PRIMEIRA JORNALISTA COSMOPOLENSE
Silena Souza, contemplando a edição comemorativa dos 20 anos do Jornal de Cosmópolis, datada de 1985 |
Nossos ouvidos e olhos, representante, testemunha e porta voz do povo.
Símbolo maior do ofício em Cosmópolis. Silena Sousa, com muito orgulho, nossa primeira jornalista. Percursora da profissão no município, nos tempos mais severos do jornalismo – anos 1960 e 1970- , ao escrever sobre o cotidiano cosmopolense, perpetuava nossa história em suas incontáveis matérias.
A professora das salas de aulas, abandonava o giz e as lousas, para ter como principal instrumento de trabalho, uma pesada máquina de escrever. A sala de diretora, – mestre e dirigente da primeira escola infantil de Cosmópolis, a Escola Esther Nogueira-, agora era uma redação improvisada na sua casa.
A casa, melhor localização não poderia existir na cidade, no centro das notícias cosmopolenses. Em frente à Delegacia, e próximo ao Paço Municipal - nesta época, um complexo público, onde funcionavam a Câmara Municipal, todas as secretarias municipais, e representações do poder estadual e federal.
Na escola, ficava envolta de livros e pequeninos alunos, na sua casa, dividia espaço com fotolitos, chapas de cobre, fontes tipográficas, livros de pesquisa, blocos e blocos de anotações, e preciosas máquinas fotográficas e datilográficas.
O pó de giz, ficava no passado, suas mãos e roupas, permaneciam marcadas pela tinta da tipografia. O preto das fontes e impressos dos jornais, ficava entranhado não somente nas mãos e roupas, mas na sua existência, com o poder das palavras.
Seus olhares e outros olhares, sempre atentos, cobrindo a notícia em primeira mão. Ficando sempre a pergunta, “como ela viu e ficou sabendo?”.
Eram seus informantes, espalhados por toda a “vila” e região, eles sim passavam despercebidos, nunca as notícias.
Fontes nunca foram reveladas, enfrentou até delegados e autoridades militares, para garantir seus fiéis contribuintes da notícia. Fontes nunca reveladas nas colunas, assim como seu nome nas publicações.
Outros tempos do jornalismo, onde na “Moita”, as notícias passavam pela censura, e o “Você Sabia”, publicava aquilo que todos já sabiam, mas não tinham coragem de falar.
Um detalhe, comum nos semanários do interior paulista, as matérias não eram assinadas. Economia das tipografias na montagem das chapas, sim.
Mas também, um gesto de resguardar-se da censura dos governos militares (Getúlio Vargas e subsequentes de 1964), e no caso de Silena, do preconceito da época, imposto sobre as mulheres nesta profissão.
Mesmo na “Moita”, nome da sua mais famosa coluna – as publicações destacavam-se como os principais assuntos da cidade, assim como, quem era a misteriosa pessoa que escrevia- seu nome ficava assinalado na história jornalística cosmopolense.
Suas matérias e direção do “Jornal de Cosmópolis” -inaugurado em 1967, por um grupo de formadores de opinião como Jornal ACP, abreviação e abrangência de Artur Nogueira, Cosmópolis e Paulínia- foram a motivação para incontáveis leitores seguirem na profissão de jornalistas.
Silena Souza, 84 anos, primeira jornalista de Cosmópolis |
Nesta data consagrada nacionalmente aos jornalistas, em memória do patrono da profissão Cásper Libero, a Silena Sousa, nossa primeira jornalista, as saudações e homenagem.
A professora de formação, que ensinou através das suas publicações, a complexa matéria “jornalismo cosmopolense”.
Fez no seu presente impresso, nossas impressões as futuras gerações, do passado descrito nas suas expressões impressas de Cosmópolis.
Obrigado jornalista Silena Souza, nobre representante cosmopolense da profissão!!!
Salve a memória daqueles que não tiveram formação profissão como jornalista, mas representaram a profissão ao serem as vozes impressas do povo.
Salve os “jornalistas de coração”, Thelmo de Almeida, Ataliba de Carvalho, Werbyh Gião, Wellington Masotti, Carlito Tontolli, Negreira Souza, Moacir do Amaral e filhos, Odair Kiosia, José Honorato Fozzati, Rodolfo Rizzo, José Pedroso, Gelson D’Aolio, João Alberto Kantovitz, Mano Fromberg, Cleo Carneiro, Ednaldo Luiz (Alemão), Miguéis, Edson Leite, entre outros edificantes representantes da nossa vida nas páginas impressas e faladas.
Parabéns aos jornalistas de profissão e coração, porta vozes do povo cosmopolense.
Texto Adriano da Rocha
Foto jornalista Bruna Genaro