terça-feira, 8 de janeiro de 2013

DIA DO FOTÓGRAFO

O pai da fotográfia cosmopolense.
Texto Adriano da Rocha
Fotos Acervo Cosmopolense e Família Hasse

Guilherme Hasse e sua "maquina retrateira" como era conhecida pela caipirada.

Retratista, fotógrafo, ou na escrita antiga photographo. A arte da fotografia, de perpetuar um momento através  de uma foto, foi durante décadas muito bem representadas em Cosmópolis por Guilherme Hasse, um fotógrafo que estava além de seu tempo, criador de técnicas para a captura da imagem, e de técnicas únicas para a colorização de fotos, recriando as cores nas fotos em preto e branco com tal maestria que as tornavam verdadeiras obras de arte, peças únicas a cada nova produção. Guilherme exercia a profissão de retratista como era chamado na época, não apenas como um meio comercial de ganhar dinheiro, mas sim um amor incondicional pela arte da imagem, uma razão para viver, que o acompanhou durante mais de 70 anos como profissão, eternizando através de suas obras fotográficas a vida de cosmopolenses de todas as classes sociais, do mais rico empresário ao simples caboclo boiadeiro, ao colono da Usina Ester, ao imigrante alemão dos núcleos coloniais. Guilherme Hasse se destacava por sua simplicidade e o jeito de tratar a todos os clientes, facilitando o pagamento da esperada foto de casamento, na sociedade da época a foto matrimonial era como um documento, que chagava a ter mais valor para a família dos noivos que a própria certidão emitida pelo cartório. A foto comprova a todos os olhos o casamento, era a união registrada através da imagem, em uma sociedade de maioria analfabeta as escritas do cartório representavam apenas o valor legal do matrimonio, a foto representava a união oficializada, e eternizado o momento na imagem. A foto do casamento era única, confeccionada sobre cartão que era emoldurado para se colocar em local de destaque na casa dos noivos, e em cartão para ser entregue aos familiares dos noivos, pais, irmãos e padrinhos. O cartão confeccionado por Guilherme era onde a foto ficava guardada, uma espécie de álbum único, contendo a foto muito bem exposta em papel especial e cuidadosamente guardada entre papeis de seda.


1977... Guilherme Hasse e sua esposa Clara Elza Mielke, em seu aniversário de 82  anos.

 Guilherme Hasse nasceu na Alemanha em 19 de Setembro de 1895, e com seis meses de vida embarcou com os pais  Ida Fiedler e Gustav Hasseem um navio com destino ao Brasil. À família já vinha encaminhada junto com outros imigrantes alemães e suíços para o Núcleo Colonial Campos Salles, que futuramente anos mais tarde com a chegada de imigrantes de vários lugares do mundo se tornaria a "Vila de Cosmópolis", distrito da progressista terra das andorinhas a cidade de Campinas. Em Cosmópolis um tio de Guilherme, Franz Fiedler, abriu um estúdio fotográfico próximo à estação de trens da Funilense, o menino cresceu admirado com o trabalho do tio, que na sua adolescência lhe ensinou o oficio que o tornaria um mito em Cosmópolis e toda região. Seu trabalho se tornava conhecido junto ao crescimento da vila, fotos de casamentos, carte de visite, e sua especialidade durantes anos o "Carte Cabinet", que eram fotos elaboradas em seu gabinete fotográfico com fundos criados artisticamente por ele mesmo, que traziam a ilusão de um esplendoroso local devido à ilusão ótica criada pelos fundos.

1930...Avenida Esther próximo do antigo Stúdio Hasse de Photografica, um dos vários registros fotograficos feitos por Guilherme Hasse da Avenida Esther.
Década de 60, Silvino Torres na sanfona e Guilherme Hasse com seu violino.

  O fotografo renomado em toda a cidade e região, também era músico, ou como se dizia na época "musicista”, e se destacava em seu instrumento o violino e como cantor. Foi um dos regentes da "Sociedade de Canto Campos Salles", coral conhecido em toda região pelas obras musicais religiosas da comunidade Luterana, fundada em Cosmópolis em 1896 com a chegada dos primeiros imigrantes alemães ao Núcleo Colonial Campos Salles. Guilherme era dono de diversas composições no campo religioso, que exaltavam a liturgia Luterana a qual foi criado, e obras musicais populares que faziam grande sucesso em Cosmópolis nas décadas de 20,30 e 40 com seu Jazz Band, composto por imigrantes alemães e trabalhadores da Vila de Cosmópolis. Foi professor de violino, ensinando diversos alunos à arte musical em seu estúdio de fotografias na Avenida Ester, que ficava próximo à antiga rodoviária, entre as casas dos funcionários da Cia Sorocabana. Guilherme Hasse faleceu em Cosmópolis em 1978, aos 82 anos, deixando um acervo pessoal e popular incalculável, milhares de obras fotográficas que retratam a vida do cosmopolense, a história de Cosmópolis dos tempos de Vila, distrito, a cidade.

  Nesta postagem uma singela homenagem no dia do fotógrafo a este que foi um dos pais da fotografia cosmopolense, um mestre na arte da fotografia e na arte musical. Sua obra sempre será lembrada, pela grandiosidade e a perfeição nos detalhes e técnicas criadas por ele. Em breve estaremos contando um pouco mais sobre este cosmopolense que tanto orgulhou nossa cidade, e eternizou nossa terra através de seus olhares.


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Comentários
2 Comentários

2 comentários:

Unknown disse...

Grande Silvino Torres, foi meu primeiro chefe, quando começei a trabalhar na Auto Viação Cosmopolis Ltda em uma segunda feira feriado de 15 de3 novembro de 1965, eu tinha 11 anos de idade.

Anónimo disse...

Eu tenho uma foto do meu bisavô em casa que tem a assinatura G. Hasse em Cosmópolis! Estou procurando por dados da minha família e na busca por essa assinatura achei esse post do blog. Obrigada por ajudar na investigação.
A foto é de Carlos Gallani, filho de Pietro Gallani (ou Pedro como o conheciam)