sexta-feira, 30 de novembro de 2018

ANIVERSÁRIO DE COSMÓPOLIS

DIA DO MUNICÍPIO
74 anos de emancipação política e administrativa
Desfiles de 30 de novembro


Aos cosmopolenses!!!

“SALVE” Cosmópolis!!! Dia 30 de novembro, marco do nascimento de Cosmópolis como cidade. Data consagrada por seu povo, nas batalhas por ser cidadão de sua própria cidade.

No passado, a data mais importante do calendário municipal, referência festiva na região.

Grandiosos eventos cívicos municipais, onde os artistas principais do “show de aniversário”, eram os próprios cosmopolenses. Exaltava-se o município, glorificando seu passado e presente, para honra e orgulho no futuro.

No dia 30 de novembro, a cidade amanhecia ao som da “Corporação Musical de Cosmópolis”. Era a alvorada da corporação, proclamando o “Dia do Município”.

A população despertava aos sons de marchas, dobrados e o “antigo hino municipal”. Marchando pelas ruas da região central, seguia o maestro Antônio Tavano e seus músicos.

Os sinos dos campanários da Igreja Matriz de Santa Gertrudes, anunciavam o início das celebrações religiosas. Ao término da missa campal, começavam as concentrações do desfile no Largo da Matriz, recém reinaugurado.

DIA DO COSMOPOLENSE
Em marcha pelos paralelepípedos da Avenida Ester, seguiam os grupos escolares municipais, funcionalismo público, comunidades religiosas, corporações musicais, fábricas, industriais, comerciantes, agricultores, e cidadãos disposto à homenagear Cosmópolis.

Cada grupo, reverenciava uma fase da história cosmopolense, como também, os atributos do seu seguimento social. Em alas específicas, como é feito nos grandes carnavais.

Os fornecedores de cana, transformavam seus caminhões em gigantescas alegorias, enfeitados minuciosamente pelos grupos escolares municipais.

Trabalho de meses de antecedência, criações realizadas como trabalho escolar, supervisionados pelos atentos professores.

Não esquecendo o cuidadoso trabalho das mães, com suas habilidosas mãos, criavam as fantasias e uniformes para o esperado dia.

Os tecidos para confecção das roupas, adornos dos carros alegóricos e fabricação de estandartes, era doado pelas várias tecelagens cosmopolenses.

Até mesmo as linhas, botões, fitilhos, lantejoulas e adereços, quando não chegada por doações, as lojas da “Villa”, vendiam por preços especiais.
O amor por Cosmópolis transformava a população, unidos, transmitiam este nobre sentimento em cada preparativo da festa. A data marcava anos de lutas, incessantes batalhas populares, pela emancipação política e administrativa.

A data, era comemorada, como o “dia do cosmopolense”. Símbolo das lutas populares, quando o povo cosmopolense, conseguiu o direito de ser cidadão da sua própria cidade.

Acompanhando os caminhões alegóricos, seguiam os cortejos dos agricultores e fornecedores de cana. Cada agricultor, trazia em seu trator, uma seleção de produtos das suas terras. Laranjas, algodão, milho, melancias, abacaxis, café, entre outros produtos que consagravam as produções cosmopolenses.

Seguiam em fila os tratores, acompanhados de charretes, troles, carroças e carros de bois, todos mostravam no desfile, seu orgulho por sua terra.

Os choferes de praça (taxistas), enfeitavam com fitas e faixas seus carros, seguindo o desfile levando as “majestades”.
Eram as Rainhas e princesas, eleitas como as mais belas de Cosmópolis.
Tinha até os grupos de bicicletas, formado por crianças e adolescentes. Com enfeites nos raios, bancos, guidões e garupas, seguiam orgulhosos os “bicicleteiros” no desfile.

Ao som da fanfarra do GEPAN, Corporação Musical de Cosmópolis, Corporação da Usina Ester, bandas, charangas, corais, violeiros, o desfile seguia animado pelos seus percursos.

Parabenizando Cosmópolis, as cidades da região enviavam seus representantes políticos e os inesquecíveis presentes.
Em nome da população dos municípios, traziam gigantescos presentes simbólicos, transportados por caminhões e carros oficiais enfeitados.

As concentrações aconteciam no Largo da Igreja Matriz de Santa Gertrudes, onde depois da “Missa Campal” e bênçãos do Monsenhor Rigotti, seguiam pela Campos Salles, rumo a Avenida Ester. Inicialmente, devido a quantia de componentes e participantes, o desfile iniciava-se próximo do Cine Theatro Avenida, seguindo pela Avenida Ester, até a Rua Campinas.

Na Rua Campinas, seguia-se para o grande final, concluindo as celebrações e atos oficiais, no “Estádio Thelmo de Almeida”. Havia entrega de honrarias, prêmios aos blocos e fantasias, e as apresentações musicais de artistas da cidade.

Evento sempre “irradiado” pelos serviços de alto falantes da “A voz de Cosmópolis”. Oficialmente narrado pelas inimitáveis vozes de locutores como Alibabá e Zé Magossi.

Os gastos da prefeitura eram mínimos, as festas era totalmente financiadas pela população. Não eram gastos, mas sim, exaltações de orgulho e amor por Cosmópolis.

Sentimentos raros na atualidade, mas que ainda habitam os corações da população, basta serem aflorados.
Aos cosmopolenses, de nascimento, opção e coração, não esqueça: Cosmópolis não é motivo de vergonha.

TENHO ORGULHO DE COSMÓPOLIS
Cosmópolis, nunca será motivo da sua vergonha, mas sim, alguns cosmopolenses. Estes, principalmente os “oportunistas políticos”, são as razões da sua vergonha, dos males da sua vida como cidadão. Nunca a cidade de Cosmópolis será motivo da sua vergonha, somente, alguns cosmopolenses.

Essa vergonha pode ter sim, basta você cidadão querer, usando seu poder do voto!!!
Glórias à cidade de Cosmópolis, e muita esperança e perseverança ao povo cosmopolense.

Hoje, 74 anos de emancipação política e administrativa de Cosmópolis, e 12 anos de criação do Acervo Cosmopolense.
Obrigado Cosmópolis, obrigado cosmopolenses!!!

Texto Adriano da Rocha

sábado, 10 de novembro de 2018

IIIª CAMINHADA NA GRUTA CARRAPICHO

PATRIMÔNIO AMBIENTAL COSMOPOLENSE

Grupo participante da terceira edição da caminhada

 Realizada neste sábado (10). Foram 13,8 km de percurso, desbravando antigos acessos da Gruta, recolhendo lixo no percurso, despertando o amor pelo meio ambiente, nosso maior patrimônio, redescobrindo Cosmópolis.














Parabéns aos participantes. As próximas caminhadas, estão em estudo, para serem realizadas aos domingos.

Fotos Miler Adamo, Carlinhos Bandola e Grupo Gruta Carrapicho

terça-feira, 6 de novembro de 2018

FLORESCER DE ESPERANÇAS

    Em tudo, pode existir beleza na vida. Assim como a natureza, tudo recria-se continuamente. A transformação, está no olhar, como na motivação destas mudanças. Até o imperceptível aos olhos, pode transforma-se em um novo ângulo, uma nova perspectiva, para enxergarmos a vida.

Olhares da amiga Lana Freitas, mostrando que o simples, pode tornar-se grandioso, em outra visão. Basta mudarmos o foco, olhando não somente à frente, mas sim, em todas nossas voltas.




Qual será o maior destaque da foto, a Igreja, o florescer dos jardins, ou, você somente perceberá a falta de manutenção da praça?!
Tudo é visto, só não podemos perder as esperanças, e desacreditar no futuro da nossa cidade.
O progresso e retrocesso, não é determinado somente por políticos, mas sim, pelos eleitores conscientes do potencial de Cosmópolis. Afinal, os políticos, são nomeados pelo voto, como representantes de todos os cidadãos. Até daqueles que não elegeram os vitoriosos.
Nossa cidade precisa ser revista por novos ângulos e olhares. Despertando assim, novamente, o amor dos cosmopolenses por Cosmópolis.
Somente ama sua terra, quem conhece. Somente terá esperanças, quem olhar sua cidade, com os olhos do coração. Não somente com os olhares do ódio e mágoas.

📸 fotos Lana Freitas 
✍🏻 Texto Adriano da Rocha

“ESTHER, ESTÉR, DONA ESTER DO PROGRESSO E CARIDADE”

AINDA ONTEM
Texto e foto Adriano da Rocha


Em 06 de novembro de 1941, uma triste quinta-feira, há exatos 77 anos. Estridente o telefone de baquelite tocava no escritório, a telefonista transmitia uma mensagem de Campinas. Com triste pesar, a funcionária da “Companhia Sino Azul” noticiava à direção da Usina Ester: “Dona Esther Nogueira, acabou de falecer”

Era acionada a velha sirene da Usina, colonos e pessoas da Villa de Cosmópolis, ficavam alarmados com o incessante som. O povo cosmopolense, somente ouviu a sirene ecoar daquele jeito, nos tempos da Revolução de 1932.

A triste notícia espalhava-se, ainda mais que o som incessante da sirene, ecoando pelos canaviais. Ouvia-se em Arthur Nogueira, Limeira, Paulínia e Americana. Em pausados toques, dobrando o tom de luto, os sinos do campanário da Igreja Matriz de Santa Gertrudes, confirmavam a notícia.

Muitos cosmopolenses choravam, sem ao menos conhece-la pessoalmente. Eram as dores da gratidão, lágrimas em respeito à sua memória, sentimentos de um povo benevolente, assim como, a matriarca do progresso regional.

Em comovida homenagem, o jornal “O Estado de São Paulo”, noticiava com destaque o falecimento de Esther Nogueira.

O renomado professor Nicolau de Morais Barros, sobrinho do Presidente Prudente de Morais, expressava os sentimentos do povo paulista, pela triste perda. Abaixo, trechos da histórica publicação.

“Tinha uma personalidade marcante e de singular relevo. Oriunda de tradicional família paulista, nasceu em Campinas, e ali cresceu e se educou. Seu pai, José Paulino Nogueira, campineiro dos mais ilustres, ali vivera longos anos, amando e honrando sua terra natal, prestando-lhe assinalados serviços e cobrindo-se de benemerência, durante a epidemia de febre amarela, como presidente de sua municipalidade.

Proclamada a república, e nomeados ministros Francisco Glicério e Campos Salles, amigos diletos dos quais nunca se separou, Campinas se revestiu de galas para receber os filhos vitoriosos.

Coube a menina Esther, então com 12 anos de idade, trajada de república e ostentando o barrete frígio na cabeça, cingir a fronte de Glicério com a coroa de louros simbólica, dirigir-lhe uma saudação de glórias, pronunciada com ênfase e vibração patriótica.

Foi mãe extremosa e desvelada de seus oito irmãos, o mais novo dos quais contava com meses de vida.

Repartiu-se entre o pai, o marido, os irmãos e os dois filhos que lhe vieram. Desdobrou-se em carinhos e cuidados, com uns e com outros, fez-se o centro da família, e tornou-se o ídolo da casa. Um símbolo de caridade para toda sociedade.

Possuía Dona Esther, em alto grau e perfeito equilíbrio, as edificantes virtudes femininas. Mas o traço característico de sua personalidade, a essência de sua formação moral, era a bondade.

Bondade espantosa, irreprimível e transbordante. Bondade que fluía das palavras que lhe afloravam aos lábios, que irradiava do seu olhar mortiço e doce, que inspirava os menores atos e gestos de sua vida e que a fez tão benquista dos que lhe aproximaram.

Muito caridosa, ela praticava a filantropia e de acordo com o preceito evangélico, escondida e ignorada.

Sua bolsa nunca se fechou a um pedido. Bem poucos, dentro dos seus íntimos, conheciam a extensa lista dos seu protegidos, aos quais prodigalizava, além do auxílio pecuniário mensal, interesse solicito e assistência material e moral.

Dotada de inteligência aguda e clara, e notável memoria, ela se deleitava em rememorar fatos e episódios dos seus tempos de moça, em Campinas, e os sabia contar com surpreendente minucia nos detalhes.

Muito sensível aos agrados e carinhos que recebia, não era o menos aos que se lhe recusavam. Magoava-se, doía-se, mas...perdoava

Presa ao seu leito de dores e sofrimento, por longos e intermináveis meses, ela teve os males do corpo agravados pela saudade torturante de um filho ausente, que sonhava rever, antes de fechar os olhos. Quis o destino que esse sonho não se realizasse!!

A sua morte despertou, na sociedade paulista, um sentimento generalizado de pesar. O seu funeral, constitui-se de uma tocante consagração, já pela desusada influência de pessoas amigas, já pela profusão das flores que envolveram o seu esquife” (...).

DORES DAS SAUDADES
A saudade marcante do filho Paulo Nogueira Filho, Paulito, foi um dos mais agravantes motivos da sua morte. Por ordem do ditado Getúlio Vargas, os combatentes paulista da Revolução Constitucionalista de 1932, foram expulsos do Brasil.

Paulito, estava entre os principais responsáveis pela revolução paulista, escolhia-se o exílio fora do país, a condenação de morte. Estava vivo, porém, enquanto o ditador Vargas continua-se no poder, nunca mais poderia voltar ao Brasil.

Os familiares não podiam revelo, podendo serem condenados por conspiração ao regime do ditador Vargas. A mãe chorava a ausência do filho vivo, sem saber o dia, que poderia revelo novamente.

Essa angustia, debilitava a forte Esther, o filho estava exilado na Europa, que enfrentava a Segunda Guerra Mundial.
Qual amorosa mãe, não adoeceria nesta situação!!. Esther, faleceu aos 64 anos de idade.

Paulito e outros combatentes paulistas de 1932, somente voltavam ao Brasil no fim da ditadura Vargas, em 1945.

OLHAR FOTOGRÁFICO 
A foto em destaque, é o último registro de Dona Esther em vida, feito na varanda da Fazenda São Quirino. Na varanda, quando encontrava forças, ficava contemplando o horizonte da grandiosa fazenda. Olhando distante, na esperança de ver o filho regressando. O registro foi feito pelo neto, José Bonifácio Coutinho Nogueira.

Texto Adriano da Rocha

sábado, 3 de novembro de 2018

IIIª CAMINHADA NA GRUTA CARRAPICHO

Chegou o esperado dia!!! Acontece neste sábado (10), a caminhada à Gruta Carrapicho, com concentração e saída, às 7h15, da Guarita Municipal, próximo ao trevo da Usina Ester.
O percurso, ida e volta, é estimado em 10 quilômetros, podendo ocorrer alterações nos trajetos, devido ao condicionamento dos participantes.

O término é previsto para às 12h30, retornando ao ponto de partida na Guarita. Outros pontos da Fazenda Usina Ester serão visitados pelos participantes, sendo escolhidos, no decorrer da caminhada.
A caminhada é livre, com atividades voluntárias de limpeza no percurso, recolhendo lixo e detritos dos pontos visitados.
É recomendado aos participantes utilizarem calçados fechados, calças, boné ou chapéu, protetor solar e repelentes.
Não esquecendo de levar água para seu consumo !!!
Agradecimento especial à Usina Ester, pela liberação e o livre acesso aos participantes

P.A.R.T.I.C.I.P.E
Conheça Cosmópolis, e surpreenda-se com nossa natureza. O maior patrimônio do cosmopolense, é sua terra!!!

CEMITÉRIO DAS SAUDADES E MEMÓRIAS

122 ANOS DE SEPULTAMENTOS
Primeiras quadras do cemitério, datadas de 1896 à 1930. Ao lado direito da foto, o segunda quadra infantil . Ao fundo o novo cruzeiro e velário, construído sobre a antiga edificação e "casa do coveiro"

 Na semana marcada pelo “dia de finados”, registros do secular Cemitério Municipal da Saudade, em Cosmópolis. Surgiu em 1896, por iniciativa de imigrantes dos núcleos coloniais.
Em 1897, o governador Campos Salles, decretou a incorporação do cemitério ao município de Campinas.
A principal razão, o crescente número de mortos vitimados pela febre amarela, e a extrema necessidade, do governo realizar os serviços de vigilância e sepultamentos.



FEBRE AMARELA E TIFOIDE
Monumento criado na antiga área de isolamento dos mortos de febre amarela. Erroneamente, registrada como "peste bubônica "
Um salvo engano, nunca existiram vítimas de peste bulbônica em Cosmópolis, como erradamente está escrito no cemitério.
No espaço, enaltecido como vítimas da peste bulbônica, estão sepultados isoladamente, vítimas da febre amarela e tifóide.
O projeto, criação do espaço isolado, é descrito em documentos da Câmara Municipal de Campinas, sendo seguidos em outros cemitérios das Villas, como Artur Nogueira, Americana e Paulínia.
O espaço de isolamento, seguia as novas normas de combate à febre amarela, criadas pelo médico sanitarista Adolfo Lutz.
O renomado médico, esteve em várias ocasiões em Cosmópolis, descritas, no livro comemorativo ao centenário do instituto Adolfo Lutz.

OLHAR FOTOGRÁFICO 
Sibipiruna florida, contrastando suas cores em todo o cemitério


Entre os destaques dos registros, o encontro entre a vida e a morte, no florecer das sibipirunas.
O intenso amarelo das flores, contrastam por todo cemitério. Assim como, os tapetes de flores, espalhados pelas sepulturas.




"Capela da Ressurreição", atual espaço ecumênico 


Um saudoso finado, sempre lembrado nesta data, é o popular Argemiro.

Personagem singular das ruas cosmopolense, recordado em inúmeras histórias dos anos 1960,70 e 80.

Novo calçamento construído pela prefeitura, área utilizada como estacionamento, foi "cascalhada" 
Obs: Parabéns à prefeitura municipal, pela construção do calçamento e plantio de árvores. Depois de décadas de requerimentos e pedidos populares, enfim, o projeto saiu do papel.

Texto e fotos Adriano da Rocha

sexta-feira, 2 de novembro de 2018

DIA DO ETERNO AMOR

AINDA ONTEM EM COSMÓPOLIS
Texto Adriano da Rocha
Fotos Luizinho Ferreira

 02/11/1950Dia do eterno amor, em memória da saudade, na fé pelo reencontro. Uma quinta-feira, há exatos 68 anos, em Cosmópolis. Aqui publicamos, um conjunto de três fotos, perdidas entre um álbum repleto de preciosidades do cotidiano cosmopolense. As fotos registram o “dia de finados”, no Cemitério Municipal da Saudade.

Considerada uma das datas mais importantes da liturgia católica, as imagens são de autoria de um evangélico, o saudoso Luizinho Ferreira. Não era fotografo profissional, mas sim, um apaixonado por fotografar Cosmópolis.

Em cada foto, marcas da fé popular, tradições típicas de Cosmópolis, como as barraquinhas de melancia e abacaxi, as jardineiras “bardeando” passageiros, e principalmente o respeito, na memória dos saudosos sepultados.

Nos registros, o encontro nas sepulturas, dos amigos e familiares mortos, os reencontros dos amigos vivos, nas visitas aos finados.
“Na terra dos mortos, são revividas vidas”, já dizia meu finado pai, seu Juvenil da Rocha.

Revivendo essas vidas, através das fotos, recordo suas memórias desta data, as lembranças dos “dias de finados cosmopolenses”.

AS HISTÓRIAS NAS FOTOS
O antigo cruzeiro, velário das almas, ponto mais alto do cemitério, foi utilizado como base pelo fotografo na primeira foto.

Ainda, uma simples cruz de madeira, edificada sobre degraus, onde eram acessas as velas, localizada no centro do antigo “Cemitério Alemão”. Criando em 1896 por imigrantes do Núcleo Colonial, incorporado ao município de Campinas, em 1898.

Em 1951, o modesto cruzeiro foi totalmente demolido na primeira ampliação do cemitério municipal.

Obras do prefeito João Guilherme Paz Herrmann, João da América, construindo um novo cruzeiro e velário, ao lado da extinta casa do coveiro, popularizada como casa do “Dito Coveiro”.

No fim dos anos 1950, com a demolição da “igreja velha”, e construção da nova Matriz de Santa Gertrudes, o cruzeiro do Largo, foi transferido para o cemitério. Permaneceu no cemitério, até a nova ampliação das quadras, no fim dos anos 1970.

Observe, muitas pessoas caminhando, seguindo várias direções, chegando e saindo. Reencontro de amigos vivos nos corredores, conversando sobre a vida, “visita” aos finados amigos, relembrados com saudades e orações.

Movimento intenso de familiares, casais e crianças. Intenso como o sol, ressaltado pelos vários “guarda chuvas”.

Este ponto, era utilizado como o principal acesso as sepulturas, atual quadra 8, divisa entre as quadras infantil e adulta. Próximo deste acesso da foto, ficavam as barraquinhas.

Neste período, somente barracas de velas, flores naturais, vasos e arranjos, e a tradicional barraca das melancias e abacaxis.


TRADIÇÃO DA MELANCIA 

Na barraca das melancias era intenso o movimento, expostas no chão de terra, empilhadas em fileiras, uma sobre a outra. Na bancada os abacaxis ananás, pequenos e com grandes coroas.
O motivo da escolha destas frutas, assim como a tradição cosmopolense da melancia no dia de finados, eram as produções municipais. Cosmópolis durante décadas, foi uma das principais produtoras de abacaxis e melancias do Estado.
Com destaque em inúmeras propagandas do governo, jornais, e revistas como a “Fom Fom” e Cruzeiro
A proximidade do cemitério, com os bairros produtores destas frutas, como Santo Antônio, Campos Salles e “Vista Bela”, atraia os sitiantes à venderem na data.
Aproveitando o intenso movimento dos visitantes, criando essa típica tradição de comer melancia no dia de finados.
A revenda acontecia em outros cemitérios próximos, como o de Artur Nogueira, Paulínia e o cemitério rural dos Pires, em Limeira. Seguindo essa tradição, em outras cidades da região.
Era costume ir na missa das almas (celebrada próximo do cruzeiro), e trazer para casa melancias e abacaxis. Uma tradição ainda preservada por muitos cosmopolenses.
O progresso canavieiro, e principalmente, o surgimento da laranja, mudaram as produções agrícolas de muitos produtores. Há décadas, essas frutas não são produzidas em Cosmópolis.
Porém, mesmo sem produção local, as barracas das melancias continuavam nos acessos ao cemitério.
Neste ano de 2018, não encontrei melancias na região do cemitério da saudade. Somente em Artur Nogueira e Paulínia, ainda persistem as tradicionais barracas. Nestas cidades no caso, gigantescas tendas, com centenas de enormes melancias.


JARDINEIRA, TROLES, CHARRETES E CARROÇAS

A maioria dos visitantes, chegavam ao cemitério pela velha estrada do Núcleo Colonial Campos Salles, popular caminho da “Escola Alemã” e Ponte Preta (ponte férrea da Funilense).

Nesta estrada, o acesso era direto ao cemitério, como diziam: “um retão só, com muita poeira vermelha, pomares e canaviais”.

O caminho da Escola, era utilizado pelos moradores da Villa, colonos da Usina, e região rural do Nova Campinas.

No dia de finados, o movimento de troles, com suas elegantes rodas de dois tamanhos, charretes, carroças, cavaleiros, e as icônicas jardineiras, era intenso.

As jardineiras da Auto Viação Cosmópolis, passavam o dia inteiro “bardeando” passageiros aos cemitérios da região.

Até então, o acesso pela Avenida da Saudade, era utilizado basicamente, como principal acesso dos moradores dos sítios daquela região.

Cosmopolenses do Itapavussu, Coqueiro, Saltinho, Uirapuru, utilizavam a antiga estrada do Quilombo, que acessava os fundos do cemitério.


FOTÓGRAFO DO COTIDIANO 
Sepultura de Luizinho Ferreira no Cemitério da Saudade, localizada na antiga quadra 1

Importantes registros fotográficos, como a Estação da Sorocaba (antiga Funilense), construções públicas (Castelo d´água, Praça do Coreto, pontes sobre rios, escolas), e inúmeras cenas do cotidiano cosmopolense, são de autoria do Luizinho Ferreira.

Comprou a máquina usada, modelo até moderno para época, daquelas de fole, com o zoom calculado por distância.

Foi um dos primeiros funcionários públicos de Cosmópolis, dos tempos da sub prefeitura à municipalidade, trabalhando com todos os prefeitos eleitos do seu tempo.

Amador na arte fotográfica, criou suas próprias técnicas de enquadramento, perspectiva e foco. Apaixonado pela profissão e Cosmópolis, registrou seus dias, sem imaginar, que ficariam registrados eternamente, como imagens da nossa história.

Luizinho Ferreira, faleceu aos 90 anos de idade, em 2007. Um dos irmãos do saudoso Constantino Ferreira, o inimitável, Tita da "Loja do Queima".

Era casado com Dona Elídia, casal conhecidos carinhosamente pelas crianças, como os donos da Casa dos anõezinhos, localizada na Ramos de Azevedo. Em breve, merecidas lembranças deste saudoso casal.

As fotos em destaque, foram digitalizadas pelo historiador Mano Fromberg.

Texto Adriano da Rocha
Fotos Luizinho Ferreira