terça-feira, 31 de julho de 2018

ÓLEO NAS ÁGUAS DA REPRESA

MEIO AMBIENTE

Texto Adriano da Rocha
F
otos Conceição Tetzner



  Nas barreiras do Paredão, extensas manchas marrons contrastam nas águas do Rio Pirapitingui. Nas turbinas e caixas de contenção, as manchas ressaltam nas águas, misturando-se com muito lixo e detritos de queimadas.
As margens da antiga “Prainha”, sobressaem o tom marrom nas areias do antigo ponto turístico.

As manchas marrons não são vinhaça, popularmente conhecida como restilo, resíduo pastoso e malcheiroso que sobra após a destilação e fermentação da cana-de-açúcar. Ao contrário do restilo, utilizado há mais de 100 anos nas terras, o liquido marrom não é biodegradável, e surgiu nas águas recentemente.



O sobressalente liquido, são resíduos de óleo, deixados na combustão dos motores de jet-skis e lanchas.

Segundo grupos cosmopolenses de proteção ambiental, o óleo é recorrente de motores dois tempos, irregularmente utilizados em alguns modelos de veículos aquáticos.

As marcas dos possantes veículos podem ser vistas facilmente nas águas. Com o intenso sol da manhã, seus raios são refletidos em vastas manchas por toda a Represa.

Preocupante nos remansos do Pirapitingui, ponto de procriação de inúmeras espécies de peixes.

A violência dos turbos dos “jet-skis” rebentam as ovas dos peixes e matam os alevinos, declara o site Greenpeace.
Organização global e independente que defende o meio ambiente e promove a paz.


Na maioria das cidades paulistas, o trânsito de veículos como o Jet-ski, é estritamente proibido em represas, barragens e remansos de criação natural de peixes.

Em cidades como Jaguariúna e Campinas, é permitido em locais específicos com fiscalização, liderados somente com comprovação de cidadania local dos indivíduos.

Como não é possível exigir consciência social, alguns municípios adotaram medidas específicas para proteger a vida humana e o meio ambiente.

Em Cosmópolis, não existem leis de fiscalização e proibição do uso de Jet-ski nas “águas cosmopolenses”. O perigoso“agravante moderno”, não é citado nas leis orgânicas e ambientais do município, inicialmente criado nos anos 1980.

O ponto alarmante, é que desde 2012, a Represa é o único reservatório de abastecimento de Cosmópolis. Responsável pela captação, tratamento, e distribuição de águas, para mais de 70 mil habitantes.

A situação é preocupante, devido ao aumento semanal dos veículos nas águas, gerando a proliferação acelerada do óleo em toda represa.

Estudos do Greenpeace, enfatizam que dez “jet-skis” trafegando durante duas horas, sozinhos despejarão cem litros de óleo nas águas.

Em fins de semana, é possível contar até mais de dez veículos circulando nas águas da Represa, sem nenhuma fiscalização.

Em território paulista, a regulamentação e fiscalização, é realizada pela Capitania dos Portos de Santos, em parceria com autoridades municipais.

Leis ambientais federais e Estaduais, proíbem a pratica esportiva e recreativa de veículos aquáticos, em áreas de reserva de águas para consumo humano.

As mesmas leis são ainda mais severas, na questão do impacto ambiental no meio ambiente.

Os jatos dos veículos espalham os sedimentos químicos no fundo das águas, impregnando este produto no fundo dos rios, transformando-se em resíduo permanentes do solo.

Consequentemente, o fundo das águas passa a ser composto pelo sedimento poluente. Por essa razão as águas ficam barrentas por onde trafegam essas máquinas.

Os jet-skis funcionam como um misturador do seu próprio óleo. Todos os poluentes lançados pelas demais embarcações – que permanecem flutuantes nas águas – são revolvidos pelos turbos dos jet-skis, fazendo a mistura nos solos. Ressalta o grupo internacional de proteção ambiental.

Será então, somente a estiagem, a mais ampla dos últimos 30 anos na região, o maior agravante da Represa?




RESPOSTA DA CÂMARA MUNICIPAL 

Em resposta ao nosso pedido de “socorro ambiental”, o assunto entrará na pauta da próxima sessão da Câmara dos Vereadores, marcada para o dia 06 de agosto, às 18h30.
Segundo o Presidente da Câmara, Vereador André Barbosa Franco, o tema será destaque na Sessão, protocolando um requerimento de urgência sobre o assunto.

Em parceria com grupos de proteção ambiental, será solicitado que a Prefeitura adote providências necessárias para a criação de uma Base ambiental na região.

Aguardemos as mais urgentes providências sobre o assunto. O tema é de extremo interesse aos moradores de Cosmópolis, principais beneficiários das águas.

Advertindo, que os resíduos de óleo da represa, seguem pelo Rio Pirapitingui à outros rios, espalhando-se pelo Jaguari no caminho ao Piracicaba. Neste caso, poluído águas de milhares de outros moradores da região.


BOM LEMBRAR
1979 / Estação de tratamento, captação e recalque de água na Represa 
 Atualmente, a Represa está entre os maiores reservatórios de águas do Brasil. Porém, o espaço de armazenamento não é totalmente utilizado, sendo o último projeto de assoreamento realizado em 1985.

Não esquecendo que a área é particular, e os proprietários são contrários ao uso de veículos motores nas águas. Criada em 1898 para manter o abastecimento da Usina e colônias, a represa foi cedida para o município em 1977.

Neste acordo firmado entre a Usina Ester e a Prefeitura, o local deve ser usado estritamente para os fins de abastecimento e turismo ecológico consciente.

Próximo a central de tratamento e captação de águas municipal, uma parte foi cedida para a antiga estatal CPFL (Companhia Paulista de Força e Luz). Essa área, é responsável pelo fornecimento da energia de grande parte do município.




RESÍDUOS INDÚSTRIAS E ESGOTO 


Em nova postagem, mostraremos o impacto causado pela constante descarte de esgoto e resíduos químicos na Represa.

Não somente os Jetsky e lanchas são os “culpados” pelo óleo na Represa. Porém, a circulação e potência dos motores, estão entre os principais responsáveis pela propagação de inúmeros resíduos nas águas e solo.

Sem total tratamento de esgoto em Cosmópolis e Paulínia, parte dos resíduos domésticos de muitos bairros, são despejados diretamente nas águas.

Nas “baixadas” do Pirapitingui, divisa territorial com Paulínia, as imagens dos descartes podem ser visas diariamente, ressaltando os resíduos na coloração das águas. Resíduos industriais deixam rastros de espuma e forte odor de produtos industriais.



LEIA TAMBÉM 

sábado, 28 de julho de 2018

LUA DE SANGUE

Ontem ao luar 


 Fenômeno da lua de sangue, em Cosmópolis. Eclipse acontecido na noite de sexta-feira (27).
Registro cosmopolense feito nos primeiros momentos do encontro lunar, com direito a plateia.

📸 Foto Anastácio Silva

quinta-feira, 26 de julho de 2018

AINDA ONTEM..

HÁ 8 ANOS


Caminhos de saudades e histórias
Texto e foto Adriano da Rocha



Um caminho, muitas histórias e saudades. Quem nasceu nas terras da Fazenda Usina Ester, a saudade traz na memória, até o cheirinho dos eucaliptos.

Divisa de colônias como a Quebra Canela e Botafogo, caminho dos caminhões canavieiros. Marcante nos percursos de acesso a “Represa do Paredão”, saída e volta da Ponte de Ferro, como nos acirrados jogos nos campos do Botafogo e Funilense.

As árvores foram plantadas no início dos anos de 1960, idealização de Paulo Nogueira Neto, seguindo um novo projeto de arborização e reflorestamento das terras. Neste mesmo período, foram recriadas as matas ciliares nas regiões do Rio Jaguari e Pirapitingui, sendo iniciado o renomado projeto do “Matão da Usina” (saída Holambra).

Com a demolição total das colônias em 2012, os eucaliptos foram cortados, assim como outras árvores, terraplanando as áreas para formação de canaviais.

"CEMITÉRIO INDÍGENA COSMOPOLENSE"
A lembrança deste registro fotográfico, uma expedição em busca do “Cemitério Indígena cosmopolense”, descoberto neste ponto, no fim dos anos 1960.

Não encontramos o lendário cemitério, em mais de 40 anos da sua descoberta, muita coisa mudou. Tudo estava transformado e recriado pelo avanço do “progresso industrial canavieiro”. Mas, a viajem rendeu muitas fotos e histórias.

Acompanhou a expedição, Nelson Mahling, popular Piuh, tratorista que descobriu as urnas mortuárias indígenas. Na época, uma das últimas testemunhas vivas da fantástica descoberta.

Junto com outros funcionários da prefeitura, Piuh realizava a terraplanem dos terrenos, onde seria construída a atual Avenida Centenário, principal acesso à Usina Ester. Obras em comemoração ao centenário de Paulo de Almeida Nogueira, esposo de Dona Ester Nogueira, um dos fundadores da Usina.

Segundo Piuh, quando o trator escavava o solo, surgiu entre a terra pequenos vasos, lembrando “talhas de água”, estes filtros de barro usados em casa.

Extremamente frágeis, possivelmente pelos muitos anos enterrados, estouravam em pedaços, mostrando seu conteúdo. Eram partes de ossos humanos e crânios, depositados dentro das urnas, ornamentadas com desenhos em tons pretos e vermelhos.

O descobrimento das ossadas, várias pedaços espalhados devido a força da escavadeira do trator, atraiu curiosos de toda Usina, como as autoridades policiais. O tratorista relembra que a “molecada” começou a brincar com os objetos, sendo repreendidos pelo “falta de respeito” com os “desconhecidos finados”.

Comprovado serem restos humanos, os ossos foram recolhidos e levados ao ossuário do Cemitério da Saudade.

Antes do translado dos ossos, houve um ato litúrgico, realizado pelo Monsenhor Rigotti. Uma espécie de “encomendas das almas”, desculpas religiosas na fé Católica, da perturbação “indevida” caudas na profanação das ossadas

Cerca de duas urnas foram retiradas intactas, com os ossos armazenados nesta espécie de vaso confeccionado de barro.

Junto com fragmentos de outras urnas, os objetos foram guardados na antiga Sede do DAE (Departamento de Água e Esgoto), localizado ao lado do popular Castelo de Águas.
Com a fundação da UNICAMP nos anos 1970, as Urnas cosmopolenses foram doadas para estudos, pertencentes ao Acervo da Faculdade.

Texto e foto Adriano da Rocha

quarta-feira, 25 de julho de 2018

LUTO COSMOPOLENSE

MEMÓRIA ESCOLAR

ADEUS DONA VILMA NOLANDI 
Professora, educadora da vida
Um dos últimos registros da professora, foto de Ana Maria Pacetti. Homenagem prestada na escola que recebe seu nome.

Mestra formadora de caráteres, professora das letras, educadora dos caminhos da vida. Entre as mais edificantes tutoras da profissão. Exemplo para muitos dos seus alunos, seguirem no ofício de professores.
Aos 84 anos de idade, faleceu nesta quarta-feira (25), Vilma Zenaide Nolandi Costa, a querida "professora Vilma". Inesquecível professora, com mais de 50 anos dedicados ao magistério em Cosmópolis.

VELÓRIO E SEPULTAMENTO 
O velório tem início às 8h00 desta quinta-feira (26), sendo realizado até as 17h00 no Velório Municipal de Cosmópolis. O sepultamento será no Cemitério da Saudade, em Campinas.

EDUCADORA DA VIDA 
Dona Vilma Nolandi recebendo um fraterno abraço da professora Helena Nallin

Professora Vilma, era filha de Dona Risoleta e Dr. Luís Nicolau Nolandi, notório casal que marcou época e fez história na cidade.

Viúva de José Esteves Costa, antigo gerente do "Banco Segurança", deixa os filhos Hamilton, Elisabeth, Miriam, e incontáveis filhos adotivos. Seus ex-alunos e crianças dos projetos que amparava como voluntária.

Nasceu em Cosmópolis, na Rua Alexandrina (atual Campos Salles), naquele casarão recentemente reformado, localizado em frente à Igreja Matriz de Santa Gertrudes.

Nos estudos no “Grupo Escolar Rodrigo”, as aulas da saudosa Dona Onélia Kalil Aun, despertavam seu amor e vocação ao magistério. Terminando os estudos no tradicional "Colégio Progresso", em Campinas, começou a lecionar nos anos 1950, nas escolas cosmopolenses.

Até sua aposentadoria em 2004, havia lecionado ou prestado serviços direcionais, na maioria das escolas municipais e estaduais cosmopolenses. Somente na Escola GEPAN , onde aposentou-se do magistério, foram mais de 40 anos de aulas .

Muitos dos seus educandos, seguindo como exemplo seu amor em ensinar, tornaram-se seus amigos e amigas de trabalho. No GEPAN, houve períodos que a maioria dos docentes foram ex-alunos da Dona Vilma. Lecionando na mesma escola, a mestra e seus alunos professores.

Em 1993, nas comemorações dos 49 anos do município de Cosmópolis, o então prefeito Mauro Pereira, ex-aluno da Dona Vilma, perpetuava uma justa homenagem à professora.

Era inaugurado no Jardim Independência, a “Escola Municipal de Ensino Infantil Professora Vilma Zenaide Nolandi Costa”.
Escola modelo, localizada na Avenida da Saudade, próximo do Supermercado Berton.
Ao lado da amiga e companheira de profissão, Professora Helena Curiacos Nallin, foi uma das percursoras da conceituada “Casa da Criança de Cosmópolis”. Um dos mais antigos projetos assistenciais do município, com quase 40 anos de serviços voluntários prestados.

GRATIDÃO PROFESSORA
Vila Nolandi Costa Professora Vilma, uma vida inteira dedicada ao magistério 

Nossa mais edificante tradução cosmopolense da palavra professora.
Nas tortuosas passagens da estrada do conhecimento, ensinou para muitos os primeiros passos.Transformando os percursos em suaves caminhos.

Gratidão benemérita professora, gratidão Dona Vilma Nolandi.

Descanse em paz professora, olhai e rogai por sua querida Cosmópolis!!! Suas aulas na terra até terminaram, mas seus ensinamentos deixados, estes serão eternos.

Texto Adriano da Rocha

terça-feira, 17 de julho de 2018

CALÇADÃO DA AVENIDA ESTER

MEMÓRIA COMERCIAL


AINDA ONTEM...
EM 17 DE JULHO DE 1992

  Em 17 de julho de 1992, há exatos 26 anos, oficialmente era inaugurado o “Calçadão da Avenida Ester”. Ao som da tradicional “Corporação Musical de Cosmópolis”, o então Prefeito José Pivatto ao lado de Vicente Morelli, representando os moradores da Avenida Ester, descerravam a placa de inauguração.

O projeto assinado pelo arquiteto cosmopolense Beto Spana, contemplava três quarteirões da Avenida Ester, iniciando no cruzamento com a Rua Campinas, terminando na Rua Santa Gertrudes.

Em parceria com os comerciantes e proprietários de imóveis, o calçamento dos entornos do projeto foram recriados, seguindo o mesmo padrão do Calçadão.

As obras tiveram início no dia 22 de abril de 1992, mudando totalmente a rotina da agitada região central. Até o término das obras, ficavam interditados parcialmente os acessos para Avenida Ester.

Aos sons de picaretas e escavadeiras quebrando o asfalto, amanheciam os dias na região central. Os paralelepípedos dos anos 1950, voltavam a surgir em trechos da Avenida Ester, envoltos de uma grossa camada de massa asfáltica que os cobriam.

Um mutirão de funcionários garantiam a agilidade das obras. Criterioso aos trabalhos e detalhes, o arquiteto Beto Spana e sua equipe, supervisionavam a presteza dos serviços.

No mesmo período, eram realizadas em conjunto com o Calçadão, a remodelação do Largo da Matriz de Santa Gertrudes, e criação da Praça Sérgio Rampazzo, obras também assinadas por Spana.
Os prazo eram corridos, tudo precisará estar pronto até o dia 17 de julho, para a grandiosa inauguração do “Calçadão da Avenida Ester”.

Seguindo o projeto do Calçadão, os passeios públicos do então lado direito da via (atualmente seria o lado esquerdo), eram alargados, prolongando cerca de 6 metros.

As “costumeiras” sibipirunas plantadas nos anos 1950 e 1960, entre piúvas rosas e ipês amarelos, eram cortados. Então necessário para ampliar o espaço de pedestres. Outras espécies de árvores cresciam plantadas em novos espaços.

Os destaques principais, as palmeiras imperiais e coqueirinhos, contrastando entre os salgueiros chorões e impertinentes canelinhas.

Gigantescos vasos de cimento recebiam mudas de flores diversas, predominando coração-roxo (trapoeraba), santolinas brancas e amarelas, volumosas e a ave do paraíso (Strelitzia).

Entre os jardins, sempre próximos das árvores, inúmeros bancos foram instalados. No quarteirão entre as ruas Antonio Carlos Nogueira e Santa Gertrudes, uma pequena praça foi criada, com vários bancos e mesas especiais para jogos e leitura.

A escolha deste espaço específico, é devido a maior concentração de pedestres gerada pelos Bancos Itaú, Banespa, Bradesco e Bamerindus (antigo Nacional). Outra pequena Praça, foi criada em frente a Caixa Econômica Paulista.
As rústicas calçadas de tijolos revestidos de cimento, marcas dos tempos distritais de Cosmópolis, ficavam no passado. Ao menos, nos quarteirões do Calçadão.

Caminhões de pedras de calcário preto e branco chegavam para revestir o Calçadão e novas calçadas. Seguindo a tradição das calçadas portuguesas, habilidosos “mestres calceteiros” assentavam as pequenas pedras, formando nos contrastes das cores, a “logo marca” da administração municipal, intitulada “Governo Popular”.

Em parceria com as Estatais TELESP (Companhia Telefônica Paulista) e CPFL (Companhia Paulista de Força e Luz), que possuíam uns dos seus mais antigos escritórios em Cosmópolis, um projeto foi criado especialmente para o Calçadão. As fiações elétricas foram embutidas no solo, sendo instalados luminárias e refletores em pontos específicos.

Acompanhando o projeto modernista da obra, a TELESP instalou orelhões especiais para o Calçadão. Eram cabines de concreto com revestimentos em vidro temperado, com assentos e espaços de armazenamentos de objetos, como sacolas e bens pessoais dos usuários.

Em parceria com comerciantes e indústrias, foram instaladas inovadoras lixeiras nos entornos do calçadão.

Construídas em cimento, com revestimentos em madeiras reflorestadas, possuíam três armazenamentos acoplados para vários tipos de lixos. Nas laterais das lixeiras, as propagandas dos comerciantes que fizeram as doações ao patrimônio público.

O TRISTE FIM DA HISTÓRIA
Após 7 anos da sua criação, a então administração Joaquim Pedrozo (1997 a 2000), mudava a história do Calçadão. Sem manutenção, devido a uma das piores crises financeiras municipais, o Calçadão transforma-se em um vergonhoso “cartão postal” da Avenida Ester.

Árvores e coqueiros imperiais sem nenhuma conservação, com galhos mortos e folhas secas, devido as intempéries climáticas e podas indevidas.

Os jardins viraram pequenos matagais, ervas daninhas cobriam os canteiros e vasos, matando flores e árvores frutíferas.

Com falhas nas iluminações, ocasionadas pela falta de custeamento do local, o vandalismo tomou conta do Calçadão. A região ficou escura, surgindo pontos de uso de drogas e prostituição.

A maioria dos bancos estavam com seus madeiramentos quebrados, as cabines telefônicas com vidros estilhaçados, pichações e sem telefones. Lixeiras sem sacos plásticos, viravam entulhos de lixos e criadouros de insetos.

DEMOLIÇÕES FINANCIADAS POR COMERCIANTES
Comerciantes reuniam-se com representantes da Prefeitura, buscando soluções a vergonhosa situação do Calçadão.

A administração apresentava modificações no projeto, alegando erros nos espaços transversais de estacionamento. As mudanças nos fluxos das ruas, na época mais de 100 vias mudavam seus sentidos, alterava a Avenida Ester.

Para ampliar os espaços de estacionamentos de veículos, o Calçadão começava a ser destruído no quarteirão entre as ruas Campinas e Sete de Setembro. Até então, somente os estacionamentos transversais seriam modificados, mantendo parcialmente o Calçadão e os jardins.

Uma reunião organizada por um pequeno grupo de comerciantes, deliberava o fim de todo o Calçadão.

A diminuição nas vagas de estacionamentos, dificuldades nas entregas de mercadorias aos comércios, marcavam como os principais motivos da demolição do Calçadão.

Os comerciantes custeariam toda a demolição, reunindo recursos próprios para financiar as demolições e recapeamentos dos trechos.

Com apoio da Prefeitura e maioria dos vereadores, os comerciantes exigiam a demolição total do Calçadão, voltando ao projeto original da Avenida Ester.

Usando como embasamento uma pesquisa realizada pela Prefeitura, onde 76% da população apoiava a demolição, os vereadores Dário Conservani e João Maximiano entravam com o pedido oficial na Câmara.

ESCRITO NA HISTÓRIA
Em edição especial do Jornal Tribuna Popular, publicada no dia 09/07/1999, os autores do projeto expunham seus motivos para o “Fim do Calçadão”.

“Só fiquei sabendo da indicação no dia da votação. Eu não ia fazer essa indicação, mas quando o assunto é polêmico, colocam o nome dos outros.
Desmanchar o que está feito nunca é bom, tem muito mais coisas para fazermos com urgência na cidade. Mas, se os comerciantes resolveram pagar, não tem como ser contra”
, desabafava João Maximiano ao jornal.

“Já que estão mexendo no Calçadão, tira já. Pra mexer agora e mais pra frente, resolvemos tirar o Calçadão agora, seriam dois gastos’’, disse Dário Conservani.

O vereador declarava ao Jornal, que não ouviu formalmente nenhuma casa comercial. De acordo com Dário, a votação foi tomada com base em uma pesquisa da prefeitura.

O assunto movimentou a cidade, dividindo a população em favoráveis e contrários as medidas. Moradores organizavam manifestações no Calçadão, bancos eram revestidos com panos pretos, representando luto.

A comerciante Doroti Morelli, afirmava que a decisão não era da maioria dos comerciantes e moradores da Avenida Ester. Enfatizando ao Jornal, que não acreditava nos números da pesquisa. Segundo ela, o Calçadão era uma segurança aos comerciantes e referencial da região.

MARCAS DO PASSADO
Em 16 de julho de 1999, um dia antes do projeto completaria sete anos, o Calçadão estava totalmente demolido. Uma fina camada asfáltica cobria os espaços onde estava projetado o Calçadão.

Atendendo aos pedidos de comerciantes, as obras de demolição do Calçadão ceifavam as vidas de dezenas de árvores da Avenida Ester. Todas as árvores do atual lado esquerdo da via, foram cortadas nesta época.

Somente seis árvores restaram no lado direito, entre elas duas frondosas sibipirunas, preservadas graças ao empenho de moradores da Avenida Ester.

Nesta terça-feira, dia 17 de julho de 2018, o Calçadão completaria 26 anos da sua criação. Marcando nesta mesma semana, dia 16/07, 16 anos do triste fim da sua história.

Texto Adriano da Rocha

sábado, 14 de julho de 2018

FELIZ ANIVERSÁRIO CAMPINAS



  Há exatos 244 anos, Campinas era oficializada como Villa. O caminho bandeirante em busca do sonhado “Eldorado”, ressurgia como progressista Villa, a sonhada capital.

Nascia a “Princesinha do Oeste”, a mais importante porteira de acesso ao “Sertão Paulista”. Entre suas várias porteiras, dividindo e cortando seu progressista território, nasciam futuras cidades, em especial Cosmópolis, assim criada como a “Nova Campinas”.

Com orgulho fazemos parte destes 244 anos de história oficial, surgimos juntas no desbravar dos primeiras batelões bandeirantes pelos rios Atibaia, Jaguari e Pirapitingui.

Todo cosmopolense, tem a história de Campinas entrelaçada nas mais infindas memórias de sua vida. Todo Cosmopolense, tem um pouco de ti, nas origens ou lembranças, todos somos campineiros.

Vivas as Bandeiras de Barreto Leme, aos bugres e caboclos, vivas aos imigrantes e migrantes, edificadores do nascimento de Campinas.

A querida Campinas, nossa eterna “Mãe” Paulista, os fraternos abraços e parabéns dos seus filhos cosmopolenses.

CEDRO E JACARANDÁ COSMOPOLENSE
A Catedral Metropolitana de Campinas, dedicada a Nossa Senhora da Conceição, tem grande parte das suas estruturas compostas por madeiras das matas cosmopolenses.

Das matas do Fundão, como Cosmópolis era conhecida no fim do século 17, as madeiras cosmopolenses são parte fundamental das estruturas e entalhes da Catedral, inaugurada oficialmente em 1883.

Nas estruturas Jacarandá Paulista e peroba rosa, nos entalhes dos altares e capelas, muito cedro cosmopolense.

As madeiras eram cortadas e lavradas nas serrarias do Serra Velha, por isso o nome do Bairro.

O corte preciso, das gigantescas torras de madeira, era feito totalmente manualmente, pelos habilidosos imigrantes alemães da família Tetzner, proprietários da Serraria.

Carros de boi, com mais de 16 juntas, abriam picadas nas matas, surgindo os caminhos da atual Rodovia Zeferino Vaz (SP-332).

Nos transportes dos carros de bois, caboclos paulistas nascidos na Fazenda do Funil, Bela Vista e Pinheirinho, os agrimensores das famílias Barbosa, Paes e Pinto (Frade).

Seguindo o caminho dos caboclos, despontavam na profissão de carreiro, os homens da família Lange, imigrantes recém chegados da Alemanha.

Pioneiros cosmopolenses dos carro de bois, responsáveis pelo surgimento de caminhos, ao levarem as bases do progresso arquitetônico de Campinas.

Texto Adriano da Rocha

Confira nos volumes da obra “História de Campinas”, escrita por Jolumá Britto, um dos principais historiadores campineiros, trechos como estes citados. Importantes referências cosmopolenses na construção da metrópoles Campinas...
Foto postal, Ilustração representando a Catedral Metropolitana de Campinas, então Matriz da Conceição, em 1878.