte, apelou para o governo, que ouviu as queixas de todos e, sobretudo, desse usineiro tão perito quando progressista. Veio em seu auxilio, mandando alargar imediatamente as bitolas da Funilense que, deficiente, entorpecia todos os movimentos da zona.

 

Começou então o progresso da região e a se fazer por tal forma que, dia a dia, eram patentes os resultados obtidos.  Essa usina tornou-se uma das maiores do nosso Estado. Cosmópolis, que lugarejo apenas era, veio as ser centro intenso de povoamento, tanto quanto o núcleo Campos Salles.

O progresso foi tal, sr. Presente, em virtude desse melhoramento da E.F.Funilense, que outras terras foram adquiridas para satisfação dos que as procuravam.

 

A administração, por sua vez, já adiantada em suas concepções, quando ao modo de povoar, compreendeu que a ação oficial já não era suficiente e que o novo sistema de associar-se ao particular para o mesmo fim daria melhores resultados, com ser mais econômico.

 

Mais uma vez, pela clarividência, desse mesmo paulista a que me venho referindo, terras foram picadas, para dar criação ao que se chamou “Secção Arthur Nogueira”. Os resultados foram admiráveis e o novo sistema se fez definitivo, ao ponto de se estender pela região Noroeste, onde sabemos que se faz o povoamento exclusivamente por iniciativa particular, como bem pode afirmar o nobre senador sr. Rodolfo Miranda (..)


1919 - Visita de autoridades na Casa das Maquinas da Usina Ester, usando branco, é o Major Arthur Nogueira Ferraz


Sua existência só lembra fatos que o adornaram, ao ponto de, além de colaborador eficiente das administrações públicas, haver-se feito chamar de o “pai da pobreza de Cosmópolis”; e o que efetivamente, porque distribuía trabalho para todos, quando não fazia entrar em ação recursos próprios, ajudando anonimamente incontáveis famílias.

21/06/1906 - Inauguração da Estação da Carril Agrícola Funilense, nomeada como Arthur Nogueira, oficializando o distrito como "Villa Arthur Nogueira", atual cidade de Artur Nogueira . O Major está na plataforma da estação, usando branco, rodeado de autoridades.


Artur Nogueira, o extinto, ao pronunciar seu nome naquela região, causa comoção e gratidão. Porque, sr. Presidente, houve uma época que a região do Funil foi assolada por uma grave epidemia de impaludismo, tão grave que a ação oficial foi pedida com premência, e ela não se fez esperar, para acertadas medidas, jugular tão mortífera pestilência. Então o Major Arthur Nogueira, foi o braço musculoso sobre o qual teve a ação oficial de se apoiar, como pode dar testemunho o ex-secretário do interior da administração do governador dr. Altino Arantes” (...).


Sobre a morte do Major Arthur Nogueira, escreve Paulo de Almeida Nogueira

Foto pintura do Major Arthur Nogueira Ferraz, retratado nos últimos anos de vida



 05/08/ 1924 - “Voltamos cedo, Esther, eu e as crianças, com tempo de assistir a seus últimos instantes, que foram apavorantes. Ao anunciar o falecimento de Arthur, muito sentido, Dr. Fessel, seu médico assistente e amigo, mostrava como foi dedicadíssimo”.

6/08/1924 – Enterro do Major Arthur Nogueira, com grande acompanhamento, tendo vindo de Cosmópolis dezenas de pessoas, seus empregados e amigos, os quais fizeram questão de levar o corpo, a mão, até a saída da cidade (o Cemitério da Saudade ficava na terminação do município Campinas).

Perde a Usina Ester um dedicado gerente todos nós, seus companheiros e familiares, sentimos a perda de um grande amigo de todos “.

1925- Monumento em Homenagem ao Major Arthur Nogueira, erguido na Usina Ester


Major Arthur Nogueira Ferraz faleceu em 05 de agosto de 1924, aos 62 anos de idade, vitimado por problemas gastrointestinais. Não deixou filhos, revertido seu patrimônio aos familiares.  

Não deixou filhos, mas como contestar sua paternidade destes legítimos e amados filhos, a Usina Ester, Cosmópolis e Artur Nogueira, seus maiores legados como pai.


Texto Adriano da Rocha
Fotos acervos Ester Agroindustrial, família Coutinho Nogueira e grupo Filhos da Terra