O pai da fotográfia cosmopolense. Texto Adriano da Rocha Fotos Acervo Cosmopolense e Família Hasse |
Guilherme Hasse e sua "maquina retrateira" como era conhecida pela caipirada. |
Retratista, fotógrafo, ou na escrita antiga
photographo. A arte da fotografia, de perpetuar um
momento através de uma foto, foi durante décadas muito bem
representadas em Cosmópolis por Guilherme Hasse, um fotógrafo que
estava além de seu tempo, criador de técnicas para a captura da
imagem, e de técnicas únicas para a colorização de fotos, recriando
as cores nas fotos em preto e branco com tal maestria que as tornavam
verdadeiras obras de arte, peças únicas a cada nova produção. Guilherme exercia
a profissão de retratista como era chamado na época, não apenas como um meio
comercial de ganhar dinheiro, mas sim um amor incondicional pela arte da
imagem, uma razão para viver, que o acompanhou durante mais de 70 anos como profissão,
eternizando através de suas obras fotográficas a vida de
cosmopolenses de todas as classes sociais, do mais rico empresário ao
simples caboclo boiadeiro, ao colono da Usina Ester, ao imigrante alemão dos
núcleos coloniais. Guilherme Hasse se destacava por sua simplicidade e o jeito
de tratar a todos os clientes, facilitando o pagamento da esperada foto de
casamento, na sociedade da época a foto matrimonial era como um documento, que
chagava a ter mais valor para a família dos noivos que a própria certidão
emitida pelo cartório. A foto comprova a todos os olhos o casamento, era a
união registrada através da imagem, em uma sociedade de maioria analfabeta as
escritas do cartório representavam apenas o valor legal do matrimonio, a foto
representava a união oficializada, e eternizado o momento na imagem. A foto do
casamento era única, confeccionada sobre cartão que era emoldurado para se
colocar em local de destaque na casa dos noivos, e em cartão para ser entregue
aos familiares dos noivos, pais, irmãos e padrinhos. O cartão confeccionado por
Guilherme era onde a foto ficava guardada, uma espécie
de álbum único, contendo a foto muito bem exposta em papel especial e
cuidadosamente guardada entre papeis de seda.
1977... Guilherme Hasse e sua esposa Clara Elza Mielke, em seu aniversário de 82 anos. |
Guilherme Hasse nasceu na Alemanha em 19
de Setembro de 1895, e com
seis meses de vida embarcou com os pais Ida
Fiedler e Gustav Hasse, em
um navio com destino ao Brasil. À família já vinha encaminhada junto
com outros imigrantes alemães e suíços para o Núcleo
Colonial Campos Salles, que futuramente anos mais tarde com a chegada
de imigrantes de vários lugares do mundo se tornaria a "Vila de Cosmópolis",
distrito da progressista terra das andorinhas a cidade de Campinas. Em Cosmópolis
um tio de Guilherme, Franz Fiedler, abriu um estúdio fotográfico próximo à estação de trens da
Funilense, o menino cresceu admirado com o trabalho do tio, que na sua
adolescência lhe ensinou o oficio que o tornaria um mito em Cosmópolis e toda
região. Seu trabalho se tornava conhecido junto ao crescimento da vila, fotos de
casamentos, carte de visite, e sua especialidade durantes anos o "Carte
Cabinet", que eram fotos elaboradas em seu gabinete fotográfico com fundos
criados artisticamente por ele mesmo, que traziam a ilusão de um esplendoroso
local devido à ilusão ótica criada pelos fundos.
1930...Avenida Esther próximo do antigo Stúdio Hasse de Photografica, um dos vários registros fotograficos feitos por Guilherme Hasse da Avenida Esther. |
Década de 60, Silvino Torres na sanfona e Guilherme Hasse com seu violino. |
O fotografo renomado em toda a cidade e
região, também era músico, ou como se dizia na época "musicista”, e se
destacava em seu instrumento o violino e como cantor. Foi um dos regentes da "Sociedade de Canto Campos
Salles", coral conhecido em toda região pelas obras musicais
religiosas da comunidade Luterana, fundada em Cosmópolis em 1896 com a chegada dos primeiros
imigrantes alemães ao Núcleo
Colonial Campos Salles. Guilherme era dono de diversas composições no
campo religioso, que exaltavam a liturgia Luterana a qual foi criado, e obras
musicais populares que faziam grande sucesso em Cosmópolis nas décadas de 20,30 e 40 com seu Jazz Band, composto por
imigrantes alemães e trabalhadores da Vila
de Cosmópolis. Foi professor de violino, ensinando diversos alunos à
arte musical em seu estúdio de fotografias na Avenida
Ester, que ficava próximo à antiga rodoviária, entre as casas dos
funcionários da Cia Sorocabana. Guilherme Hasse faleceu em Cosmópolis em 1978, aos 82 anos, deixando um
acervo pessoal e popular incalculável, milhares de
obras fotográficas que retratam a vida do cosmopolense, a história de
Cosmópolis dos tempos de Vila, distrito, a cidade.
Nesta postagem uma singela homenagem no dia do fotógrafo a este que foi um dos
pais da fotografia cosmopolense, um mestre na arte da fotografia e na arte
musical. Sua obra sempre será lembrada, pela grandiosidade e a
perfeição nos detalhes e técnicas criadas por ele. Em breve estaremos
contando um pouco mais sobre este cosmopolense que tanto orgulhou nossa cidade,
e eternizou nossa terra através de seus olhares.
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