sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

IEMANJÁ DO BOSQUINHO

Fonte dos desejos
A DATA NA HISTÓRIA COSMOPOLENSE
Texto Adriano da Rocha
Imagem de Iemanjá, a Rainha do Mar / Ilustrativa

   Na crença africana, nesta sexta-feira (2), é celebrado o "Dia de Iemanjá", Senhora das águas, a Rainha do mar. Quem se lembra da gruta de Iemanjá, no antigo Bosquinho da Modestina??

Nas décadas de 1970, 1980 e início dos anos de 1990, a pequena gruta era conhecida como fonte dos desejos, sendo um dos pontos mais visitados do Bosquinho. Depois é claro, da ilha dos macacos, sempre vigiados por um grupo de marrecos, nada simpáticos com crianças.

Um espaço pequeno e simples, construído na entrada principal do Bosquinho, edificado como um altar, revestido de pedras do Rio Jaguari, muitas conchas e estrelas do mar, trazidas de praias paulistas, por amigos da Modestina.

Aos pés de Iemanjá, existia uma fonte de águas correntes, onde os visitantes jogavam moedas em troca de desejos. Eram tantas moedas depositadas, cruzeiros, cruzados, centavos e até réis, que o brilho chegava a ser intenso, refletindo as lâmpadas coloridas da gruta. Imagens de sapos, sereias, tartarugas, barcos , entre inúmeros seres das águas, confeccionados de diversos materiais, ornamentavam o espaço.

A imagem era grande, feita de gesso e ricamente ornamentada, vestido branco e azul, cabelos negros compridos, em sua coroa de prata, uma reluzente estrela do mar. Em suas mãos, colares, pulseiras, escovas, pentes e flores. Nas paredes, cacos de centenas de espelhos, formavam um mosaico protegendo a imagem.

Com muito respeito a Iemanjá, o dinheiro era recolhido semanalmente. As moedas dos desejos, garantiam ração farta as dezenas de animais do Bosquinho, como tucanos, araras, cisnes, marrecos, patos, macacos, e os inúmeros gatos e cachorros cuidados pela Modestina.

Apaixonada pela natureza, Modestina dedicou sua vida aos animais, sendo uma das primeiras defensoras desta causa em Cosmópolis. Faleceu no início dos anos de 1990, sempre polêmica e ativista, doou seu corpo em vida a uma faculdade da região, para depois da morte, ser estudada por alunos de medicina.

BOSQUINHO
Com o falecimento da Modestina, criadora e principal responsável do Bosquinho, o espaço foi sendo destruído pelo tempo, vandalismo, e principalmente pela incapacidade pública.

Em 1995, uma das primeiras edições do semanário Gazeta de Cosmópolis, a capa trazia como destaque: “furto e vandalismo no Bosquinho”. Haviam roubado a gruta de Iemanjá, tentando furtar antigas moedas, coladas no fundo da fonte. Não conseguindo, destruíram parcialmente o espaço e a imagem.

Abandonado desde o início dos anos de 1990, o espaço foi revitalizado no período eleitoral de 2012. Inaugurado sem condições de uso, segurança e iluminação, nos meses que antecediam as eleições municipais.

Nesta nova fase, foi construído um campo de bocha, ponte sobre a ilha dos macacos, criados novos passeios públicos, espaço para o grupo da terceira idade, instalada fonte e formada uma criação de peixes e marrecos nos lagos.

Sem proteção de grandes, ou algo que impedisse os acessos, a falta de iluminação transformou o “Novo Bosquinho”, em ponto de prostituição e uso de drogas. Os animais foram roubados, peixes pescados até de tarrafa, a fonte destruída, campo de bochas e demais atrativos “turísticos”, roubados e danificados

Reinaugurado e restruturada novamente, nos períodos eleitorais de 2014 e 2016, foram instaladas cercas, iluminação e sistema de segurança. Nesta “nova reinauguração”, o espaço foi totalmente cedido para terceira idade. A gruta ainda existe, mesmo com os anos de vandalismo e restruturações, sendo parcialmente preservada no seu mesmo histórico espaço.


Texto Adriano da Rocha
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