sábado, 20 de abril de 2019

LUAR NA MINHA TERRA, LUAR NA SERRA

PELOS OLHOS DOS MEUS FILHOS


Luar, na semana santificada pela fé e devoção. Registros da lua, esplêndida nos campos da Serra Velha, dividindo os espaços entre Cosmópolis e Limeira.



“Que haverá com a lua, que sempre que a gente a olha, é com o súbito espanto da primeira vez?
Mario Quintana


📸 Foto Conceição Tetzner

sexta-feira, 12 de abril de 2019

111 ANOS DO MERCADÃO DE CAMPINAS

MEMÓRIA COMERCIAL E HUMANA
É quase Impossível, para um cosmopolense, não ter este prédio como referência na sua história de vida. Símbolo do progresso regional, marco histórico e direcional, ponto de encontro, local com infindas memórias de gerações.


Nesta sexta-feira (12), são completados 111 anos do Mercadão Municipal de Campinas. Inaugurado como Mercadão em 12 de abril de 1908.

A data simboliza a incorporação oficial do prédio ao patrimônio público campineiro, doado pela família Nogueira Ferraz. O prédio homenageia Luiz Nogueira Ferraz, enaltecido na entrada principal do Mercadão, pai de José Paulino Nogueira e Major Arthur Nogueira.

A edificação construída como armazém central da "Carril Agrícola Funilense", foi projetada pelo "Escritório de Arquitetura e Engenharia Ramos de Azevedo", atendendo aos pedidos dos irmãos Nogueira Ferraz e do Barão Geraldo de Rezende, principais acionistas da companhia de trens.

Simultaneamente em Cosmópolis, o escritório Ramos de Azevedo construía o complexo industrial da Usina Ester, Palacete Irmão Nogueira (Sobrado), e a Igreja Matriz de Santa Gertrudes. As obras cosmopolenses seguiam supervisionados por Dumont Villares, sobrinho do inventor Santos Dumont, e cunhado de João Manuel de Almeida Barboza, antigo proprietário da Fazenda Funil.

Com a "falência" da Carril Funilense, e incorporação da companhia a Sorocabana, o Mercadão foi doado para prefeitura, sendo rescrita uma nova história ao prédio e região.

As dependências de armazenamento agrícolas da Funilense, destinados para o escoamento das produções, ressurgiam como espaços comerciais, divididos em lojas e setores.

Neste período, nascia o lendário "Bar e Restaurante do Pachola", um dos principais pontos de encontros dos cosmopolenses. No atual setor de peixes, ficava localizado a estação e linha Carlos Botelho, parada e saída de trens, com destinos para as “Villas” de Cosmópolis, José Paulino (Paulínia), Arthur Nogueira, seguindo até a última ramal, em Pádua Salles (Conchal).

Com a desativação da estação Carlos Botelho, mudando as “paradas e baldeações” para a região da atual Avenida Brasil, o espaço era utilizado como ponto das jardineiras, em destaque a Auto Viação Cosmópolis.

Um prédio com inúmeras histórias, principalmente de vidas. No destaque fotográfico, postal criado pela Prefeitura de Campinas, o Mercadão na cor azul e branco.

Registro de 1983, divulgado em cartões postais com circulação mundial. Uma coloração que remota as memórias dos anos 1970 e 1980, quando o Mercadão ainda era, a principal referência de compras de muitos cosmopolenses.

Texto Adriano da Rocha
Foto Acervo postal Câmara Municipal de Campinas

quinta-feira, 11 de abril de 2019

LUTO REGIONAL


ADEUS ZÉ MIRANDA

 Aos 69 anos de idade, faleceu na tarde de quarta-feira (10), José Antônio Miranda, o popular radialista Zé Miranda. A voz marcante do “Cantar do Galo”, mais antigo programa da Rádio Cabocla de Artur Nogueira, faleceu em sua residência, após problemas cardíacos.

Nascido em Cosmópolis, nas colônias da Usina Ester, mudou-se para Artur Nogueira ao casar-se com Silvia Rossi Miranda, o casal teve os filhos Lilian Rose Miranda e Leilson Jose Miranda (falecido). O sepultamento foi realizado na tarde desta quinta-feira (11), no Cemitério Municipal de Artur Nogueira.

O cosmopolense de nascimento, escolheu Artur Nogueira como seu novo berço, falecendo na data enaltecida ao município. Zé Miranda, era considerado pelos ouvintes, como a “a voz de Artur Nogueira”, sendo um dos principais representantes do município no rádio paulista.

Durante quase 30 anos, estando grande parte na Rádio Cabocla, foi uma das vozes mais ouvidas da região e Sul de minas.

Reconhecimento comprovado pelas inúmeras ligações e cartas recebidas, líder entre o público sertanejo da emissora. Interruptamente, estava no ar desde a inauguração da emissora no início dos anos 1990.

A risada espontânea e inconfundível, o timbre grave da voz, marcaram as manhãs radiofônicas por décadas. Percursor dos programas sertanejos em Artur Nogueira, realizava diariamente suas audições às 5h da madrugada, anunciando a alvorada, ao som das duplas e o icônico cantar do galo.

Às 6h, o momento religioso, enaltecido à fé Católica em Nossa Senhora, com as participações de amigos como Santo de Faveri, Pino Rosseti, Fátima de Oliveira e padres da Igreja Matriz de Nossa Senhora das Dores.

O galo canta (surge o som do cantar, captado no sítio de amigos), a hora Zé Miranda anunciava: “Belezera, belezura de dia, são pontualmente cinco horas no berço da amizade!!’’.
Uma curiosidade, Zé Miranda era aposentado como relojoeiro e ourives, um verdadeiro mestre no minucioso ofício.

Os sinceros sentimentos aos familiares, amigos e os incontáveis milhares de ouvintes do “Cantar do Galo”.

Sempre brincalhão, dizia que os pés eram rachados. “Meus pés são uma "beirada" vermelha e outra de cana”. Alusão aos apelidos futebolísticos entre as cidades, “pé vermeio”, Artur Nogueira, e “pé de cana”, Cosmópolis.

Assim, estão consternados pela perda, cosmopolenses e nogueirenses.

O sentimento da saudade, traz no fundo do peito as lembranças do Zé e seu “Cantar do Galo”. Programa que marcou época no rádio, sendo sua voz e modas, os fundos musicais na história de gerações da região, principalmente de Cosmópolis e Artur Nogueira.
Vá em paz Zé Miranda!!!

Texto Adriano da Rocha
Foto Acervo Rádio Cabocla FM

domingo, 7 de abril de 2019

07/03/ 'DIA DO JORNALISTA''

PRIMEIRA JORNALISTA COSMOPOLENSE

Silena Souza, contemplando a edição comemorativa dos 20 anos do Jornal de Cosmópolis, datada de 1985
Nossos ouvidos e olhos, representante, testemunha e porta voz do povo. 

Símbolo maior do ofício em Cosmópolis. Silena Sousa, com muito orgulho, nossa primeira jornalista. Percursora da profissão no município, nos tempos mais severos do jornalismo – anos 1960 e 1970- , ao escrever sobre o cotidiano cosmopolense, perpetuava nossa história em suas incontáveis matérias.

A professora das salas de aulas, abandonava o giz e as lousas, para ter como principal instrumento de trabalho, uma pesada máquina de escrever. A sala de diretora, – mestre e dirigente da primeira escola infantil de Cosmópolis, a Escola Esther Nogueira-, agora era uma redação improvisada na sua casa.

A casa, melhor localização não poderia existir na cidade, no centro das notícias cosmopolenses. Em frente à Delegacia, e próximo ao Paço Municipal - nesta época, um complexo público, onde funcionavam a Câmara Municipal, todas as secretarias municipais, e representações do poder estadual e federal.

Na escola, ficava envolta de livros e pequeninos alunos, na sua casa, dividia espaço com fotolitos, chapas de cobre, fontes tipográficas, livros de pesquisa, blocos e blocos de anotações, e preciosas máquinas fotográficas e datilográficas.
O pó de giz, ficava no passado, suas mãos e roupas, permaneciam marcadas pela tinta da tipografia. O preto das fontes e impressos dos jornais, ficava entranhado não somente nas mãos e roupas, mas na sua existência, com o poder das palavras.

Seus olhares e outros olhares, sempre atentos, cobrindo a notícia em primeira mão. Ficando sempre a pergunta, “como ela viu e ficou sabendo?”.

Eram seus informantes, espalhados por toda a “vila” e região, eles sim passavam despercebidos, nunca as notícias.

Fontes nunca foram reveladas, enfrentou até delegados e autoridades militares, para garantir seus fiéis contribuintes da notícia. Fontes nunca reveladas nas colunas, assim como seu nome nas publicações.

Outros tempos do jornalismo, onde na “Moita”, as notícias passavam pela censura, e o “Você Sabia”, publicava aquilo que todos já sabiam, mas não tinham coragem de falar.

Um detalhe, comum nos semanários do interior paulista, as matérias não eram assinadas. Economia das tipografias na montagem das chapas, sim.

Mas também, um gesto de resguardar-se da censura dos governos militares (Getúlio Vargas e subsequentes de 1964), e no caso de Silena, do preconceito da época, imposto sobre as mulheres nesta profissão.

Mesmo na “Moita”, nome da sua mais famosa coluna – as publicações destacavam-se como os principais assuntos da cidade, assim como, quem era a misteriosa pessoa que escrevia- seu nome ficava assinalado na história jornalística cosmopolense.

Suas matérias e direção do “Jornal de Cosmópolis” -inaugurado em 1967, por um grupo de formadores de opinião como Jornal ACP, abreviação e abrangência de Artur Nogueira, Cosmópolis e Paulínia- foram a motivação para incontáveis leitores seguirem na profissão de jornalistas.

Silena Souza, 84 anos, primeira jornalista de Cosmópolis

Nesta data consagrada nacionalmente aos jornalistas, em memória do patrono da profissão Cásper Libero, a Silena Sousa, nossa primeira jornalista, as saudações e homenagem.

A professora de formação, que ensinou através das suas publicações, a complexa matéria “jornalismo cosmopolense”.

Fez no seu presente impresso, nossas impressões as futuras gerações, do passado descrito nas suas expressões impressas de Cosmópolis.

Obrigado jornalista Silena Souza, nobre representante cosmopolense da profissão!!!

Salve a memória daqueles que não tiveram formação profissão como jornalista, mas representaram a profissão ao serem as vozes impressas do povo.

Salve os “jornalistas de coração”, Thelmo de Almeida, Ataliba de Carvalho, Werbyh Gião, Wellington Masotti, Carlito Tontolli, Negreira Souza, Moacir do Amaral e filhos, Odair Kiosia, José Honorato Fozzati, Rodolfo Rizzo, José Pedroso, Gelson D’Aolio, João Alberto Kantovitz, Mano Fromberg, Cleo Carneiro, Ednaldo Luiz (Alemão), Miguéis, Edson Leite, entre outros edificantes representantes da nossa vida nas páginas impressas e faladas.

Parabéns aos jornalistas de profissão e coração, porta vozes do povo cosmopolense.

Texto Adriano da Rocha

Foto jornalista Bruna Genaro